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Jamaxi

O pomo da discórdia 

A peça orçamentária da união para 2021, relatada pelo senador acreano Márcio Bittar (MDB), está causando transtornos à equipe do ministro da Paulo Guedes. É que as manobras patrocinadas por Bittar no Orçamento para agradar os interesses da base política do presidente Jair Bolsonaro, inviabilizando programas de estado executados ao longo de décadas e a ameaça ao teto de gastos criaram um ambiente de revolta dentro do Ministério da Economia. Membros da cúpula da pasta sinalizaram que podem deixar os cargos se, por exemplo, a regra de limitação de despesas for quebrada.

Debandada

A imprensa nacional já especula que o movimento poderia ser maior do que a debandada no time do ministro Paulo Guedes (Economia) em agosto de 2020 diante da dificuldade de avanço da agenda liberal no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, por causa da falta de apoio político, os então secretários especiais Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização) deixaram os cargos ao mesmo tempo.

Temos vagas 

O problema criado por Bittar ao relatar a peça orçamentária é de tal monta que membros da área econômica afirmam que se não houver solução para o impasse do Orçamento, deixando a regra do teto em risco, a pasta criará novos empregos, posto que haverá vagas disponíveis no Ministério da Economia.

Começando do zero

De acordo com um auxiliar de Guedes, o ministro deu o recado a colegas e a Bolsonaro, a quem caberá a decisão final no governo sobre como o problema no Orçamento será resolvido. Técnicos do Ministério da Economia ainda buscam uma solução para o impasse: para o teto de gastos não ser rompido, precisará ser feito um corte de despesas que pode paralisar a máquina pública.

Saída

A solução seria, então, que parlamentares e ministros da área de infraestrutura e obras concordem em desistir de alguns projetos, abrindo espaço no Orçamento para os gastos obrigatórios, que estão abaixo do patamar mínimo.

Balbúrdia 

A análise do ministério sobre as possíveis soluções envolve, principalmente, os secretários de Fazenda, Waldery Rodrigues, de Orçamento, George Soares, e do Tesouro, Bruno Funchal, além de Guedes. O projeto aprovado pelo Congresso desagradou esses membros da pasta, que têm a atribuição de administrar as contas federais e pregam respeito às regras fiscais.

Apelo à razão

“Nosso apelo final é que os acordos políticos têm que caber nos orçamentos públicos. A essência da política é fazer alocação dos recursos, [com] nosso compromisso com a saúde e a responsabilidade fiscal”, afirmou o ministro da Economia Paulo Guedes, ao participar ontem de uma solenidade que tratava sobre a divulgação de dados do mercado de trabalho.


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Trocando peças 

O presidente Jair Bolsonaro negocia a substituição de mais três ministros com aliados do Centrão, segundo o jornalista Kennedy Alencar, do portal UOL. Entre os ministros que devem deixar os cargos, estão Ricardo Salles (Meio Ambiente), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Gilson Machado Neto (Turismo).

O dono da voz 

“O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deverá ser o padrinho de um dos novos integrantes do primeiro escalão de Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também está sendo ouvido pelo presidente”, informou o jornalista.

Escambo 

Segundo Kennedy, “as trocas se inserem no contexto político de evitar um impeachment devido ao desastre na pandemia e alimentar alguma chance de reeleição em 2022”. Se confirmadas as mudanças, serão nove mudanças em ministérios nesta semana.

Areia movediça 

Militares da reserva acreditam que a crise que levou à saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica contribuirá para o isolamento do presidente Jair Bolsonaro diante do comando das Forças Armadas. O episódio também deve levar o Exército, força com mais quadros da reserva em postos no Planalto, a se distanciar do governo.

Linhas divisórias 

Um general que já trabalhou na gestão Bolsonaro avalia que a instituição deixou de lado a postura passiva, que permitia ao presidente passar a impressão de que tinha o aval da tropa para as suas falas. Agora, com a decisão do ex-comandante Edson Pujol de não ceder ao alinhamento que Bolsonaro pretendia impor, ficou clara a separação, na sua visão.

Salto de banda 

Oficiais acreditam que dificilmente um militar da ativa aceitaria neste momento cargo no primeiro escalão do governo, como aconteceu com o general Eduardo Pazzuello nomeado ministro da Saúde, no ano passado.

Alhos e bugalhos 

Para um general da reserva, o presidente pode ter problemas até para colocar em prática eventuais operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como a que foi implantada na Amazônia no ano passado para combater o desmatamento ilegal. Quando requisitados, os comandantes poderiam impor empecilhos para colocarem suas tropas em ação, como a exigência de recursos, o que na prática impediria a operação. Tudo dentro de uma diretriz, de acordo com a formulação desse general da reserva, de não misturar as imagens do governo com a da instituição.

Vácuo 

Com a ida de Braga Netto para o Ministério da Defesa, ficarão na cozinha do Planalto com o presidente apenas dois ministros militares: Luiz Eduardo Ramos na Casa Civil e Augusto Heleno no Gabinete de Segurança Institucional. A avaliação é que ambos atuam mais como políticos hoje por terem se misturado ao bolsonarismo. E já não têm mais o respeito entre os seus pares, ao contrário de Braga Netto.

Queridinho 

De acordo com um outro oficial, hoje o militar no governo que goza de maior simpatia entre os comandantes da ativa é o vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Por diversas vezes, Mourão mostrou discordância com as posições de Bolsonaro. Como resposta, deixou de ser consultado pelo presidente e pouco participa das decisões de governo.

Cenário 

Entre os militares também há quem veja com bons olhos uma solução caseira: que passaria por um impeachment do presidente Jair Bolsonaro para Mourão assumir. O perfil de Mourão é tido como conciliador e ideal para um momento em que o país precisa de união para superar a pandemia. Generais da reserva temem a polarização entre Bolsonaro e uma eventual candidatura do ex-presidente Lula em 2022. Há quem veja o vice-presidente como uma figura capaz de ocupar o espaço no centro do espectro político

Nova angular 

No domingo, matéria do jornal O Globo expõe que generais da reserva que já atuaram no governo Bolsonaro defendem a construção de uma terceira via política para a eleição de 2022 com o objetivo de se contrapor ao atual presidente e ao ex-presidente Lula (PT).