O prefeito Tião Bocalom (PP) acusa a sindicalista Rosana Nascimento, filiada ao PSD, de “legislar” em causa própria ao patrocinar a insurreição dos servidores municipais da educação contra sua administração. Para Bocalom, Rosana usa a classe da qual ela faz parte para “politicagem” buscando “se eleger em cima dos professores”, vez que já declarou ser candidata ao parlamento estadual em outubro próximo.
Interseção
Interessante é que, embora divergindo, o prefeito e a sindicalista convergem num ponto: o apoio ao Senador Sérgio Petecão (PSD). Na campanha que se aproxima, ambos estarão no mesmo palanque pedindo votos para o senador. Rosana também é correligionária de Marfisa Galvão (PSD), esposa do senador e vice-prefeita de Bocalom.
Mais do mesmo
Reporta o site Notícias da Hora (https://www.noticiasdahora.com.br) que a advogada Paola Fernanda Daniel, nora do deputado estadual José Luiz Tchê (PDT), presidente regional dos trabalhistas, é a nova secretária estadual do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas. Ela assume o lugar de Israel Milani, que deixou o cargo para ser candidato a deputado federal.
Trajetória
Paola já ocupou no atual governo o cargo de diretora executiva da Funtac (Fundação de Tecnologia do Acre). Na gestão da então prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, ela foi secretária municipal de Meio Ambiente. A nomeação de Paola é parte da ‘cota’ do PDT no governo Cameli, vagas sempre ocupadas por parentes ou aderentes do presidente Tchê. O partido perdeu o comando do Iapen, porém foi compensado com a pasta do Meio Ambiente.
Escambo
Cabe lembrar que essa prática do deputado Luiz Tchê em empurrar parentes dentro da administração pública não é nova. Durante governos da Frente Popular – tanto na prefeitura de Rio Branco, quanto no executivo estadual – consanguíneos e aderentes do deputado já frequentaram a lista de nomeados em cargos públicos.
Tradição
Para relembrar, a esposa do deputado, Nara Regina Sandri Schafer, já foi subsecretária de Ação Social do Estado na primeira gestão do petista Tião Viana e também secretária de Administração do município de Rio Branco na administração do também petista Raimundo Angelim. No governo Cameli (PP), já foi chefe de departamento até setembro de 2019 e um irmão de Tchê, Adinã Marcel Schafer, é nomeado para exercer uma CEC 5. Evocando uma passagem bíblica, prevalece a máxima: “Mateus, primeiro os meus”.
Ratificando
Após se reunir na manhã d ontem, terça-feira, 19, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, afirmou que o partido estará na aliança do petista.
Desconforto
Paulinho havia sido vaiado na semana passada em encontro de Lula com sindicalistas. Depois disso, passou a colocar em dúvida a adesão à candidatura do ex-presidente. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também participou da conversa.
Posição
O presidente do Solidariedade deixou posição acerca do encontro: “Esclareci alguns pontos. Eu venho colocando a questão da ampliação da aliança. É o desejo tanto da Gleisi como do presidente Lula. Hoje selamos nossos compromissos. Vamos fazer o evento da executiva nacional do Solidariedade no próximo dia 3 para definitivamente selar a aliança com Lula”.
Mágoa
Ao chegar para a reunião, Paulinho disse acreditar que ‘parte do PT está de salto alto’. “Foi uma parte militância do pt e não era povo. Era militante. Eu sei como funciona isso. E o mais grave foi não ter sido defendido pelo Lula ou por alguém do PT”.
Argumentos
Na reunião, Lula argumentou que a vaias não tinham sido tão intensas, por isso não viu motivo para defendê-lo. Também alegou que o ato era organizado por sindicalistas e que o PT não tinha controle completa sobre as pessoas presentes.
Agenda
Na segunda-feira, Paulinho havia se reunido em São Paulo com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que ainda sonha em disputar a eleição presidencial. Na conversa desta terça-feira, Lula elogiou a postura de Paulinho de dialogar com diferentes forças políticas e disse que isso pode ser útil num eventual segundo turno.
Farra
O site Brasil de Fato (https://www.brasildefato.com.br) revela que o Ministério da Defesa gastou mais de R$ 150 milhões em verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) com despesas que não estão ligadas à saúde pública, como o conserto de aviões e a compra de equipamentos para escritórios das Forças Armadas no exterior.
Fonte
As informações constam em documento divulgado pela Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em fevereiro deste ano. Na semana passada, o Brasil de Fato mostrou que o uso de recursos do SUS pela Defesa bateu recorde no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Desvio de objetivos
O documento aponta gastos exorbitantes dos militares com o reparo de aeronaves. A Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, na capital dos Estados Unidos, gastou R$ 61 milhões com itens ligados ao conserto ou a suprimentos de aviação. O Centro de Aquisições Específicas do Ministério da Defesa utilizou cerca de R$ 49 milhões do Ministério da Saúde com manutenção, reparo e combustível para aeronaves. A Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa gastou R$ 25 milhões com o mesmo tipo de despesa.
Efeito ondas
As medidas de incentivo econômico e benesses do governo a algumas categorias próximas do presidente Jair Bolsonaro têm o potencial de virar uma bomba fiscal em 2023, segundo especialistas. Ações como corte de impostos, correção salarial de servidores e benefícios tributários dos últimos meses se baseiam em aumento estrutural da arrecadação, segundo fontes oficiais, porém essa tese não é consenso entre economistas, aponta O Globo.
Populismo
Muitos veem armadilhas para o próximo governo e avaliam que será necessário até rever o teto de gastos, âncora que estabelece que os gastos públicos só podem crescer até o limite da inflação do ano anterior. Para Juliana Damasceno, economista da Tendências Consultoria e pesquisadora do FGV/IBRE, pesa também nesse cenário o fator do ano eleitoral, que pode resultar em um “leilão de promessas” com agravamento da situação fiscal.
Bomba relógio
Juliana faz raciocínio: “Qual é o risco disso? Enorme, porque a gente não tem uma âncora fiscal, apesar de ter aberto uma brecha no ano passado na casa de R$ 113 bilhões, foi incapaz de acomodar um reajuste de 5% para os servidores. A gente está deixando uma bomba fiscal para ser desarmada em 2023”, afirma.
Cenário
O corte de tributos, como IPI e PIS/Cofins, tem impacto fiscal de R$ 40 bilhões. O reajuste de servidores já conta com reserva de R$ 11,7 bilhões do próximo Orçamento. E o governo precisa garantir verba para o pagamento do Auxílio Brasil, que só tem solução para este ano, e para bancar a promessa de reajuste da tabela do Imposto de Renda. Todo esse pacote, na avaliação de Damasceno, pode exigir revisão do teto de gastos, a ser feita pelo atual governo ou pelo próximo.
Ação necessária
A economista demonstra ceticismo conquanto ao respeito do teto de gastos do governo federal: “Não acredito na manutenção do teto para 2023. Ele vai precisar ser modificado para conseguir acomodar essas despesas — disse ela, que vê risco de o governo precisar subir impostos no próximo ano e que o mercado pode entender que essas baixas não são sustentáveis, o que pode desancorar as expectativas e fazer com que os juros subam mais”.
Futuro incerto
Oficialmente o governo justifica uma série de medidas, especialmente as de desoneração, pelo crescimento estrutural da arrecadação federal, um reflexo da atividade econômica. Mas economistas discordam. A professora da Coppead/UFRJ Margarida Gutierrez diz que não há movimento de mudança estrutural na economia brasileira, apenas fatores conjunturais, como é o caso do nível de atividade econômica mais forte do primeiro bimestre, da inflação alta que turbina a base de arrecadação no curto prazo, e da alta global de commodities: — Não é possível prever que essas condições vão perdurar até o fim do ano. Há incertezas, como as eleições e a guerra (na Ucrânia) em andamento.