Ensina a sabedoria popular que se conselho fosse bom, não era dado de graça e sim vendido. De outra sorte, diz também que conselho e caldo de galinha não faz mal a ninguém. Fato é que nas diversas situações da vida, a voz da experiência não pode ficar calada.
Dissidia
Centrada no entendimento acima é que a coluna recorre ao velho Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, para pontuar o recente conflito entre o governador Gladson Cameli e o vice Wherles Rocha, num estremecimento que começou a partir de trocas de mimos entre o governador e a deputada federal Mara Rocha, irmã de Wherles, e também com mudanças no comando do setor de segurança pública do estado.
Indo e voltando
Mas voltando a Ulysses e recorrendo ao seu exemplo de honradez, mas também pela sabedoria política de que era possuidor, ele ensinava que na “política, se você não pode fazer um amigo, não faça um inimigo. Este guarda o ódio na geladeira, e no momento oportuno terá prazer em fazer uso dele. E sempre haverá um momento desses porque, ‘a política dá voltas’”.
Muita calma
Ainda: “Não sejam impacientes. A impaciência é uma das faces da estupidez. Eu entendo que quem está na vida política não pode ganhar uma categoria histórica do dia para a noite. O caminho é longo, paciente, perseverante, difícil. Não pode haver afoiteza, impaciência. A impaciência não acaba só com carreiras futebolísticas”.
Simples assim!
Mais: “Na política, em geral, e especialmente no poder, se você não pode fazer um amigo, não faça um inimigo. O inimigo guarda o ódio na geladeira, para conservar. O inimigo, numa eleição, amanhece na boca da urna dizendo que a mãe do candidato não é honesta. É importante não ter inimigos pessoais”.
Flecha lançada
Outro conselho: “Em política nunca se deve proferir as palavras irreparáveis, irretratáveis.
Em política você nunca deve estar tão próximo que amanhã não possa ser adversário ou inimigo. E nem tão distante que amanhã você fique em dificuldade por ter que estar próximo. Pensando que está fazendo alianças definitivas ou perenes, a pessoa faz desabafos, até pessoais, familiares. Que um dia, conforme o interlocutor, poderão ser usados contra quem falou”.
Sabedoria
Ainda do Senhor Diretas: “É preciso saber a arte de escutar. Escutar dá até enfarte, dá úlcera. É preciso ter muita paciência para escutar pessoas que se acham os reinventores da roda, da quadratura do círculo, mas você tem que escutar. Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.
Atualidade
E fechando com Ulisses: “A grande arma de qualquer bom político é o trabalho. O esforço, a perseverança, o trabalho, constroem uma carreira. Porque só se vê o desempenho de um político na tribuna, na comissão, mas não se vê o background, o esforço que isso demandou. O desempenho é apenas a ponta do iceberg, mas o que afunda o navio são os dois terços que estão submersos, não o que está à vista”. Como se vê, o que ele disse tem validade para todos os que vivem na política. Mas devemos crer que deveria ser escutado sobretudo pelos que fazem do ódio sua principal bandeira de ação”.
Terremoto
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado do cargo nesta sexta-feira (28) em decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em meio a uma investigação sobre irregularidades na área da Saúde. O órgão também mandou prender o presidente do PSC, Pastor Everaldo.
Alvos
A Polícia Federal foi acionada para cumprir as determinações do STJ na Operação Tris in Idem, um desdobramento da Operação Placebo, que investiga corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense. Entre os alvos, estão o governador do RJ, o vice-governador Cláudio Castro (PSC) e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT).
Linha de sucessão
Witzel não será preso. Com o afastamento dele – com validade inicial de 180 dias –, quem assume o governo do estado é o vice Cláudio Castro. Aos 41 anos, ele é advogado, católico, autor de dois álbuns de música católica e o mais jovem vice-governador do RJ desde a redemocratização. Existe a possibilidade, no entanto, de que o vice nem assuma, devido à situação complicada dele. O mesmo para André Ceciliano, o terceiro da fila. Nesse caso, quem poderá assumir é o presidente do TJ-RJ, como informa a analista de política Thais Arbex.
Recordar e viver
Em 12 de maio de 2016, enquanto o Senado pegava fogo com a votação do afastamento da presidente Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro mergulhava nas águas do Rio Jordão, no nordeste de Israel. Lá, foi batizado na igreja Assembleia de Deus pelo Pastor Everaldo, agora preso como um dos comandantes do esquema de corrupção de Wilson Witzel no Rio.
Batismo de fogo
Num vídeo de pouco mais de 40 segundos de duração, espalhado pela assessoria do então parlamentar de extrema-direita, era possível ver Bolsonaro, que se diz católico, vestindo uma túnica branca. Na época, Bolsonaro estava no PSC. A cena chega a ser patética. Ele é chamado pelo pastor Everaldo, presidente do PSC e responsável pela cerimônia e logo tem início o batismo: - E aí, Bolsonaro, você acredita que Jesus é o filho de Deus? - Acredito.
- Você crê que Ele morreu na cruz? - Sim. - Que Ele ressuscitou? - Sim. - Está vivo para todo o sempre? - Sim! - É o salvador da humanidade? - Sim. - Mediante a sua confissão pública, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Depois de mergulhar Bolsonaro nas águas, o pastor faz uma brincadeira. - Peso pesado (risadas) - diz. O deputado, então, se afasta agradecendo os aplausos: - Obrigado, obrigado.