Contrariando a expectativa geral, posto que o governador Gladson Cameli (PP), presente o posicionamento contrário da população e dos aliados, dissera que não faria a contratação do fretamento de uma Aeronave Executiva Birreatora a Jato, ontem a edição do Diário Oficial trouxe a formalização da Ata de Registro de Preços nº 05/2019, com a chancela do Chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade e de Marcos José Pacheco, representante legal da empresa vencedora da licitação, a Manaus Aerotáxi.
Objeto
De acordo com a publicação, a empresa vai fornecer 288 horas de vôo durante um ano no valor de 18 mil reais a hora de cada voo. No total, segundo a licitação, o governo pode gastar no período até de 5,2 milhões de reais com os deslocamentos aéreos, que desde a fundação do Estado do Acre eram feitos em aviões de carreira.
Resistência
Além do posicionamento contrário de aliados da primeira hora como o deputado estadual Roberto Duarte (MDB) e do Senador Sérgio Petecão (PSD), ontem foi a vez da deputada Mara Rocha (PSDB), irmã do vice governador Wherles Rocha (PSDB), recorrer as redes sociais, via facebook, para registrar sua contrariedade com a medida.
O dom de iludir
“Durante semanas, acompanhei pela imprensa o desenrolar da notícia sobre o aluguel de Jatinho para o Governo do Estado do Acre. A partir das declarações do governador Gladson Cameli, de que não teria interesse na contratação da aeronave, entendi que a licitação seria cancelada”, sublinhou Mara Rocha.
Surpresa
E ainda: “Entretanto,ontem (31/07), o Diário Oficial do Estado traz a assinatura do contrato com a empresa Manaus Aerotáxi. Tenho a convicção de que este não é o momento para gastos dessa natureza. Nosso Acre, há poucos meses, estava sob o risco de decretação de calamidade financeira. Temos problemas, herdados das administrações petistas, na saúde, na educação e na segurança pública”.
Contradição
Mais adiante: “Então, não posso concordar com esse contrato, por ser desrespeitoso com a realidade econômica do Estado e com a população do Acre. Estamos falando em gastos que podem chegar a R$ 5,2 milhões de reais por ano, em um momento de extrema dificuldade econômica”.
Legal, mas imoral!
E finaliza: “Ainda que o judiciário tenha compreendido que a contratação está legalmente amparada, tenho que considerar este contrato imoral e espero que o Governador reveja sua posição e desfaça o contrato por estar em completa desarmonia com a realidade que vivemos”
Correspondência
Ontem veio à lume um ofício chancelado pela Chefe de Gabinete do Governador Gladson Cameli, Rosângela Gama, onde a subscritora pede a Diretoria de Administração e Finanças - DAFI - que o Gabinete Civil providenciasse a contratação de ‘Empresa Especializada em Fretamento de Aeronaves Executiva Birretora a Jato”, aduzindo que o aluguel seria para deslocamentos do governador pra fora do Estado e países vizinhos.
Partida difícil
Nesta história do avião, qualquer que seja a decisão do governador, o desgaste é dado como certo. Se anular a licitação e não mantiver o contrato, passará a imagem de um governante que toma iniciativas sem analisar os desdobramentos. Seu possível recuo em relação ao assunto passará imagem de que as oposições ao governo triunfaram. Caso mantenha a decisão de contratar o avião, o governador endossará a imagem construída por opositores de um administrador perdulário, pouco preocupado com a situação financeira do Estado e contrário ao próprio discurso de um governo austero. Ou seja, neste assunto é o tipo do resultado perde e perde.
Imbróglio
Se mantiver a idéia anunciada de não levar a contratação do avião à frente, Gladson Cameli fará com que seus aliados se perguntem: se não era para ser levada à cabo, por qual motivo a licitação foi feita? por que trazer à baila, então, um assunto que só traz desgastes, inclusive para a base aliada? Até a veterana deputada Antônia Sales (MDB), aliada e amiga do governador, resolveu tirar uma casquinha do caso e também se posicionou contra a idéia. O fato é que, sobre o assunto, a base está espatifada.
Números
Aliás, ao entrar na briga, a deputada federal Perpétua almeida (PC do B), questionou o uso do avião com o argumento de que este também seria utilizado para o transporte emergencial de doentes. Em entrevista à TV Gazeta, em Rio Branco, ela mostrou o desperdício econômico da iniciativa ao listar que cada viagem que o governador fizer no jatinho para Brasília (por exemplo), ele deixaria de comprar 200 passagens para doentes que estão na fila do TFD (Tratamento Fora de Domicílio), aguardando para fazer tratamento em Brasília ou Goiânia.
Reação
No final da tarde, o governador Gladson Cameli reagiu às críticas da oposição e de aliados sobre o aluguel de um avião. Ele utilizou suas redes sociais, como Facebook, para combater os seus críticos. Cameli disse que seus críticos, antes de falarem, deveriam ler o edital de contratação do avião a fim de que sejam informados sobre o motivo da contratação. Disse ainda que não precisa utilizar-se de dinheiro público para custear suas viagens.
Estudando recurso
O vereador e advogado Emerson Jarude (Sem-Partido) entrou em contato com a coluna para dizer que está estudando se vai recorrer ou não à segunda instância contra a decisão do juiz Anastácio Lima, da Vara de Fazenda Pública, que deu ganho de causa ao governo para o aluguel do jatinho. Jarude disse que o caso, conforme decidiu o juiz, pode ser legal, “mas é imoral”. “Estamos estudando a possibilidade de recorrer da decisão”, disse.