Propor reformas legislando sobre o direito alheio é fácil. O deputado federal acreano Flaviano Melo (MDB), que recebe pensão
de governador do Acre desde a tenra idade, foi um dos parlamentares que ajudou a aprovar, na madrugada de sexta-feira (5), o texto da reforma da previdência que transfere para a terceira idade, quando senão depois da morte, a aposentadoria da plebe rude e ignara.
Você pra mim é problema seu
O ponto irônico em toda a história é o fato de o parlamentar acumular duas pensões - uma de ex-senador e outra de ex-governador do Acre -, totalizando quase R$ 70 mil reais, dinheirama que cai, regiamente, todo final de mês na conta do sortudo emedebista.
A vida como ela é!
Somente como ex-governador do Estado, Flaviano recebe a pensão de R$ 35 mil. Já como ex-senador a aposentadoria é de cerca de R$ 29 mil. Numa analogia a música do forrozeiro Luiz Gonzaga - Apologia ao jumento - na relação do político com o povo: “E o homem (no caso o político) , em retribuição (ao jumento, no caso ao povo) o que é que lhe dá? Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no lombo; pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas. Ah, o jumento é bom; o homem é mau!”.
Explicações
O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) encaminhou ontem, sexta-feira, 5, um ofício ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) questionando sobre a suposta investigação que o órgão tem feito contra o jornalista Glenn Greenwald a pedido da Polícia Federal, como noticiou o site O Antagonista nesta semana.
Cláusula pétrea
Em nome do presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, a OAB levanta preocupações sobre o risco de violação dos direitos à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, “ambos garantidos na Constituição e imprescindíveis ao Estado Democrático de Direito”.
Vínculo
A Polícia Federal é vinculada ao Ministério da Justiça, comandado por Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato alvo de vazamentos divulgados pelo site The Intercept, cujo editor é Greenwald.
Discografia
O jornalista Ricardo Noblat, colunista da revista Veja afirmou ontem, sexta-feira, 5, que a revista Veja tem cerca de dois mil aúdios de conversas da Vaza Jato. “Só áudios são cerca de 2 mil. Essa informação acabo de apurar”, disse Noblat pelo Twitter.
De tudo, um pouco!
Na edição que está nas bancas desde ontem, a revista traz reportagem com diálogos que mostram que o ex-juiz Sergio Moro orientou procuradores da Lava Jato na condução de novas operações, alertou sobre prazos, recusou delação premiada do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e tentou driblar o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ra, Ré, Ri, Ró, Rua
O governador Gladson Cameli (PP) exonerou Robelson Nunes Dias, assessor especial do vice-governador Wherles Rocha (PSDB). Por esses dias Robelson teve seu nome envolvido em polêmica, suspeito de ter recebido diárias de forma ilegal ao viajar para fora do estado. A exoneração de Robelson foi publicada no Diário Oficial do Estado de ontem, sexta-feira (5).
Divergência
Ele teria recebido R$ 2.718,00 em diárias para acompanhar o vice-governador em Brasília entre os dias 6 a 10 de abril, mas, de acordo com matéria divulgada pela Agência de Notícias do Acre, meio de comunicação estatal para a divulgação das ações de governo, Rocha estava no Acre no dia 8 de abril e não na capital federal”.
Um corpo e dois destinos
No dia 10 de abril, pela manhã, o vice-governador participou de solenidade oficial no Palácio Rio Branco, quando, segundo as diárias pagas ao seu assessor, deveria estar em Brasília. Após as denúncias de irregularidade no recebimento de diárias terem sido divulgadas na imprensa, Robelson divulgou uma nota de esclarecimento afirmando que estava sendo alvo de perseguição política. Ele garantiu que seguiu sozinho para Brasília, onde representou Wherles Rocha em agenda sobre a previdência dos policiais militares.
Pouco caso
Ainda ontem a imprensa fez divulgar que o policial houvera sido indicado pela deputada federal Mara Rocha - irmã do vice governador Wherles Rocha - para assumir a superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Acre (MAPA) e pela manhã sua assunção no cargo era dada como certa. No início da tarde circulou a notícia que ele teria declinado do convite.
Outra versão
No final da tarde, veio outra versão dando conta que Robelson não houvera sido aprovado pela Abin (Associação Brasileira de Inteligência) e pela Polícia Federal para a investidura em cargo público federal, dado a restrições advindas de processos judiciais. Agora é aguardar para a elucidação dos fatos.
Com supremo, com tudo!
Um dos diálogos mais escandalosos entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol da reportagem publicada pela revista Veja em parceria com o Intercept ontem, sexta-feira (5), é uma referência ao ministro Edson Fachin, do Supremo: “Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: ‘Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso’.
Um dos nossos
A relação da operação Lava Jato com ministros do STF é um dos aspectos mais sensíveis do material do Intercept em parceria com diversos veículos de comunicação. Na divulgação realizada no último dia 12 por Reinaldo Azevedo na Bandnews, foi revelada a frase que passou a perseguir Moro: “In Fux we trust” (no Fux a gente confia)
Tosquiado
Em um grupo de procuradores, Dallagnol conta ter conversado “mais uma vez com Fux hoje, reservado, é claro”. “O ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori Zavascki fez queda de braço com Moro e se queimou, e que o tom da resposta de Moro foi ótimo”, escreveu, em referência à repreensão feita por Teori a Moro pelos grampos de Dilma Rousseff.
Amigo de fé, irmão camarada!
“Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs”, acrescentou. “Mas os sinais foram ótimos, falei da importância de nos protegermos como instituições, especialmente no novo governo”, completou.
Tradução
As mensagens foram encaminhadas por Dallagnol para o então juiz Sérgio Moro, que respondeu, em tom de intimidade. “Excelente, in Fux we trust”, escreveu Moro, em inglês, o que pode ser traduzido como “no Fux a gente confia”.