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Nitroglicerina 

Relatório da Polícia Federal no Acre, produzido no dia 10 de abril do corrente ano (Assunto: Informação de Polícia Judiciária nº XX/2020 PF/CZS/AC - Referência: NCV 0030544/2020 – PF/CZS/AC) que veio à lume neste final de semana, promete agitar os últimos dias de campanha em Cruzeiro do Sul. 

Ação organizada 

O relatório aponta a ação de um suposto grupo criminoso que atuou na prefeitura de Cruzeiro do Sul entre 2010 e 2017, gerando desvios de recursos do erário e enriquecimento ilícito de várias pessoas, incluídos aí, empresas constituídas por laranjas e servidores públicos da municipalidade cruzeirense. 

Atores

O relatório remete a Tomada de Preço 01/2013 (Convênio SIAFI 757715), processo destinado a Modernização e Ampliação do Estádio Cruzeirão, gerido pela prefeitura do município, ainda na gestão do prefeito Vagner Sales. O ex-prefeito e seu filho, Fagner Sales, candidato à prefeitura de Cruzeiro do Sul pelo MDB este ano, figuram no topo da lista da PF como suspeitos de serem mandantes do grupo. 

Rombo 

Segundo a PF, o suposto esquema financeiro que tragou mais de R$ 18 milhões da prefeitura operou também com a participação de servidores públicos municipais e representantes da iniciativa privada. 

Estratégia 

Consta na redação do relatório que grandes somas de dinheiro foram sacadas em espécie, na ‘boca do caixa’, o que a PF classifica como uma tentativa de ocultar a sua destinação final. Mas o cruzamento das informações revelou que esses saques coincidiam com valores depositados nas contas dos políticos mencionados ou com pagamento de bens a eles pertencentes.

De pai para filho 

No ‘olho do furacão’ está a C P Rosas Construções, empresa que tem como sócios-proprietários os irmãos Cleilson e Cleilton Pinheiro Rosas. O relatório policial indica que os verdadeiros donos da construtora venham a ser Vagner Sales e o filho Fagner. Entre 2010 e 2016, a C P Rosas faturou, em contratos firmados com a prefeitura – então comandada por Vagner Sales – um total de R$ 18.812.893,51. E entre os anos de 2017 e 2019 – quando Ilderlei Cordeiro já estava na cadeira de prefeito e ainda era aliado de Vagner Sales –, o faturamento foi de R$ 3.795.221,86.

Em cash 

Chama a atenção que 57% dos recursos destinados à empresa pela prefeitura de Cruzeiro do Sul tenham sido sacados em espécie, “gerando forte indício de que os reais destinatários dos valores recebidos pela empresa precisariam recebê-los de modo obscuro”, conforme o relatório policial.

Do tostão ao milhão

A Polícia Federal afirma ter encontrado nas contas de Vagner Sales, entre 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2017, 140 depósitos com valores acima de R$ 1 mil, sem identificação de origem. O total em depósitos é de R$ 1.012.952,40.

Intercâmbio 

Fagner Sales também é apontado pela PF como ‘dono’ da construtora C P Rosas. As investigações encontraram em seu histórico bancário uma transferência, datada de 16 de novembro de 2017, no valor de R$ 5 mil.

Tenebrosas transações 

Há ainda outras transações suspeitas envolvendo o atual candidato do MDB e Francisco das Chagas Amorim (ele ocupou cargos em comissão na Saúde do município durante a gestão de Vagner Sales). 

Movimentações atípicas 

Duas transferências chamaram a atenção da PF: uma, de R$ 36 mil, em 19 de novembro de 2015, e a outra de R$ 8 mil, no dia 9 agosto de 2017. Ambas feitas por Amorim a Fagner Sales. Dois meses após a primeira transação bancária, Amorim recebeu um depósito de R$ 20 mil proveniente da conta corrente de titularidade da C P Rosas Construções.

Óbices 

No mês passado, o Ministério Público Federal no Acre enviou recomendação ao Governo do Acre para que exonere a diretora do Instituto do Meio Ambiente e Análises Climáticas do Acre (Imac), Adelaide de Fátima Gonçalves de Oliveira. Fátima é ré em ação penal por crimes ambientais, entre outras incompatibilidades.

Princípios básicos 

De acordo com o documento assinado pelo procurador da República Humberto de Aguiar Junior, as nomeações para cargos públicos, ainda que em comissão, devem observar os princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. A recomendação lembra ainda que o ocupante de cargo ou emprego público no Poder Executivo deve agir de modo a prevenir e impedir possível conflito de interesses e a resguardar informação privilegiada.

Visão 

Pois bem! Indiferente as recomendações, o governo decidiu não exonerar a diretora do IMAC. O poder executivo estadual teve dez dias úteis para responder se aceitava ou não a recomendação do MPF, tendo sido avisado que a recusa poderá ensejar medidas judiciais cabíveis ao caso, mas o entendimento da gestão é que pelo fato dela ainda não ser condenada, não poderia ser demitida. O governo respondeu ofício ao MPF sugerindo que o procurador notificasse a empresária para que ela apresentasse explicações.


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 Muito pelo contrário 

Sérgio Moro, em entrevista ao “Globo”, listou os nomes das alternativas que enxerga para 2022. Citou Luciano Huck, com quem tem conversado, João Doria, Luiz Henrique Mandetta e Hamilton Mourão. Pois  Mourão não vê em Moro um talento para a política. Duas semanas atrás, Mourão resumiu da seguinte forma o que pensa sobre o ex-ministro que agora o afaga: 

“O Moro é meio milico também. Ele não estava preparado para a atividade política”. 

Rebarba

Lembram do emedebista Eduardo Cunha que encantou deputados federais do Acre no início da década? Pois é! A força-tarefa da Operação Greenfield, do MPF, acionou na Justiça ele e Henrique Eduardo Lyra Alves por improbidade administrativa por supostos desvios de recursos do Fundo de Investimentos no FGTS. 

Crime...

Os procuradores apontam enriquecimento ilícito e atos que atentaram contra a Administração Pública. Se condenado, Cunha deverá restituir aos cofres públicos quantia superior a 20 milhões de reais e Henrique Alves, quase 5 milhões. 

... e castigo 

Os dois são processados pela Força Tarefa Greenfield com base em provas obtidas na Operação Sépsis. A ação foi apresentada à Justiça na última sexta-feira. Na ação, os procuradores afirmam que “o grupo criminoso operou esquema ilícito na Caixa Econômica Federal até pelo menos dezembro de 2015, sob o comando e a coordenação de Eduardo Consentino Cunha”. 

Evidências 

E sustentam que “não há como deixar de concluir que as condutas perpetradas pelos demandados, narradas na presente ação civil de improbidade administrativa, causaram lesão à probidade, devendo, portanto, Eduardo Cunha e Henrique Alves ser responsabilizados por atos de improbidade administrativa”.