O presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, declarou ontem, 3, que o partido está “sempre disposto” a integrar a base do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso e garantiu que não será oposição. O União terá uma das maiores bancadas na Câmara em 2023, com 59 deputados eleitos.
Marrapaz
Perguntado se o partido integraria uma frente parlamentar governista oficialmente, o presidente do União disse não ter nenhuma objeção: “Isso é uma discussão que vai além da presidência (do partido). Tenho que discutir com a bancada, mas eu não faço nenhuma objeção. Tudo é uma questão de conversar com o governo. Mas não existe, por conta disso, uma aliança dogmática. Nós temos os princípios do União Brasil.”
Decisão tomada
Agora é aguardar o posicionamento dos parlamentares acreanos do União Brasil no Congresso Nacional. O senador eleito Alan Rick já avisou que será oposição no Senado. “Para relembrar meu posicionamento sobre o governo Lula: serei oposição. Mesmo com o aceno de Bivar de aproximação do União Brasil isso não foi tratado internamente e se assim for decidido eu saio do partido”, diz Alan Rick.
Resistência
Marcio Bittar – senador com mandato até 2026 -, os deputados federais eleitos, Ulysses Araújo, Meire Serafim e Eduardo Velloso, garantem que também vão resistir à tentação de juntarem-se ao governo durante os quatro anos da administração petista. É aguardar!
Adesão
E a toada de adesões ao futuro governo petista continua no espectro nacional. As conversas estão mais avançadas com o MDB, que já sinalizou o embarque no próximo governo. Na próxima segunda-feira, o partido comandado pelo deputado Baleia Rossi (SP) indicará um nome para integrar a equipe de transição — será, assim, o primeiro partido de centro para o qual o governo petista abrirá suas portas.
Misancene
A adesão dos emedebistas, no entanto, não será automática. Além de um ministério com projeção para a senadora Simone Tebet (MS), o partido cobra de Lula uma plataforma de governo mais consolidada, com propostas do que o petista pretende fazer em áreas importantes como a economia. Há, ainda, a expectativa de ter mais espaços em ministérios do governo para além de Tebet, que é considerada da cota do presidente eleito. “Precisamos ver como será o desenho para abrir uma discussão mais ampla. Mas, na minha opinião, não teremos muitos obstáculos e exigências”, afirmou Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do partido na Câmara.
Alinhamento
Os emedebistas entendem que Lula precisa costurar uma aliança com União Brasil e PSD para garantir governabilidade nos próximos anos. Para isso, no entanto, é preciso que os três partidos e o PT estejam alinhados nas eleições pelos comandos das duas casas do Legislativo. Na Câmara, o presidente do União, deputado Luciano Bivar (PE), já declarou a intenção de concorrer contra Arthur Lira (PP-AL), que deve tentar a reeleição. Bivar tem conversas avançadas com o MDB e tenta ganhar ainda o apoio do PSD para o seu projeto. Em troca, apoiaria a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) no Senado.
Divergências
Apesar de dirigentes desses partidos negociarem a adesão ao governo Lula, o apoio das bancadas não deve ser unânime. No União Brasil, por exemplo, enquanto Bivar afirma que “pode integrar a base”, a maioria dos parlamentares indicam o contrário. Dos 59 deputados eleitos pela sigla, mais da metade, 30, declararam apoio à reeleição de Bolsonaro no segundo turno, de acordo com levantamento do GLOBO. Governadores da legenda, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Wilson Lima (Amazonas), também se alinharam ao atual presidente.
Bipolaridade
No PSDB, a posição em relação ao futuro governo também está dividida. Há parlamentares que já anunciaram que farão oposição severa ao PT, como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). E outros que acenaram ao vice-presidente eleito — e ex-tucano — Geraldo Alckmin (PSB), como o deputado Paulo Barbosa (PSDB-SP).
Meio termo
Por parte do Cidadania, que faz parte da federação com os tucanos, o líder da bancada, deputado Alex Manente (SP), avisou que fará oposição ao governo Lula em temas econômicas, mas deve votar junto nas pautas sociais, de costumes e meio ambiente. “Vamos afirmar aquilo que convergimos, na pauta sociais e sustentabilidade, e sermos críticos em relação às posições econômicas”, disse o deputado.
Matemática
Somadas, essas cinco siglas reunirão 161 deputados na próxima legislatura, número suficiente para dar a Lula maioria na Câmara. Apenas com os atuais aliados — PT, PV, PC do B, PDT, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade —, o futuro presidente teria o apoio de 129 parlamentares, um quarto da Casa, insuficiente para aprovar qualquer projeto de seu interesse.
Câmara alta
Para formar uma base no Senado, a situação atual é um pouco melhor para Lula, já que Pacheco é o candidato preferido dos senadores petistas e, hoje, controla a maioria na Casa. Se conquistar a adesão das siglas de centro, o presidente eleito somará 38 senadores, um pouco menos que a metade, que poderá conseguir com a adesão dos chamados “independentes”.
Barbeiragem
O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), acionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra o ex-piloto da Fórmula 1 Nelson Piquet. Em participação em uma manifestação golpista nesta quarta-feira (2), o tricampeão sugeriu a morte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Súdito
“Vamos botar esse Lula filho de uma puta para fora”, disse o ex-piloto, antes de repetir o lema do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, e completar: “E o Lula lá no cemitério”. Para Humberto Costa, o bolsonarismo é hora de combater “o ódio e a barbárie” e “expurgar” o bolsonarismo do país.
Ditames da lei
A propósito, o Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta quinta-feira (3) a abertura de um inquérito policial contra Nelson Piquet pelas declarações antidemocráticas do ex-piloto de Fórmula 1 sobre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o processo eleitoral brasileiro. O MPF pediu que Piquet seja investigado sobre possível incitação pública a crime e ao conflito entre as Forças Armadas e os poderes constituídos.
Fundamentos
De acordo com a CNN Brasil, o procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho afirmou que “as declarações proferidas por Nelson Piquet, em análise preliminar, aparentam não se limitar a meras expressões de opinião a respeito do governo eleito – situação em que seriam constitucionalmente asseguradas -, podendo constituir de forma concreta formas de incitação dirigida à população em geral, voltadas tanto à prática de violência contra o candidato eleito, assim como à animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos”.