Ontem, 21, em Rio Branco, no espaço que circunda o Lago do Amor, populares acreanos foram às ruas para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o projeto que prevê anistia aos condenados pelo envolvimento nos atos golpista de 8 de janeiro de 2023.
Representação
O evento na capital acreana contou com a participação de artistas da terra e a presença da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (ADufac), seção sindical do Andes-Sindicato Nacional, além de movimentos estudantis, sociais e sindicais.
Carapuça
A representante da CUT no Acre, Suzy Cristiny, destacou que a mobilização é nacional e criticou os parlamentares acreanos que apoiaram a proposta da chamada ‘PEC da Bandidagem’, no caso os deputados Antônia Lúcia (Republicanos): Coronel Ulysses (União Brasil): Eduardo Velloso (União Brasil): Meire Serafim (União Brasil): Roberto Duarte (Republicanos): Zé Adriano (PP) Zezinho Barbary (PP). Apenas a deputada Socorro Neri (PP) se contrapôs ao Proposta de Emenda à Constituição.
Rejeição
Diz Suzy Cristiny: “É um dia importante porque todas as capitais estão mobilizadas contra a PEC da Blindagem, que já chamamos de PEC da Bandidagem. Lamentamos que sete deputados federais do Acre tenham votado a favor dessa PEC. Queremos pressionar o Senado a rejeitá-la e reforçar que não pode haver anistia para quem já foi condenado pelo STF”.
Alvíssaras
Em suas redes sociais, a deputada Socorro Neri (PP), única parlamentar acreana a votar contra a PEC da Blindagem, fez questão de registrar indignação e também a esperança despertada pelo movimento popular: “Que o escárnio da PEC da Blindagem tenha servido para despertar esse gigante adormecido. Chega de corrupção, de abuso de poder, de privilégios, de pautas legislativas totalmente desconectadas das necessidades do povo brasileiro”.
Remember
A reflexão da parlamentar também remeteu a uma frase histórica do deputado emedebista Ulysses Guimarães, o Sr. Diretas, um dos símbolos da redemocratização do Brasil: “A única coisa que mete medo em político é povo na rua”.
Leitura
Com essa posição firme, Socorro Neri mostra que segue resoluta com os princípios da ética e da moral e atenta às demandas sociais e se mantém alinhada com o clamor popular por justiça, transparência e responsabilidade política. Sua postura contrasta com a tentativa de setores do Congresso de aprovar medidas que desvirtuam o papel do Parlamento e enfraquecem a democracia brasileira.
Pressão das ruas
A exemplo do que aconteceu em Rio Branco, atos contrários à PEC da Blindagem e ao projeto que anistia envolvidos na tentativa de golpe de Estado no Brasil, também levaram manifestantes às ruas em várias capitais do país na data de ontem, domingo, 21. Em São Paulo, o protesto reuniu 42,3 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo cálculo do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common.
Comparativo
O número de populares da manifestação paulista é semelhante ao da manifestação pró-anistia de 7 de setembro de 2025, convocada pelo pastor Silas Malafaia, que reuniu 42,2 mil manifestantes.
Convocação
Os atos deste domingo foram convocados pelas redes sociais por movimentos de esquerda, organizações civis e artistas. No Rio de Janeiro, a manifestação reuniu 41,8 mil pessoas em Copacabana, com apresentações musicais de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Paulinho da Viola e outros.
Contraponto
Uma das imagens mais marcantes do ato na Avenida Paulista foi a abertura de uma imensa bandeira do Brasil pela multidão, em contraponto à bandeira dos Estados Unidos estendida pelos bolsonaristas no mesmo local há duas semana.
Agenda
Em meio aos protestos, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), afirmou à GloboNews que pretende pautar a votação da PEC na próxima reunião do colegiado, prevista para quarta-feira.
Exéquias
“[Vou pautar] para sepultar de vez esse assunto no Senado”, disse. O relator da proposta, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já disse que seu parecer será pela rejeição da PEC que busca proteger parlamentares contra a abertura de processos penais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Placar
Reforçando a previsão de Alencar, um levantamento do jornal O Globo indica que a PEC não deve passar nem mesmo da CCJ. Dos 27 integrantes do colegiado, 17 responderam que votarão contra, ante três a favor. Outros sete não quiseram antecipar a posição. Ainda que a proposta chegasse ao plenário, o levantamento aponta que seria derrubada, já que 46 dos 81 senadores se declaram contrários à medida. Seis afirmam ser favoráveis, outros seis disseram ainda não saber como votarão e os demais não responderam.
Tendências
Nas redes sociais e aplicativos de mensagens, as manifestações da esquerda ultrapassaram o engajamento dos atos de 7 de setembro convocados pelo bolsonarismo. Segundo monitoramento em tempo real realizado pela Palver, a cada 100 mil mensagens trocadas, cerca de 865 faziam referência ao protesto do dia 21, contra 724 durante as mobilizações da direita duas semanas antes.
Impacto
O levantamento mostrou ainda que figuras do governo não tiveram protagonismo entre as mensagens trocadas. A propósito da manifestação, a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo apurou que “A ordem é minimizar, mas, em reservado, aliados de Jair Bolsonaro — de dentro e de fora do Congresso — afirmam que se assustaram com o tamanho das manifestações deste domingo”.
Carimbo
Ainda sobre análise das manifestações a jornalista Andréia Sadi, do Globonews, revela que “A ideia de atrelar a tramitação da anistia à blindagem foi, nas palavras de um aliado de Bolsonaro, um tiro no pé, pois deixou de herança o desgaste de tentar aprovar duas medidas amplamente impopulares, além do carimbo de que a direita patrocinou o movimento de blindagem a parlamentares”.
Agenda
O foco do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta semana está nos Estados Unidos. O petista chegou ao país no dia de ontem, domingo, 21, para discursar na abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Ameaças
Lula estará de olho no debate geral da ONU e na Casa Branca. Na semana passada, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse que os EUA provavelmente anunciariam nesta semana a decisão sobre novas medidas econômicas contra o Brasil por causa da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Expectativa
A presença de Lula e Trump e de Rubio e do chanceler brasileiro Mauro Vieira em Nova York pode ser uma tentativa de amenizar o clima e evitar que o Brasil ou integrantes do governo e do STF sejam alvos de novas sanções.
Destaque
O Brasil já está entre os principais afetados pelo tarifaço de Trump, com tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. Apesar disso, nem a Casa Branca nem o Planalto anunciaram reuniões bilaterais às margens da Assembleia da ONU. Trump disse a jornalistas na 6ª feira, 19, que terá “diversos” encontros com líderes de outros países em Nova York, mas não mencionou nomes.