O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), ontem, 24, em conversa com o jornalista Luiz Carlos Moreira Jorge, o Crica, já fala abertamente sobre seu projeto em concorrer ao Palácio Rio Branco no ano que vem.
Ruptura
A candidatura de Bocalom tem o condão de afastar o senador Márcio Bittar (PL) da órbita da candidatura ungida pelo governador Gladson Cameli (PP), a vice-governadora Mailza Assis (PP). O afastamento, dentre outros motivos, tem dedução lógica. Bittar e Bocalom são da mesma sigla, o Partido Liberal.
Exclusão
Com essa constatação simplória, a condição imposta a Bittar pelo Secretário de Articulação Política do Governo, o economista Luiz Calixto, para receber o apoio do grupo palaciano, qual seja a de tornar público seu apoio à candidatura de Mailza Assis fica inviabilizado.
Cartilha
Em entrevista no dia de ontem, Calixto foi peremptório: “O segundo voto (do grupo palaciano) será dado a quem esteja comprometido com a campanha (de Mailza) e a eleição do governador (ao senado). Esperamos que o senador Márcio assuma essa postura, declare publicamente que está aliado e passe a receber o apoio”, declarou.
Conselho
Diante da impossibilidade de Bittar servir a duas candidaturas, Calixto apontou a saída: “aconselho o prefeito Bocalom a permanecer à frente da Prefeitura e apoiar a vice-governadora Mailza Assis nas eleições de 2026. Eu acho que o prefeito Bocalom deveria continuar na prefeitura e ajudar a Mailza a se eleger para o governo”, pontuou. Como escreveu o poeta Cazuza na canção “O Tempo Não Para’, os dados ainda estão rolando.
Intervenção
Na última quarta-feira, 22, o senador Alan Rick (AC) se reuniu com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques Carvalho, para discutir os impactos de práticas ilícitas no setor da construção civil e buscar soluções que assegurem mais eficiência, transparência e qualidade nas licitações públicas.
Adequação
Entre os principais temas do encontro esteve o Veto 46/2023, que trata da forma de disputa em licitações de obras e serviços de engenharia com valores superiores a R$ 1,5 milhão. O dispositivo, vetado na Lei nº 14.770/2023, propunha o uso do modo de disputa fechado nesses casos, restringindo o modelo de lances sucessivos (modo aberto) — considerado inadequado para contratações complexas, pois pode gerar propostas inexequíveis e abandono de obras.
Cooperação
Alan Rick alertou que o problema está diretamente ligado ao crescimento do número de obras paralisadas em todo o país. “Precisamos garantir eficiência, evitar desperdícios e dar respostas concretas, principalmente aos municípios que mais precisam”, destacou o senador, reforçando seu compromisso com a boa gestão dos recursos públicos e a retomada de obras estruturantes. O ministro Vinícius Marques Carvalho reconheceu a gravidade do tema e se comprometeu a aprofundar a análise técnica sobre o impacto do veto.
Sincericídio
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse ontem, 24, sentir inveja da destruição de barcos de supostos traficantes pelos EUA e manifestou apoio a ataques semelhantes no Rio de Janeiro. “Ouvi dizer que há barcos como esse aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”, escreveu em resposta a uma publicação do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth.
Prós e contras
A publicação do senador provocou uma enxurrada de críticas de parlamentares governistas, que o chamaram de “traidor da pátria”, e mesmo de seguidores dele, embora existam, também, manifestações de apoio.
Não é bem assim...
No final do dia, Flávio foi às redes sociais se explicar: “Uma parte da imprensa, que já tem má vontade com a gente e adora defender traficante de drogas, inventa que eu estou defendendo que se taque bombas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Eu fico revoltado com essa defesa de traficantes, porque eu sei que é o dinheiro desses caras que é usado para comprar a pistola que vão apontar para a nossa cabeça no sinal de trânsito para ser assaltado no Rio de Janeiro”, afirmou, sem apresentar provas....
Périplo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem de madrugada na Malásia, onde vai participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e, no domingo, se reunir com Donald Trump.
Fricção
O encontro entre os dois presidentes ganhou um elemento de tensão com as declarações de Lula na Indonésia defendendo que os países façam transações comerciais com suas próprias moedas, sem dependerem do dólar. “Tanto Indonésia quanto Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois com as nossas moedas”, afirmou, acrescentando que o século 21 exige novas formas de “agir comercialmente para não ficar dependente de ninguém”. A substituição do dólar no comércio internacional é um dos mais sérios pontos de atrito entre Trump e os Brics.
Remendo
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou na quinta-feira, 23, que o governo deverá apresentar até a próxima semana uma proposta para compensar as perdas de arrecadação provocadas pela caducidade da medida provisória que havia sido desenhada como alternativa à alta do IOF.
Arcabouço
Motta disse que a prioridade da Câmara agora é avançar nas propostas de corte de gastos e que a revisão das isenções tributárias ficará para uma segunda fase. A equipe do Ministério da Fazenda trabalha com um novo pacote dividido em duas frentes, uma de redução de despesas entre R$ 15 bilhões e 20 bilhões, e outra de recomposição de receitas, cerca de R$ 3,2 bilhões levam em conta tributação de bets e fintechs.
Reforço
Enquanto isso, a Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, calcula que o governo precisará de um esforço adicional de R$ 27,1 bilhões nos últimos três meses do ano para atingir a meta fiscal de 2025, fixada em resultado primário zero com margem de tolerância de 0,25% do PIB.
Empecilho
A perda de R$ 10,6 bilhões com a queda da MP do IOF dificulta o cumprimento do resultado primário. A IFI também alertou para a piora no desempenho das estatais, pois a projeção de superavit de R$ 0,7 bilhão nos Correios virou déficit de R$ 2,4 bilhões, e que a combinação com a desaceleração da economia arrisca diminuir o ímpeto de arrecadação.
De volta ao começo
A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de reabrir a investigação contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe está preocupando os bolsonaristas.
Complicador
Valdemar vinha atuando como principal articulador do partido, centralizando os contatos com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, mas, de volta à condição de investigado, foi proibido pelo ministro Alexandre de Moraes de visitar Bolsonaro. Os dois já haviam sido impedidos de se comunicar durante um ano, o que, segundo aliados do ex-presidente, provocou desencontros que prejudicaram o desempenho de bolsonaristas nas eleições municipais de 2024.
A grande família
O STF formou maioria para autorizar a nomeação de parentes em até terceiro grau para cargos políticos, como secretários municipais ou estaduais e ministros de Estado. O caso em questão se refere a uma lei do município paulista de Tupã excluindo as nomeações políticas da regra que veta o nepotismo em todos os níveis da administração pública.
Pormenores
O relator da ação, ministro Luiz Fux, concluiu que a lei é constitucional, desde que comprovada a aptidão do nomeado para o cargo. Os ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, Dias Toffoli e André Mendonça o acompanharam, formando a maioria, enquanto Flávio Dino divergiu. Com o placar de 6 a 1, a sessão foi interrompida e será retomada na próxima quarta-feira.