O nome do militante dos movimentos sociais do Acre Abrahim Farhat Neto, o “Lhé”, falecido aos 78 anos na manhã do último sábado 16/05, em Rio Branco (AC), deverá batizar um monumento aos artistas e à cultura acreana, provavelmente no local onde está o chamado “Cacimbão da Capoeira”, no bairro do mesmo nome, no centro da Capital.
Memória cultuada
A Indicação neste sentido deverá ser apresentada à Assembleia Legislativa nas próximas sessões pelo deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), que foi aliado e amigo do falecido, ao admitir que acatou sugestão de um amigo para que fosse feita a homenagem.
Mobilização
“Mais que uma homenagem, vamos abraçar esta causa justa por tudo o que o nosso Lhé, o querido Brachula, construiu politicamente no nosso Acre”, disse o deputado, ao anunciar que, a partir desta segunda-feira, já começa a trabalhar a ideia. “Precisamos carimbar o nome do Abrahim num local de destaque do Acre para que as gerações futuras possam ter este grande acreano e brasileiro como referência”, acrescentou Magalhães.
Jeito de ser
Nascido em Rio Branco, o filho mais velho de uma família de comerciantes de origem libanesa, Abrahim Farhat Neto sempre fugiu do estereótipo da burguesia. Membro de uma família cujas posses iam muito além média local, podendo inclusive ser considerado rico, Abrahim preferia viver e ter como amigos as pessoas mais pobres do bairro em que vivia, que compreendiam as ruas Primeiro de Maio, Rua da África, 6 de Agosto e bairro XV, no 2º Distrito da cidade.
A pessoa é para o que nasce!
“Desde menino, ele sempre foi politizado, envolvido até a alma neste negócio de defender os mais pobres. O pai dele se queixava de que, se não abrisse o olho, seu filho seria capaz de dar todo o estoque de mercadorias da loja aos mais pobres”, contou um amigo da família sobre o compromisso do anonimato. A família era dona da “Casa Farhat”, no 2º Distrito, especializada em vender extintores, espingardas, alumínio e outros produtos muito procurados numa época em que a cidade ainda estava em formação.
Militância
Ainda na juventude, Abrahim Farhat Neto se liga, já sob a ditadura militar, à Igreja Católica, através do então bispo prelado em Rio Branco Dom Giocondo Maria Grotti, que morreria – foi uma das 43 vítimas – num acidente aéreo, em Sena Madureira, em setembro de 1970. Com a posse de outro bispo no Acre, o catarinense dom Moacyr Grechi, Abrahim continuou suas ligações políticas com a Igreja e isso vai desaguar na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), no início do anos 80.
Embate nas urnas
Em 1982, foi candidato a senador da República pelo PT para enfrentar a candidatura do publicitário Said Farthat, ex-prefeito de Brasiléia e na época ministro da Comunicação Social do governo militar do então general-presidente João Baptista Figueiredo. Mesmo morando fora do Acre e sem qualquer ligação com o estado onde vivia sua família, o ex-ministro quis ser senador pelo Acre, no PDS com um slogan através do qual queria ligar seu nome ao do presidente da República, adaptando o slogan do governo federal (Plante, que o João Garante) ao cenário acreano: “Acreano, plante, que o João garante’. Abrahim respondia nas ruas: “se você plantar, o titio vai roubar”. Resultado: tio e sobrinho perderam a eleição; o eleito, naquele pleito de apenas uma vaga, foi o médico Mário Maia, então companheiro de chapa no MDB do governador eleito Nabor Júnior.
Averiguação
O Ministério Público do Acre (MP-AC) iniciou uma investigação para apurar se o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (MDB), e a esposa dele, a deputada estadual Meire Serafim (MDB), desrespeitaram as recomendações de isolamento e promoveram um churrasco no fim de semana retrasado em um encontro político.
Fatos
O MP-AC divulgou uma nota sobre a investigação e afirmou que recebeu vários relatos divulgados na imprensa acreana com fotos do suposto churrasco. A nota afirma também que é apurada a ida do casal em um velório na cidade. O velório teria ocorrido no último dia 10. No dia 12, a deputada Meire fez um teste rápido e testou positivo para a Covid-19. O prefeito Mazinho Serafim também fez o exame, mas, segundo ele, o resultado foi negativo.
Ditames da lei
O MP-AC destaca que o casal é investigado na esfera civil e criminal. Na esfera civil, a apuração vai tentar descobrir se o prefeito e a deputada cometeram crime de improbidade administrativa. Por terem foro privilegiado, o MP-AC diz que pediu providências sobre o assunto na Procuradoria Geral de Justiça.
Agenda
Segundo Serafim, as imagens que divulgaram e associaram com um churrasco foi um encontro entre ele e o prefeito de Senador Guiomard, André Maia, que esteve em Sena Madureira com um assessor e o motorista, no sábado (9), para falar sobre a produção de asfalto na usina da cidade vizinha.
Sem dolo ou má fé
Sobre o velório, o prefeito Mazinho Serafim confirmou que ele e a esposa foram ao velório de uma criança no dia 11, mas seguiram todas as regras de distanciamento e usaram máscaras. Ele ressaltou também que a deputada Meire ainda não sabia que estava com a doença.
Ladeira abaixo
As vendas no varejo brasileiro recuaram 36,5% em abril ante o mesmo período do ano anterior, descontando a inflação, mostrou nesta segunda-feira o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), que acompanha o desempenho de 1,5 milhão de varejistas credenciados à empresa de meios de pagamentos.
Recorde negativo
“É o resultado mais negativo apurado pelo índice desde sua criação em janeiro de 2014”, afirmou a Cielo, que ainda citou um efeito calendário levemente positivo para abril de 2020 - o ICVA deflacionado com ajuste de calendário caiu 37,1%. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o ICVA recuou 35,4%.
Inferno astral
“Diferente de março, quando as vendas sofreram um baque apenas nas duas últimas semanas, o mês de abril foi afetado pelo Covid-19 em seus 30 dias”, citou Gabriel Mariotto, diretor de Inteligência da Cielo. “Com exceção de Supermercados e Hipermercados e Veterinárias e Petshops, todos os setores apresentaram quedas nas vendas, com alguns inclusive chegando a quedas de 80%”, acrescentou.
Chega!
“Jair Bolsonaro perdeu todas as condições para o exercício legítimo da Presidência da República, por sua incapacidade, vocação autoritária e pela ameaça que representa à democracia. Ao semear a intranquilidade, a insegurança, a desinformação e, sobretudo, ao colocar em risco a vida dos brasileiros, seu afastamento do cargo se impõe.” O texto faz parte de uma duríssima nota divulgada na manhã desta segunda-feira (18/05), assinada pelos seus seis membros, todos ex-ministros dos governos José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos defende o imediato afastamento do presidente Jair Bolsonaro.
Chancela
A nota conclama “as forças democráticas” a buscarem “com urgência, caminhos para que isso se faça dentro do Estado de Direito e em obediência à Constituição”. A nota é endossada pelo presidente da comissão, José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça de FHC), e ainda Cláudia Costin (ex-ministra de Administração e Reforma de FHC), José Gregori (ex-ministro da Justiça de FHC), Luiz Carlos Bresser-Pereira, (ex-ministro da Fazenda de José Sarney e ex-ministro da Administração e Reforma do Estado e ex-ministro da Ciência e Tecnologia de FHC), Paulo Sérgio Pinheiro (ex-ministro da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos de FHC) e Paulo Vannuchi (ex-ministro de Direitos Humanos de Lula).
Coração de pedra
No texto, de não mais do que oito parágrafos, a Comissão Arns ataca Bolsonaro lembrando que o presidente, ainda que imune ao coronavírus, mostra-se muito mais “imune ao sofrimento humano”. Acusa-o ainda de manifestar “notória falta de preocupação com os brasileiros, com o risco das aglomerações que estimula, com a volta prematura ao trabalho, com um sistema de saúde que colapsa aos olhos de todos e até com o número de óbitos pela Covid-19”. Protesta ainda por suas “ironias grosseiras e cruéis”.
Mundo da insensatez
Aponta o apoio do presidente a posições e bandeiras antidemocráticas, especificando: “Enquanto o país vive um calvário, Jair Bolsonaro insufla crises entre os Poderes. Baixa atos administrativos para inibir investigações envolvendo a sua família. Participa de manifestações pelo fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Manipula a opinião pública, e até as Forças Armadas, propagando a ideia de um apoio incondicional dos militares como blindagem para os seus desatinos. Enfim, o presidente deixa de governar para se dedicar à exibição diária de sua triste figura, em pantomimas familiares e ensaios golpistas”.
Unanimidade
Na sua conclusão, os membros da Comissão Arns dizem: “Só resta sublinhar o que já ficou evidente: Jair Bolsonaro perdeu todas as condições para o exercício legítimo da Presidência da República, por sua incapacidade, vocação autoritária e pela ameaça que representa à democracia. Ao semear a intranquilidade, a insegurança, a desinformação e, sobretudo, ao colocar em risco a vida dos brasileiros, seu afastamento do cargo se impõe. A Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos entende que as forças democráticas devem buscar, com urgência, caminhos para que isso se faça dentro do Estado de Direito e em obediência à Constituição.”