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Jamaxi

Que fase!

O prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro (PP), está numa fase daquelas. Depois de passar por duas batidas da Polícia Federal em seu gabinete e em sua casa - isso num período de seis meses -, o prefeito da segunda maior cidade do Acre viu os agentes federais apreendendo veículos que seriam de sua propriedade, alguns de luxo, incluindo o carro usado por sua esposa e primeira dama do município, Keiliane Cordeiro. 

De cujus

Esta ação da PF ocorrida no início do mês transforma Ilderlei Cordeiro, que era candidato à reeleição, numa espécie de cadáver insepulto da política no Juruá, vez que é voz corrente no município que ele virou caso de polícia, não de política, não tendo, por conseqüência, chances políticas de vitória numa nova tentativa de permanecer no cargo, isso sem contar com os processos que se avolumam na justiça contra sua administração.. 

Comboio 

Na ação policial do início do mês foram apreendidos sete veículos. Todos foram levados para o pátio do Deracre (Departamento de Estradas e Rodagens), na Estrada do Aeroporto.  A apreensão dos veículos foi desdobramento da operação Off-Label, uma ação da Polícia Federal que investiga a prefeitura de Cruzeiro do Sul e de mais sete municípios do Acre, além de três do Estado do Amazonas. 

Rosário de crimes

As primeiras investigações apontam para a existência de fraudes na compra de insumos da área de saúde, vez que foram inobservados os procedimentos administrativos exigidos por lei, o direcionamento de procedimentos licitatórios, além do superfaturamento dos produtos e também entrega ‘fictícias’ das mercadorias. 

Ação da justiça 

Nos primeiros dias de junho, foram cumpridos 85 mandados de busca e apreensão em Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo, Xapuri, Epitaciolândia, Bujari, Rio Branco, Jordão, Boca do Acre (AM), Pauiní (AM), Guajará (AM).

Rapinagem 

A estimativa é que as fraudes tenham causado prejuízo aos cofres públicos em cerca de R$ 35 milhões. A principal empresa investigada na operação teria recebido o montante de R$ 70 milhões entre os anos de 2016 a 2019 e, segundo as investigações, 50% desse valor foi desviado. No caso específico de Cruzeiro do Sul, o prefeito nem seus assessores não foram encontrados para falar sobre o assunto.

poronga 2

Longe das urnas

O Brasil não tem condições sanitárias para realizar a próxima eleição para prefeitos e vereadores. A avaliação é do presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi (foto). Na avaliação de Glademir, o país atravessa a primeira onda de infecção pelo novo coronavírus e, segundo estudos que respaldam o “Panorama sobre as eleições em tempos de Covid-19”, há o risco real de uma segunda e, até mesmo, uma terceira onda de infecção em todo o país.

Passos iniciais 

“Não chegamos ainda nem ao pico da primeira fase da pandemia do novo coronavírus. Isso obriga a Justiça Eleitoral e os parlamentares a se debruçarem de forma imediata sobre o assunto”, diz o dirigente da CNM, que emitiu na última sexta feira uma Carta Aberta ao Congresso Nacional, como forma de alertar os deputados e senadores sobre o assunto.

O pai da matéria 

Glademir Aroldi diz na carta que o Brasil não tem condição de suportar o fluxo de mais de 146 milhões de eleitores, que estão aptos a votar na próxima eleição, circulando ao mesmo tempo pelas ruas do país. “Quem será o responsável pela segurança de um processo eleitoral no segundo semestre de 2020?” 

Perguntas pertinentes 

E continua: “Quem assumirá a responsabilidade para fornecer equipamento de proteção individual (EPIs) para as cinco milhões de pessoas envolvidas em todo o processo eleitoral? Quem assumirá a responsabilização pela saúde e pelas vidas durante e pós processo eleitoral? A eleição não pode ser a propulsora de uma possível segunda onda de infecção pelo coronavírus no Brasil”, enfatizou o dirigente da Confederação Nacional dos Municípios.

Representatividade 

Respaldado por entidades estaduais e microrregionais dos municípios, o dirigente da CNM diz que os prefeitos e as prefeitas de todo o Brasil tem enfrentado inúmeras dificuldades em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Eles apresentam razões de ordem sanitária, econômica e jurídica para inviabilizar as eleições deste ano, previstas para outubro.

Precedentes 

O presidente da Confederação Nacional de Municípios diz ainda que o quadro sanitário no mundo e, sobretudo na América Latina, é instável e imprevisível. “É importante destacarmos que a saúde e a vida das pessoas estão sendo priorizadas em face a processos eleitorais, e, em razão disso, nove países já adiaram ou suspenderam suas eleições de forma pacífica e consensuada no nosso continente”. O dirigente diz que a Bolívia e o Chile adiaram os processos eleitorais. “Já na Colômbia, no Uruguai, no Paraguai, no México, na Argentina e no Peru foram suspensas as eleições municipais, ainda sem previsão”.

Riscos reais 

Para ele, “o risco para a democracia do Brasil, portanto, é gravíssimo, já que a participação popular será tolhida pelo medo da infecção, pelo desconhecimento das plataformas políticas e até mesmo dos candidatos. Assim, é impossível assegurar o direito ao voto e à igualdade de oportunidades entre os concorrentes em uma eleição neste ano de pandemia”, completou o dirigente da CNM.

Variáveis 

Além disso, Glademir Aroldi diz que as campanhas eleitorais, nos mais de 5.000 municípios com até cem mil habitantes, “não se realizam através do horário eleitoral gratuito, com o uso de empresas de marketing, que promovem a figura dos candidatos“. E completa: “no máximo, aproveitam-se as emissoras de rádio, os comitês partidários, os encontros familiares, as reuniões comunitárias, os comícios, as reuniões nas praças, nas esquinas e na rua, que agora não podem acontecer”.

Sem paliativos 

Para o dirigente, “o próprio exercício do direito ao voto, por si só, já é enorme, pois, mesmo que mantido o distanciamento social, com o uso obrigatório da máscara e distribuição de álcool, o local de votação e a urna eletrônica são meios de disseminação do vírus“. “E não adiante adiar por um mês ou dois. Vivemos uma situação atípica”, finaliza.

Números 

Até a tarde de hoje (15/06), o Acre tem 22.722 notificações de infecção por coronavírus, sendo 12.702 descartadas. 5.224 pessoas já receberam alta da doença por não apresentarem mais o vírus no organismo e 249 amostras seguem aguardando análise laboratorial. Há 167 pacientes hospitalizados no estado.

Óbitos 

A Sesacre também registrou nesta segunda-feira mais 6 óbitos por Covid-19: 5 do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades entre 58 e 93 anos. Eles eram residentes dos municípios de Rio Branco, Feijó e Cruzeiro do Sul. Assim, no computo geral, o número de mortes pela doença aumentou de 259 para 265.