O Papa Francisco disse hoje, 26, que pediu à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, que livre o povo brasileiro “do ódio, da intolerância e da violência”, a quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais no país.
Súplica
“Rezo a Nossa Senhora da Conceição Aparecida para que proteja o querido povo brasileiro e o liberte do ódio e da violência”, disse o Papa na audiência semanal das quartas-feiras, ao saudar os peregrinos de língua portuguesa.
Cenário
As palavras do Papa, citadas pela agência espanhola de notícias Efe, surgem no final da campanha eleitoral no Brasil, entre o atual Presidente, Jair Bolsonaro, e o antigo chefe de Estado Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições mais polarizadas desde que o país recuperou a democracia, em 1985.
Dia D
As eleições caracterizaram-se por um clima de crispação entre Lula da Silva, o favorito à vitória de acordo com as sondagens, e Bolsonaro, que procura a reeleição. Na primeira volta das eleições presidenciais, realizada em 02 de outubro, Lula foi o candidato mais votado, com 48,4% dos votos, e Bolsonaro ficou em segundo lugar com 43,2%. O segundo turno das eleições realiza-se no domingo, dia 30 de outubro.
Corrente elétrica
O curto-circuito no comando da campanha de Jair Bolsonaro só piora a dias do segundo turno das eleições. Com números internos que confirmam a dianteira de Lula, a cúpula do comitê bolsonarista registra profundas divergências internas quanto às estratégias adotadas nesta reta final da disputa presidencial.
Pauta negativa
Os últimos lances da crise envolvem a reação ao episódio dos tiros e granadas disparadas pelo aliado Roberto Jefferson contra policiais federais no domingo e a “denúncia” de que rádios estariam deixando de veicular a propaganda eleitoral de Bolsonaro.
Amadorismo
A entrevista convocada às pressas na noite de segunda-feira pelo ministro Fábio Faria, das Comunicações, para anunciar na frente do Palácio da Alvorada uma suposta fraude de emissoras de rádio nordestinas para favorecer Lula, segue sob duras críticas de parte do comando político da campanha.
Ação extemporânea
Chefes de partidos do Centrão que costumam ser consultados nas principais decisões do comitê de Bolsonaro dizem que foram pegos de surpresa com a iniciativa de Fábio Faria, que fez o pronunciamento ao lado de Fábio Wajngarten, ex-secretário do Planalto e conselheiro de Bolsonaro.
Pastel de vento
Depois de o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, dar um prazo de 24 horas para que a campanha de Bolsonaro apresente evidências da suposta fraude, integrantes da ala política do QG se referiam textualmente ao episódio como “factóide”, sem fazer nenhuma questão de esconder o descontentamento.
Sem nexo
Até Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, o partido de Bolsonaro, foi pego de surpresa com a “entrevista” de Faria e Wajngarten na frente do palácio. Uma fonte com acesso ao núcleo da campanha admite que a estratégia foi deflagrada pela dupla para tentar desviar o foco da crise aberta pela atitude tresloucada de Roberto Jefferson de atacar os policiais que foram prendê-lo, no domingo passado, no interior do Rio. A própria reação de Bolsonaro ao episódio também tem sido alvo de pesadas críticas internas.
Pano de fundo
Entre os aliados do Centrão, predomina a leitura de que a campanha não conseguiu descolar a ação de Jefferson da imagem do presidente-candidato. Na definição da ala que não gostou da estratégia, foi uma reação atrapalhada. O curto-circuito tem um pano de fundo que, em público, os bolsonaristas não admitem: o pessimismo com os números.
Desfecho
Os trackings da campanha confirmam as pesquisas que mostram que Lula está em vantagem e que, nessa toada, a tendência é que Bolsonaro perca as eleições. A atmosfera de otimismo observada no comitê até dias atrás se dissipou de domingo para cá.
Reta de chegada
O candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 48% das intenções de voto, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 26. O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem 42%.
Cenário estático
Votos em brancos, nulos ou eleitores que não votarão somam 5% e os indecisos, 5%. Lula oscilou um ponto porcentual para cima e Bolsonaro manteve o mesmo número da pesquisa anterior, divulgada no dia 19.
Metodologia
Nos votos válidos, Lula soma 53%, enquanto o candidato à reeleição tem 47%. Para calcular os votos válidos, são excluídos os em branco, os nulos e os de eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.
Abrangência
Quando esses dados são ponderados em relação ao grupo de eleitores com maior probabilidade de comparecer no dia da votação (“likely voter model”), Lula aparece com 52,1% dos votos válidos contra 47,9% de Bolsonaro. A Quaest informou que incorporou este modelo à pesquisa para compreender melhor os possíveis efeitos da abstenção sobre os resultados.
Solidez
O levantamento diz ainda que 92% dos eleitores entrevistados declararam que o voto é definitivo e 7%, que podem mudar caso “algo aconteça”. Não sabe ou não respondeu, 1%.
Rejeição
Bolsonaro está à frente na rejeição, com 49%, enquanto Lula aparece com 43%. Em relação ao levantamento anterior, o porcentual de pessoas que não votariam de jeito nenhum no atual presidente cresceu três pontos porcentuais, acima da margem de erro de dois pontos porcentuais da pesquisa. Já a rejeição do petista se manteve a mesma.
Mudança
Essa é a primeira alta na rejeição de Bolsonaro registrada pela Quaest desde o levantamento divulgado em 28 de setembro, quando 55% dos entrevistados disseram que não votariam no candidato de jeito nenhum. Desde então, o índice apresentou queda constante.
Região
O candidato do PT a presidente lidera em intenções de votos no Nordeste, com 69%, ante 23% do atual presidente. Bolsonaro aparece mais bem colocado no Sul, por um placar de 61% a 29% contra o petista. O candidato à reeleição está empatado dentro da margem de erro com Lula no Sudeste, por 46% a 43%. No Centro-Oeste, Bolsonaro aparece com 51% - ante 39% do ex-presidente. No Norte, o presidente tem 47% ante 43% do adversário petista.
Sexo
Entre os eleitores do sexo feminino, o candidato do PT tem 50%, enquanto o candidato do PL à reeleição aparece com 40%. Entre os eleitores do sexo masculino, Lula e Bolsonaro estão em empate técnico, com 46% e 45%, respectivamente.
Religião
O candidato petista ainda lidera entre os católicos, com 54%, enquanto o candidato do PL figura com 37% nesse segmento religioso. Entre os evangélicos, Bolsonaro aparece à frente, com 61%, enquanto Lula tem 31%. O presidente cresceu cinco pontos porcentuais nesse segmento. O ex-presidente manteve o resultado da pesquisa anterior.
Ficha técnica
A coleta da sondagem foi feita entre os dias 23 e 25 de outubro. Foram realizadas 2 mil entrevistas e a margem de erro estimada é de 2 pontos porcentuais. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00470/2022.