Ontem, terça-feira (25), a Polícia Federal desencadeou duas operações cognominadas de Jumper e Súplica. A primeira cumpriu mandados judiciais em Cruzeiro do Sul/AC, Rio Branco/AC, Manaus/AM, Brasília/DF, Pindamonhangaba/SP, São José dos Campos/SP, Salvador/BA e Serrinha/BA; e a segunda mandados nas cidades de Cruzeiro do Sul/AC e Natal/RN. As ações estão conectadas com a Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul.
Pano de fundo
Ambas as ações visam desarticular supostas organizações criminosas que, de forma estruturada, praticavam os crimes de peculato, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, dentre outros; além de coletar novos elementos de provas que possam corroborar, ratificar ou alterar as hipóteses criminais traçadas no bojo das investigações.
Objetos
A operação Jumper apura supostos desvios de recursos públicos no âmbito de 02 (dois) termos de colaboração firmados pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul com a Fundação Cultural e de Comunicação Valença – FCCV, envolvendo o repasse de aproximadamente R$ 25 milhões, termos esses assinados em administrações que precedem a atual administração, a cargo do progressista Zequinha Lima (PP).
Modus operandi
De acordo com a investigação, os desvios na operação Jumper eram dissimulados por meio de notas fiscais fraudulentas emitidas por empresas indicadas por agentes políticos e integrantes do esquema criminoso, as quais figuravam como prestadoras de serviços, sem que houvesse uma contraprestação legítima. Nos últimos anos, em outros Estados da Federação, a FCCV recebeu cerca de R$ 90 milhões.
Interregno
Por sua vez, a operação Súplica investiga se houve desvio nos quase R$ 4,5 milhões repassados pela União ao município de Cruzeiro do Sul/AC, em face dos danos causados à população cruzeirense pelas enchentes do Rio Juruá nos anos de 2017 e 2021, portanto nesse último ano, casos registrados sob a administração de Zequinha Lima.
Conjunto
A investigação revelou que ao todo houveram mais de 15 (quinze) contratações diretas com fornecedores escolhidos pelos gestores municipais, havendo fortes indícios de que cotações de preços que fundamentaram a escolha das empresas fornecedoras foram dolosamente fraudadas.
Me inclua fora dessa!
Sobre as operações, o atual prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima (PP), que assumiu dia 01 de janeiro último, emitiu nota deixando claro que – pelo que foi divulgado – trata-se de uma ampla investigação focada principalmente sobre supostas ilegalidades feitas na gestão passada - que tinha no comando Ilderlei Cordeiro (PP) e após o afastamento deste pela justiça eleitoral, o presidente da Câmara do município Clodoaldo Rodrigues (PP).
Nada a ocultar ou a temer
Diz ainda Lima: “o que sabemos até agora é que existe, também, uma investigação sobre contratos feitos para aquisição de serviços durante a cheia desse ano. E sobre esse assunto, quero deixar claro que considero fundamental que exista tal investigação, já que estamos buscando trabalhar com honestidade e transparência. Os maiores interessados que se investigue somos nós mesmos. Faremos tudo que estiver ao nosso alcance para ajudar a justiça a elucidar essa questão”.
Apuração rigorosa
E vai além: “Diante dos fatos divulgados, tomaremos as medidas necessárias de forma imediata, não descansaremos até que tudo esteja plenamente esclarecido. Nós acreditamos na política séria e feita com o intuito de cuidar da cidade e das pessoas. Na enchente desse ano fizemos um trabalho que muito me orgulha”.
Princípios
Por fim: “Enfrentamos todos os desafios e tratamos das mais diversas situações vividas por milhares de pessoas que, naquele momento, precisavam de uma mão estendida. Agora, a busca pela transparência e pelo uso correto do dinheiro público é algo que não abrimos mão. Espero que se investigue e que logo tenhamos uma conclusão rápida de todos os fatos. Ninguém é culpado de véspera e ninguém está acima da justiça”.
Convocação
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid irá discutir, nesta quarta-feira (26/5), a convocação de, pelo menos, nove governadores e 12 prefeitos. Segundo o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), os convocados representam estados e municípios investigados por supostos desvios de recursos federais destinados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19.
A lista
Aziz afirma que, além das convocações, serão apreciados mais de 400 requerimentos feitos pelos senadores. A lista de possíveis convocados inclui governadores, ex-governadores e prefeitos e ex-prefeitos. Os nomes, contudo, podem sofrer alterações. Governadores: Wilson Lima (Amazonas); Waldez Goes (Amapá); Ibaneis Rocha (Distrito Federal); Helder Barbalho (Pará); Claudio Castro (Rio de Janeiro); Marcos Rocha (Rondônia); Antonio Denarium (Roraima); Eduardo Leite (Rio Grande do Sul); Carlos Moisés (Santa Catarina).
Bocalom na CPI
Prefeitos: Ricardo Nunes (São Paulo); Edvaldo Nogueira (Aracaju-SE); Edvaldo Holanda Júnior (São Luís-MA); Tião Bocalom (Rio Branco-AC); Roberto Claudio (Fortaleza-CE); Geraldo Júlio (ex-prefeito de Recife-PE); Clécio Luís (Macapá-AP); Toninho Colucci (Ilha Bela-RJ); João Rodrigues (Chapecó-SC); David Almeida (Manaus-AM); Walter José Lessa (São Lourenço-MG).
Dá-lhe Mito!
Sabe a viagem de carnaval feita pelo presidente Jair Bolsonaro a São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina? Os quatro dias de “descanso” - de 8 a 17 de fevereiro - custaram aos cofres públicos R$ 1.790.003,92, somando hospedagem, alimentação e passagens aéreas da equipe.
Fonte confiável
As informações foram obtidas após requerimento assinado pelos deputados federais Elias Vaz, do PSB de Goias, e Rubens Bueno, do Cidadania do Paraná. A viagem aconteceu enquanto governadores pelo país clamavam pelo isolamento da população diante da alta de casos e mortes pela Covid-19.
Cotação em dólar
O ofício n° 84/2021/SE/GSI/GSI/PR, assinado pelo ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, estimou o custo de US$ 189 mil, ou seja, R$1.013.418 com transporte aéreo do presidente e da comitiva dele (a conversão foi feita pela cotação do dólar no período da viagem). Já com as passagens aéreas e diárias do GSI, o gasto total informado foi de R$74.520,26.
Pacote complementar
Já o ofício n° 412/2021/SG/PR/SG/PR, da Secretaria Especial de Administração da Secretaria-Geral da Presidência da República, informa que a despesa com cartão corporativo das férias de Bolsonaro foi de R$702.065,66, incluindo diárias, transporte e até despesas com telefone. “É uma vergonha! No Carnaval, o Brasil passava de 242 mil mortos por Covid e, enquanto isso, Bolsonaro torrava dinheiro público com lazer”, destacou o deputado Elias Vaz.
Repeteco
Não custa lembrar que as férias de Bolsonaro em São Francisco do Sul (SC) e no Guarujá (SP), entre 18 de dezembro de 2020 e 5 de janeiro deste ano, custaram aos cofres públicos R$ 2.452.586,11.