Ontem, domingo, 25, o senador Alan Rick (UB) acionou o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolney Wolf, e este acelerou o reconhecimento da situação de emergência de 17 cidades acreanas em razão das inundações. A portaria 622 foi assinada pelo secretário após a ligação de Rick ao ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, correligionário de Alan no União Brasil.
Reconhecimento
Diante da presteza do Ministro Góes, o senador Alan Rick comemorou a decisão. “Fico feliz que o ministro tenha respondido tão rápido ao nosso pedido. Os municípios e o governo do estado necessitam desse reconhecimento para agilizarem o socorro aos afetados”, pontuou Rick.
Agenda
E continuou: “Amanhã (no caso hoje, 26) estaremos no ministério demonstrando também a necessidade de liberação de recursos federais para essa ajuda humanitária e posterior recuperação das cidades”, informou o senador. A reunião do Ministro Góes com toda a Bancada acreana ocorrerá as 17h de he, segunda feira, na sede do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
Caos
Levantamento do governo do estado mostra que a final do dia de ontem, em Rio Branco, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Jordão e Xapuri existem 3.717 pessoas desabrigadas, que estão sendo acolhidas em 39 abrigos, além do registro de 3.379 pessoas desalojadas, ou seja, que foram para casa de familiares ou amigos. Os dados de Plácido de Castro ainda estão sendo contabilizados.
Previsão
De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a previsão é de que as chuvas continuem sendo intensas no estado.
Solidariedade
Diante do reconhecimento da Situação de Emergência advinda das cheias de rios e igarapés acreanos, o governo do estado reuniu secretarias que compõem a força-tarefa instituída pela gestão e a ajuda para quem mais precisa continua chegando. Já no domingo, 25, moradores de Jordão (foto) receberam a segunda leva de doações de itens essenciais, numa rotina que teve início no sábado, 24.
Mutirão
Na cesta, suprimentos emergenciais, como frango e ovos para reforçar a alimentação, além de água mineral e hipoclorito de sódio, foram encaminhados às vítimas, resultado da mobilização das secretarias de Saude (Sesacre), de Planejamento (Seplan), do Meio Ambiente (SEMA), de Governo (Segov), de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Defesa Civil, Corpo de Bombeiros (CBMAC) e Casa Civil.
Supervisão
O secretário de saúde do Acre, o médico Pedro Pascoal, acompanhou pessoalmente a entrega de suprimentos e destacou a união de esforços em prol da população afetada pela enchente em Jordão. “Acabamos de receber a segunda remessa de doações, fruto da união de esforços da Sesacre e das demais secretarias de governo após a determinação do governador Gladson Cameli para que as famílias não fiquem de forma alguma desassistidas”, destacou Pedro Pascoal.
Agradecimento
O prefeito de Jordão, Naudo Ribeiro, recebeu pessoalmente as doações e agradeceu o apoio do Estado. “Muito obrigado ao governador, ao secretário (de Saúde, Pedro Pascoal) por vir aqui dar esse apoio pra gente e por estarem enviando esses insumos pra nossa população na hora que a gente mais precisa. Juntos, vamos vencer mais essa”, disse Ribeiro.
Duas faces
Em tom mais moderado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou à Avenida Paulista neste domingo, 25, em evento convocado para demonstrar apoio em meio a investigações da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Comparativo
A mudança de postura fica ainda mais evidente se comparada com a passagem do político pelo mesmo local há cerca de dois anos e meio, quando, no Sete de Setembro de 2021, o então titular do Planalto proferiu um de seus discursos mais bélicos, repleto de ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Amnésia e anistia
Neste domingo, sem citar ministros e a Suprema Corte, o ex-presidente falou em “passar a borracha no passado” e minimizou apurações envolvendo seu nome. No trio, ainda suplicou que parlamentares aprovem um projeto de lei para anistiar o que chamou de “pobres coitados” condenados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Paz e amor
“O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, buscar uma maneira de nós vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados. Por parte do Parlamento brasileiro, é uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil, agora pedimos a todos os 513 deputados um projeto de anistia para que seja feita Justiça em nosso Brasil”, afirmou Bolsonaro em discurso.
Negativa
Durante o ato, o ex-mandatário ainda negou participação em golpe de Estado e na confecção de uma minuta para decretar estado de sítio no país e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele afirmou que golpe é “tanque na rua, é arma, é conspiração”, e negou que tivesse havido convocação dos Conselhos da República e da Defesa, instrumentos necessários para decretar um estado de sítio.
Novo figurino
O tom empregado por Bolsonaro foi bem mais brando que o utilizado no Sete de Setembro em 2021, na mesma Avenida Paulista. Na ocasião, o então presidente abriu fogo contra Moraes enquanto inquéritos em tramitação na Corte já miravam seu entorno. Ele afirmou que não mais cumpriria decisões do magistrado, a quem se referiu como “canalha”.
Remember
“ Não podemos admitir que uma pessoa, um homem apenas turve a nossa democracia e ameace a nossa liberdade. Dizer a esse indivíduo que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixe de oprimir o povo brasileiro. Nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Ele tem tempo ainda […] de cuidar da tua vida. Ele, para nós, não existe mais. Liberdade para os presos políticos. Fim da censura. Fim da perseguição, aqueles conservadores, aqueles que pensam no Brasil”, disse Bolsonaro na manifestação de Sete de setembro 2021.
Peixe
A propósito do discurso do ex-presidente proferido ontem, na Avenida Paulista, exatos quatro dias depois de ficar em silêncio diante dos delegados da Polícia Federal que investigam sua participação no planejamento de um golpe de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro fez de cima do carro de som uma declaração que pode complicar sua situação no inquérito, por ter sido encarada pelos investigadores como uma confirmação de que ele tinha conhecimento da minuta de golpe.
Minuta
O documento que ficou conhecido como “minuta do golpe” foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres em janeiro de 2023. Era o rascunho de um decreto instalando um “Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral”, com o objetivo de “garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022”.
Reconhecimento
Ocorre que na prática, o texto previa uma intervenção no TSE para mudar o resultado das últimas eleições, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. “Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”, disse o ex–presidente no único momento do discurso de mais de 20 minutos em que se propôs a explicar as acusações da PF contra ele.
Olhos de lince
Para policiais federais envolvidos na apuração do caso– alguns dos quais inclusive acompanharam in loco a fala do ex-presidente –, embora tivesse a intenção de sustentar que não houve tentativa de golpe, ele admitiu que havia uma minuta. Esses investigadores anteciparam que a transcrição da fala será incluída no inquérito.
Temores
Ao longo dos últimos dias, Bolsonaro foi instruído pelos advogados a não fazer ataques ao STF ou a urnas eletrônicas, por exemplo, e muito menos ao ministro Alexandre de Moraes, que comanda as investigações sobre ele. O temor era de que ele se exaltasse e acabasse descumprindo alguma das medidas cautelares determinadas por Moraes ao autorizar a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro. Aparentemente, todo esse cuidado não foi suficiente para tirar Bolsonaro e seu discurso da mira da PF.