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Jamaxi

Ruptura

A decisão do governador Gladson Cameli (PP) em caminhar com a candidatura à reeleição da prefeita Socorro Neri (PSB) pode desaguar na sua saída da sigla dos progressistas. O PP tem agenda marcada para hoje, 20/07, as 17 horas, oportunidade em que um documento chancelado pelo governador deverá ser entregue constando o pedido de desligamento do partido.    

Caminhos opostos 

Gladson, nos últimos dias, reiteradamente, tem ratificado seu apoio a candidatura de Socorro Neri em contraponto à candidatura lançada por seu partido que banca Tião Bocalom para disputar o paço municipal, tendo como vice a suplente de deputada federal Marfisa Galvao (PSD), esposa do senador Sérgio Petecão.       

Novo desenho 

A movimentação política do governador ganha sentido quando observado o cenário político ora estabelecido no estado. Gladson Cameli (PP), ao tentar criar um grupo que caminhe sob sua liderança inconteste, saí da orbita das lideranças do conglomerado que sustentou sua eleição em 2018 e cria grupo político e caminho próprio para seguir sob a luz de projeto político onde ele figure como ator principal. 

Engrenagem

A jogada de mestre de Gladson é enxergada quando ele  esboça a criação de um novo arco de alianças que lhe possibilitará proceder um rearranjo político em seu governo, livre das amarras das antigas lideranças que distribuem as cartas nos partidos que formaram a coligação que venceu as eleições que o levou ao governo. 

Conglomerado 

A observação remete principalmente ao PSDB do vice governador Major Rocha; ao MDB do deputado  Flaviano Melo e do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul  Vagner Sales; ao PP, sob as ordens do deputado José Bestene e ao PSD de Sérgio Petecão, que criaram capitanias hereditárias dentro da estrutura de governo, vez que na formação da equipe governamental a estrutura administrativa foi fatiada entre as siglas citadas . 

Tutores

A análise procede na medida em que se constata que esses partidos tem nos políticos enumerados seus patronos  e estes possuem aspirações políticas próprias, que nem sempre vão ao encontro dos interesses futuros do governador. 

Pule de dez

No dizer de um interlocutor da coluna, é questão de tempo a quadra  dos partidos citados acima buscar refúgio fora do guarda chuva político de um projeto em que Gladson figure como ator principal, como foi o caso das eleições de 2018. 

Evidências 

Para o interlocutor, as citadas siglas já deram sobejas demonstrações que, atendendo as aspirações de seus ‘donos’, em embates futuros caminharão em contraponto ao projeto de Gladson, como estão a demonstrar as eleições riobranquenses nas candidaturas de Bocolom (PP), Minoro Kimpara (PSDB) e Roberto Duarte (MDB), todas saídas das costelas dos partidos que apoiaram Gladson em 2018. 

Estratégia 

Agora por esses dias, o vice governador Wherles Rocha manobrou e tomou de assalto o PSL no Acre, tornando-o siamês do PSDB nas disputas municipais de Rio Branco,  presente que o partido que abrigou o presidente Jair Bolsonaro na peleja  presidencial de 2018 detém o 2ª maior bancada no Congresso Nacional. A ação de Rocha demonstra por si só que ele e seu grupo tem na mente vôo solo, onde, por óbvio, o governador não é o ator principal.

Caixa alto

Ainda sobre a incorporação do PSL aos domínios do vice governador Major Rocha, vale salientar que o partido detém o 2º maior tempo de televisão para a propaganda eleitoral, além de ocupar a mesma posição quando o assunto é o  Fundo Especial de Financiamento de Campanha, orçado em R$ 2 bilhões e 35 milhões, sendo que este ano a fatia do PSL será de R$ 193 milhões,  atrás tão somente do PT que receberá R$ 200 milhões, valores estes a serem distribuídos nas diversas unidades da federação.

Dois coelhos...

Sobre esse prisma, o observador salienta que Gladson acerta quando tenta criar grupo orbitando ao redor de sua figura política, buscando no espólio da Frente Popular militantes para a sua causa. 

...uma cajadada

Os movimentos que buscam integrar a prefeita Socorro Neri (PSB) ao seu projeto tem como resultado imediato a incorporação da sigla às futuras caminhadas de Gladson, presente, ainda, que o presidente regional dos socialistas  vem a ser o ex-deputado federal César Messias, político com relação consangüínea com governador. 

Mãe Dinah

Libertando-se das amarras do PP, Gladson, olhando o cenário de cima, ficará livre para costurar alianças em todo o estado, obedecendo suas conveniências e convicções políticas e com condições de patrocinar um rearranjo que seja fiel a seus interesses eleitorais futuros. 

poronga 002

Redivivo 

Em um contexto no qual o Brasil se desmoraliza cada vez mais no exterior e sofre ameaças de perdas de investimentos por causa do desmatamento, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) comparou Jair Bolsonaro a Jim Jones, líder de uma seite que levou ao suicídio   e ao assassinato em massa de centenas de seus membros na Guiana, no final dos anos 70.

Constatação 

“Bolsonaro é o Jim Jones da destruição ambiental”, disse a ex-presidenciável ao jornal O Estado de S.Paulo. “Não podemos nos iludir: este governo não vai fazer o dever de casa. Se quisesse fazer, teria de montar um novo plano de preservação e controle do desmatamento, remontar o ICMBio, montar um plano de inteligência com a Polícia Federal e articular uma coordenação política com os governadores”, acrescentou.

Dados 

De acordo com o sistema do Imazon, a Amazônia teve um aumento de 24% nos alertas de desmatamento no primeiro semestre de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019. São 2.544 quilômetros quadrados (km²0 com sinais de desmatamento, o segundo maior valor acumulado em um semestre desde 2010, informou a entidade. Em junho, a Amazônia perdeu 822 km² de floresta, o que representa duas vezes o tamanho da cidade de Belo Horizonte (MG).

Para inglês vê

“Uma coisa é o que é mostrado pelo vice-presidente em powerpoints para investidores, e outra é o que ocorre na Amazônia. Este governo não tem estatura política nem competência técnica para resolver o que está acontecendo na ponta, no território”, continuou a ex-ministra. 

Abrindo a porteira 

Além das estatísticas apontando um aumento do desmatamento no Brasil, um dos principais indicativos da falta de preocupação do governo Jair Bolsonaro com a derrubada ilegal de vegetação aconteceu na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu que membros da gestão aproveitassem a atenção da imprensa voltada ao coronavírus para destruir os biomas, aprovando “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada”.

Achando culpados

Em live pelo Facebook na última quinta-feira (16), Bolsonaro voltou a culpar indígenas pelas queimadas na Amazônia e tentou amenizar o problema do desmatamento. “É mentira isso aí. A floresta nossa é úmida. Não pega fogo”, disse. “Pega fogo ali na periferia. E a maioria é o indígena, é o caboclo”, acrescentou.

Nova força 

A ideia do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de fundir o seu partido ao PSB, criando uma espécie de “MDB da esquerda”, após as eleições municipais de outubro, vem ganhando força entre setores das duas legendas. 

Vantagens 

Segundo reportagem do jornal O Globo, a fusão resultaria em acesso a recursos de cerca de R$ 145 milhões do fundo partidário, montante superior ao recebido pelo PSDB, DEM e PP, e poderia resultar na união da esquerda visando o pleito presidencial de 2022. O governador maranhense vem se posicionando como um possível pré-candidato.

Constatação 

Dino tem dito a interlocutores que o “MDB da esquerda” poderia atrair nomes insatisfeitos com suas legendas atuais, como o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), por exemplo. A dificuldade, porém, está na falta de união do campo progressista, uma vez que partidos como o PT e o PDT não devem desistir de disputar as eleições de 2022 com candidaturas próprias. 

Leitura 

O chefe do executivo maranhense também observa que esta fragmentação poderá resultar na derrota das candidaturas de esquerda em todas as capitais nas eleições de novembro deste ano. Atualmente, PT PSB e PDT comandam cinco capitais, enquanto o PT e o PCdoB não possuem nenhuma. 

Ganha ganha 

Apesar de lamentar a possibilidade de uma derrota deste nível, Dino avalia que, caso isso venha a ocorrer, o resultado imediato poderá resultar em uma maior união do campo progressista e, consequente, fortalecer a criação de um novo partido visando o pleito presidencial de 2022.