As discussões que povoam o espectro político do estado nos últimos dias, remete à ação da bancada federal do Acre e do governador Gladson Cameli (PP), que desde o início do governo Lula buscaram junto ao Ministro dos Transportes, Renan filho, garantir recursos para a recuperação da BR 364, no trecho que interliga Rio Branco a Cruzeiro do Sul, possibilitando, assim, que o trafego entre as duas cidades mais importantes do estado não sofra interrupção.
Querela
Numa ação deliberada do presidente Lula (PT), o ministério dos transportes comunicou na última quinta-feira, 2, ao líder da bancada do Acre, senador Alan Rick (UB) e demais membros da bancada federal, que a pasta irá disponibilizar R$ 600 milhões para os serviços de recuperação e manutenção da rodovia. A partir daí governistas e oposicionistas erguem barricadas de argumentos sobre a paternidade da ação. De um lado os apoiadores do presidente Lula garantindo que a ação é um mérito pessoal do petista e no contraponto os entes da bancada federal relevando suas ações em pleitear as verbas.
Preposição
A verdade é que todos desposam a razão. A bancada federal, que em quase 100% foi contrária ao presidente Lula no transcorrer das últimas eleições, a exceção do senador Sérgio Petecão (PSD), possuí razão pois tão somente cumpriu seu papel de representar e interceder pelos interesses do Acre junto à esfera federal, posto que foram eleitos para representar o Estado e, por conseguinte, lutar por seus interesses, sem contar com as ações do governador Gladson Cameli (PP), que em janeiro, ao participar do 1º Fórum de Governadores recém-eleitos em Brasília (DF), apresentou, entre outras propostas, a recuperação da BR-364
Personagens
Noutra ponta, vê-se que o presidente Lula é um democrata nato, vez que foi justo no Acre onde ele teve sua pior votação junto às unidades confederadas e, inobstante o fato, determinou que seu ministro atendesse as reivindicações do estado.
Posturas
Confrontado com o argumento que ele (Lula) está, tão somente, cumprindo com sua obrigação, vale recordar que seu antecessor – aquele que foi consagrado nas urnas pelo acreano, o controverso Jair Bolsonaro (PL) -, apesar da querência demonstrada pelo povo do Acre nos últimos dois pleitos presidenciais, durante todo seu mandato de 4 anos, não reservou no orçamento de seu governo recursos para a manutenção da rodagem, via vital para a integração de nosso estado.
Simples assim
Organizador da audiência com o ministro Renan Filho, da pasta dos transportes, quando os recursos foram garantidos para a reconstrução da estrada, o coordenador da bancada federal do Acre, senador Alan Rick (UB), foi feliz ao afirmar que a bancada federal - conjunto que representa o Acre no Congresso Nacional -, está simplesmente cumprindo com o papel representativo, espaço que lhe foi conferido pela população nas urnas durante o último pleito. Essa é a sintetização mais completa para a situação.
Intempéries
Assim como há tempestades perfeitas, há escândalos completos, de cabo a rabo. É exatamente o caso do mimo de R$ 16,5 milhões que a ditadura sanguinária da Arábia Saudita deu para a madame Michelle Bolsonaro, para agradar (ou sei lá o que...) ao maridão dela, o então presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL).
Trama
Trata-se do enredo rocambolesco de mais um filme de quinta sobre republiquetas de banana, ditadores, mandatários sem noção, mulheres bonitas e ambiciosas, ouro e brilhantes à vontade e uso de instrumentos e agentes públicos. E não poderiam faltar militares de diferentes patentes, fazendo tudo o que seu mestre mandar. “Um manda, o outro obedece”, lembram?
Enredo completo
A matéria dando conta do caso, estrelada pelo jornal O Estado de São Paulo, é impecável, com nomes, datas, valores, fotos, fac-símiles e enredo: o ditador saudita deu o “presente”, Bolsonaro mandou esconder, um almirante-ministro ajudou e o seu subordinado, também militar, meteu a fortuna numa mochila.
Resumo
Como ensina a sabedoria popular, mentira tem pernas curtas, e o crime nem sempre compensa. Como nos filmes, tudo ia bem, até aparecer o danado do funcionário público exemplar, que tem coragem, honradez e cumpre a Constituição, as leis e as regras. Assim como o fiscal do Ibama que multou o deputado Bolsonaro por pesca em santuário ecológico, o da Receita disse não ao presidente, ao almirante, ao suboficial. A trama ficou ainda mais emocionante.
Cenário
Já imaginaram o fiscal se deparando com aquele colar? E o relógio, o anel, os brincos? Ele apreende. O ministro dá uma carteirada: é do presidente da República! E ele: ok, mas todo mundo é igual perante a lei, certo? Tem de pagar imposto. Sim, teria de pagar uma bagatela de R$ 12, 5 milhões se o tesouro fosse mesmo de Jair e Michelle. Mas, se as joias eram de alguém, eram da União, do Estado, dos cidadãos, como determina a lei sobre presentes de estrangeiros a autoridades, e estavam sendo surrupiadas.
Deu ‘Xabu”
Nada deu certo nas tentativas de Bolsonaro de “recuperar” o que não era seu. Como relatam os repórteres Adriana Fernandes e André Borges, acionou o Itamaraty, Fazenda e Minas e Energia, mandou até sargento em avião da FAB a Guarulhos pegar a muamba. Mas, se eles cederam ao “mestre”, os funcionários da Receita não entregaram os anéis, nem os dedos, nem a honra.
A letra fria da lei
Estão caracterizados contrabando, sonegação, abuso de poder... E quantos crimes mais? A eles se somam todos os outros, contra a deputada Maria do Rosário, PF, vacinas, urnas eletrônicas, Yanomamis, Amazônia. A lista é grande e R$ 16,5 milhões é um pouco demais. Sem falar no 8 de janeiro...
Mais do mesmo
Ainda sobre o escândalo envolvendo Bolsonaro e a mulher Michelle, além das joias avaliadas em mais de R$ 16,5 milhões que foram retidas pela Receita Federal por questões legais, hoje 05, um recibo obtido pelo jornal Folha de S.Paulo mostra um segundo pacote de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ocultação
Esse segundo pacote não foi interceptado pela Receita, mas também estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva que foi ao Oriente Médio em outubro de 2021, em missão oficial, e também seria um presente do governo saudita.
Muamba
O pacote inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard. Publicamente, não há estimativa ou avaliação de valores desse outro lote de joias.
Mistério
Essas joias foram entregues por um assessor especial do Ministério de Minas e Energia ao Palácio do Planalto apenas em novembro de 2022, tendo ficado sob a guarda da pasta desde o desembarque no Brasil, em 2021. Não estão claros os motivos que levaram a Receita a reter somente parte das joias enviadas pelos sauditas.