A imprensa fez divulgar ontem que o prefeito de Plácido de Castro, Camilo Lima (PSD), homologou no último dia 31 de janeiro uma licitação onde o município fronteiriço contratava 460 trabalhadores para serviços terceirizados, divididos entre os cargos de serviços gerais, artífices, operador de máquinas, monitor escolar, roçador e técnico administrativo nível superior, serviços esses orçados em R$ 19 milhões de reais.
Deu na vista
A portentosa demanda chamou atenção da concorrência, dado a diminuta estrutura do poder municipal para acolher tantos prestadores de serviço. O Sindicato das Empresas Terceirizadas do Estado do Acre verbalizou os questionamentos, vez que o certame licitatório foi feito sem a devida publicidade exigida pelos órgãos de fiscalização e controle. No popular, a contratação foi feita ‘na moita’.
Bicho na capação
Diante da grita e da repercussão junto aos órgãos de fiscalização, o prefeito Camilo Lima apressou-se em comunicar que iria cancelar o processo, posto que, agora, depois que assinou e fez divulgar a licitação, observou que sua equipe cometeu vários erros ao promover o certame. O promotor de justiça do município, Dr. Luciano Nery, já havia anunciado que, por inobservâncias do processo legal, iria patrocinar investigação do escabroso processo.
Quase
No entendimento do Ministério Público, faltou equilíbrio legal para a consecução do contrato. A empresa que seria beneficiada com a estranha licitação vem a ser a Equilibrium Consultoria e Serviços Ltda, que tem como sócios os senhores Gilmar de Oliveira Torres e Manoel Osmar Ferreira de França. Como diz aquele personagem do humorístico A Praça é Nossa: ‘Vai que cola!?’. Pois é, né prefeito?
Procriação
São 33 até agora, mas hoje, terça feira, 8/2, logo mais, quando se reunir o Tribunal Superior Eleitoral, serão 34 os partidos políticos aptos a disputarem as eleições de outubro próximo. Virá à luz o União Brasil, que terá seu registro finalmente confirmado pela Justiça.
Negócio
Não há 33 linhas distintas de pensamento político no país, nem 20, nem 10, mas a criação de partidos virou um negócio que rende muito dinheiro aos seus donos. Em vários casos, ao seu único dono, que pode ser uma pessoa ou uma família.
Capitanias
O União Brasil resultará da fusão entre o PSL e o DEM. O PSL tem um dono: o deputado federal Luciano Bivar (PE). É o partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente em 2018, e o abandonou. ACM Neto (BA) é o presidente do DEM, mas não seu dono.
Estatura
Com 55 deputados federais, o PSL, e 26, o DEM, o União Brasil formará a maior bancada na Câmara, ultrapassando o PT, que tem 53 deputados. Mas isso talvez seja por pouco tempo. De 20 a 30 deputados bolsonaristas do PSL irão para o PL.
Butim
É no PL do ex-mensaleiro do PT Valdemar Costa Neto que hoje se abriga Bolsonaro para tentar se reeleger. Nem por isso o União Brasil perderá a condição de o mais rico dos partidos. Só do fundo eleitoral contará com quase R$ 800 milhões.
Atrativos
Dado o seu tamanho, o tempo de propaganda eleitoral do União Brasil no rádio e na televisão será também o maior. Some dinheiro e tempo de propaganda e avalie o quanto o novo partido será atraente para os políticos em geral, e os candidatos em particular.
Olhar futuro
Sergio Moro quer trocar o Podemos pelo União Brasil. Se não o fizer, Bivar quer ser candidato a presidente pelo União Brasil na esperança de virar vice de Moro. ACM deseja apenas ser candidato ao governo da Bahia, sem ligar-se a Bolsonaro ou a Lula. E assim caminha a humanidade – ou melhor, uma fatia dela que diz só pensar no bem do seu país.
Psicologia
Em 2018, especialistas em pesquisas eleitorais ressaltavam, ao divulgar os números daquela eleição, que haveria o risco de um voto envergonhado em Jair Bolsonaro não estar aparecendo nas sondagens.
Camuflagem
Quando abordado por um entrevistador, o eleitor simplesmente mentia, por vergonha de admitir que votaria no deputado amalucado, saudoso da ditadura, homofóbico e racista. Mas e em 2022, qual será o tamanho do voto envergonhado?
Fatores
Segundo dois institutos de pesquisa será muito pequeno, quase inexistente. Por duas razões.
Primeiro, explicou um deles, porque o voto envergonhado não costuma ocorrer contra candidatos incumbentes, ou seja, que já estão no poder e tentam a reeleição. Quem os apoia como governantes já o fazem há tempo suficiente para não sentir vergonha por isso.
Evidências
Segundo, porque, caso fosse ocorrer, as perguntas sobre em quem o entrevistado votou em 2018 já teriam apontado que há vergonha por parte de quem responde, o que, segundo um dos institutos ouvidos, não vem ocorrendo. Ou seja: assim, aumenta a chance de os números que aparecem nas pesquisas transmitirem a realidade.
Convescote
Os presidentes do PT Gleise Hofmann e do PSB, Carlos Siqueira, na foto com Lula, terão nova reunião nesta semana, em Brasília, para tentar dirimir divergências e avançar nas negociações em torno de uma federação partidária.
Convivas
A reunião contará ainda com as presenças de lideranças do PV e do PCdoB, que também negociam a formação de uma federação partidária de esquerda mais ampla. O encontro está marcado para a próxima quinta-feira (10/2) e será o primeiro após a troca de farpas entre dirigentes petistas e pessebistas no último fim de semana.
Divergências
Em entrevista à Folha de S. Paulo no sábado (5/2), o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que a federação entre as siglas não seria aprovada nos atuais termos do debate.
Caciques do PT rebateram e disseram ter recebido com indignação as reclamações de Siqueira, o qual estaria entrando “num terreno perigoso”, na avaliação dos petistas.
Consequências
Lideranças do PT argumentam que a legenda não tem problema em fazer uma federação menor, sem o PSB. E especulam que pode haver uma debandada pessebista, caso a sigla não esteja ao lado de Lula. Uma ala da legenda, capitaneada pelo atual prefeito do Recife, João Campos, vem surgindo como alternativa ao atual presidente do partido.
Desprendimento
Petistas dizem que a sigla não tem a mesma postura do presidente do PSB. Lembram que os petistas já toparam abrir mão da candidatura do senador Humberto Costa (PT-PE) ao governo de Pernambuco. Também ressaltam que o PT apoiará a reeleição de Renato Casagrande ao governo do Espírito Santo, mesmo sem ter garantido o palanque para Lula no estado.