Ontem, domingo, 07, o senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso numa cela da Polícia Federal em Brasília, concedeu entrevista deixando transparecer que pode desistir da candidatura à presidência em 2026, dependendo de negociações políticas. Alheio ao balão de ensaio lançado pela família Bolsonaro, o deputado estadual Arlenilson Cunha (PL) declarou no sábado, 6, que apoia a decisão do ex-presidente da República e ira somar forças com a candidatura do infante.
Coro
Por meio de nota, o parlamentar afirmou que seu posicionamento é alinhado ao projeto defendido pelo Partido Liberal e que apoia a indicação de Flávio nas disputas do ano que vem. “Manifesto meu apoio à pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência da República, exercendo minha condição legítima de cidadão e filiado ao Partido Liberal (PL), ao qual estou comprometido”, diz a nota.
Fundamento
O texto destaca também que o apoio se baseia em pilares considerados fundamentais para o posicionamento que tomou. “Este apoio fundamenta-se no respeito à democracia, na fidelidade partidária como compromisso ético e político, e na valorização da designação feita pelo presidente Jair Bolsonaro, líder incontestável da direita brasileira, que o aponta como seu sucessor natural”, enfatiza.
Princípios
De acordo com o deputado, o momento político exige firmeza e coerência. “O momento exige clareza e postura consistente, consolidando a lealdade e a responsabilidade política”, finaliza a nota.

Nuvem passageira
Durou até menos do que costumam durar os balões de ensaio políticos. Anunciado oficialmente por si mesmo na sexta-feira, 06, como o escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro, para ser candidato ao Planalto, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez sua primeira aparição pública em pré-campanha no domingo, 07, em Brasília.
Precificação
Em entrevista depois de um culto evangélico, admitiu que pode não levar a empreitada a cabo. “Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço, só que eu só vou falar para vocês amanhã”.
Taxa de desistência
Deixando em aberto a desistência da candidatura, em seguida, Flávio Bolsonaro indicou o que pode ser o pedágio. “Espero que a gente paute essa semana a anistia. Espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram o que prometeram, que pautariam a anistia, e deixem o pau cantar no voto no plenário – que é o que a gente sempre quis”, confessou, referindo-se ao projeto de anistia aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela trama golpista, o que beneficiaria diretamente seu pai, que está preso. Na sexta, o anúncio da candidatura de Flávio abalou o mercado financeiro.
Lucro
Flávio já insinuou quem deve ser o beneficiário de sua possível desistência. “Tarcísio [de Freitas] é o principal cara do nosso time hoje”, declarou o senador, contando que telefonou para o governador de São Paulo ainda na sexta-feira. Tarcísio, do Republicanos, teria, de acordo com Flávio, recebido a notícia do ungido por Jair de “peito aberto”. O governador, que vem hesitando entre a candidatura presidencial e à reeleição ao Bandeirantes, ainda não se manifestou publicamente.
Respingo
O recuo prematuro pode ter relação com a pesquisa Datafolha divulgada na noite de sábado. O levantamento aponta que Flávio ficaria 15 pontos atrás do presidente Lula se um eventual segundo turno fosse hoje. Outros nomes da direita, como os governadores Tarcísio e Ratinho Jr. (PSD-PR), marcam 5 e 6 pontos de desvantagem, respectivamente.
Números
Na citada pesquisa, o senador só é visto como ideal para ser lançado por Jair Bolsonaro por 8% dos eleitores brasileiros; enquanto 22% preferem a ex-primeira-dama Michelle; e 20% escolheriam Tarcísio. A pesquisa foi a campo entre os dias 2 e 4 de dezembro, antes do anúncio de Flávio.
Convencimento
Tarefa ainda mais difícil parece ser a de convencer o Centrão da viabilidade da candidatura do senador. Líderes dos partidos de direita e centro-direita manifestaram ceticismo, ainda que reservadamente. Para reverter a resistência, ou apenas negociar seus termos, Flávio inicia hoje uma série de reuniões com os presidentes do próprio PL, Valdemar Costa Neto; do União Brasil, Antonio Rueda; e do Progressistas, Ciro Nogueira.
Embalagem
Parte da estratégia de convencimento para viabilizar a candidatura de Flávio Bolsonaro está em vende-lo como um “Bolsonaro diferente”. “Vocês terão a possibilidade de conhecer um Bolsonaro diferente. Um Bolsonaro muito mais centrado na política, que conhece Brasília”, declarou Flávio depois do culto.
Digestão
Mesmo dentro do clã e do próprio PL de Valdemar a persuasão está custosa e dependendo de Jair. O ex-presidente avisou Michelle que escolheria Flávio como sucessor na quinta-feira, em sua visita à sala da Polícia Federal onde ele está preso, e pediu que ela não se opusesse, depois da briga pública de ambos em torno do imbróglio com Ciro Gomes no Ceará.
Cidreira
Jair, por intermédio de interlocutores, pediu também a Valdemar que contivesse a ala mais avessa aos Bolsonaros no partido e os unificasse em torno do filho. Logo depois do anúncio de Flávio, o presidente da legenda soltou uma nota dizendo que “se Bolsonaro falou, está falado!”.
Efeitos colaterais
O Datafolha também aponta que a anistia como chantagem pode ter pouco fôlego, se depender do apoio popular à prisão de Bolsonaro. Isso porque para 54% dos entrevistados ela foi justa, embora 40% a considerem injusta. São favoráveis à prisão domiciliar 34% dos ouvidos.
Anabolizante
A pesquisa Datafolha mostra que a indefinição na direita está tornando o caminho mais fácil para o presidente Lula. Alguns de seus números seguem apresentando leve melhora para a candidatura do petista. Sua aprovação subiu de 46% em julho para 49% em dezembro. Já a desaprovação, que era de 50% em julho, se manteve em 48% agora. A avaliação do governo está estável: em abril, 29% avaliavam o governo Lula como ótimo ou bom. Em setembro, chegou a 33%. Ficou em 32% em dezembro. O índice de ruim/péssimo era de 40% em junho e, agora, está em 37%.

Corrente
O ministro Dias Toffoli, relator do caso do Banco Master no Supremo Tribunal Federal (STF), viajou para assistir à final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras, em Lima, no Peru, no mesmo jatinho onde estava Augusto Arruda Botelho, ex-secretário nacional de Justiça do governo Lula e atual advogado de Luiz Antônio Bull, diretor de compliance do Master.
Luz
A informação é de Lauro Jardim, no Globo, e foi confirmada por Valdo Cruz, do G1. O avião particular é do empresário e ex-senador Luiz Oswaldo Pastore e no voo também estava o ex-deputado Aldo Rebello. A final foi no dia 29 de novembro.
Teia
Na véspera, dia 28, Toffoli foi sorteado para ser relator do caso Master. O primeiro recurso de Botelho no caso, no Supremo, foi em 3 de dezembro. Nesse mesmo dia, Toffoli decidiu colocar o caso em sigilo e transferiu o inquérito para o STF, sob sua relatoria. (Globo e g1)
Conexões
Preso por suspeita de vazar informação ao ex-deputado estadual TH Joias (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), admitiu em depoimento ter conversado com o colega na véspera da operação da Polícia Federal contra ele por associação com Comando Vermelho. No depoimento obtido pelo Fantástico, Bacellar negou, porém, ter alertado TH sobre a ação. A Alerj fará uma sessão na manhã de hoje para decidir se revoga a prisão de seu presidente.
