O agito político de último final de semana ficou por conta da troca de mensagens, via Whatsapp, em textos e áudio, entre o governador Gladson Cameli e a deputada federal Mara Rocha (PSDB), irmã do vice-governador Wherles Rocha (PSL).
Nó górdio
O desentendimento começou a partir da divulgação de uma suposta lista de cargos comissionados que foram assentados na máquina estatal a partir da chancela da deputada Mara Rocha e que seriam exonerados de suas funções em data próxima, numa retaliação do governo à postura belicosa da parlamentar.
Acendendo a fogueira
Em postagem enviada ao governador e tornada pública por um dos atores, Mara soa peremptória: “Bom dia ‘excelentíssimo’ governador! Engula seus cargos e aproveite e comunique as pessoas que fizeram as indicações usando meu nome. Pare de picuinhas. Isso não é papel de um governador”.
Gasolina no fogo
E prossegue: “Seu governo é fraco, um fiasco e não mostrou a que veio. As pessoas estão morrendo sem medicamentos, atendimento e estão jogadas nos hospitais. Seu sorriso falso e seus discursos vazios não vão enganar a população por muito tempo. Vai cumprir o papel para o qual o você foi eleito. Um estado não é brinquedo de menino rico para você brincar de reizinho! (sic)” .
Reação
Gladson não passou recibo a abordagem da deputada e devolveu o rebolo: “Você é uma babaca. Quanto te devo? Mal amada”. Em seguida, o governador envia uma áudio à deputada com a mensagem: “Mulher, não venha querer culpar sua incompetência. Sua politiqueirazinha”.
Vá com Deus!
Ao site Folha do Acre o governador Gladson Cameli afirmou na manhã de ontem, segunda, 24, rompeu oficialmente com a deputada Mara Rocha (PSDB) e que a parlamentar não faz mais parte da sua base de apoio. Segundo o noticioso, o rompimento, por hora, não se estende ao irmão da parlamentar, o vice-governador, Wherles Rocha (PSL).
Basta!
Gladson, que ontem estava em viagem à Brasília, afirmou que a relação com a deputada “chegou a um ponto insustentável e como pensamos diferente sobre tantas coisas e faltou respeito dela para comigo eu não pretendo continuar. Ela está fora da minha base de apoio e seus indicados não farão mais parte deste governo”, pontuou.
Separação
A respeito de Wherles Rocha, Gladson afirma que aguarda proximamente uma conversa com o vice, mas que está preparado para qualquer cenário, inclusive, o rompimento. “Meu rompimento com a deputada Mara não se estende ao vice-governador Wherles Rocha, a menos que ele queira. Se ele quiser romper eu vou entender e aceitar, o que não posso é parar meu governo por conta de picuinhas. Os acreanos merecem mais que isso”, declarou.
Caminho natural
O desentendimento promete desdobramentos futuros. Não é crível que o governador tenha rompimento político com a deputada e sintonia harmoniosa com seu irmão, o vice governador Wherles Rocha. Afinal, brigas costumam acontecer a partir de interpretações diferentes do mesmo acontecimento, então é natural que os irmãos Rocha, a partir dos laços sanguíneos e da convivência familiar, compartilhem da mesma visão que os contrapõem ao governador e que levaram a deputada a encaminhar mensagem menosprezando Cameli e este a pespegar-lhe adjetivos nada lisonjeiros.
Conselho atual
Na política, dizia Ulysses Guimarães, “se você não pode fazer um amigo, não faça um inimigo. Este guarda o ódio na geladeira, e no momento oportuno terá prazer em fazer uso dele. E sempre haverá um momento desses porque – como sabem todos que fazem parte dela – ‘a política dá voltas’”.
A voz da experiência
Ensinava ainda o Senhor Diretas: “Primeiro, não sejam impacientes. A impaciência é uma das faces da estupidez. Eu entendo que quem está na vida política não pode ganhar uma categoria histórica do dia para a noite. O caminho é longo, paciente, perseverante, difícil. Não pode haver afoiteza, impaciência. A impaciência não acaba só com carreiras futebolísticas”.
A superfície
Ainda de Ulysses: “ O inimigo, numa eleição, amanhece na boca da urna dizendo que a mãe do candidato não é honesta. É importante não ter inimigos pessoais. Pode-se ter adversários ferrenhos, como eu próprio tive o Adauto Lúcio Cardoso, o Carlos Lacerda, o Bilac Pinto. E aqui eu recordo um conselho do Perón a Isabelita, prevendo que ela assumiria a presidência da Argentina: “Minha filha, em política você fale muito sobre coisas, pouco sobre pessoas e nunca sobre você”. A “coisa” aí é a coisa pública, a tese”.
Injunção
Não passou desapercebida a intervenção do presidente da Aleac, deputado Nicolau Júnior (PP), no arranjo político para o pleito de Cruzeiro do Sul, no encaminhamento para a composição de uma chapa que agregará Progressistas, o PSD do senador Sérgio Petecão e outros partidos aliados, numa aliança agregando Zequinha Lima e Henrique Afonso, com a ordem da chapa ainda a ser definida.
Papagaio come milho...
Correligionário do prefeito cassado Ilderlei Cordeiro, Nicolau guardou entendimento que aderindo cegamente a candidatura do emedebista Fagner Sales, filho do ex-prefeito Vagner Sales, chefe do clã dos Sales, eventual vitória do rebento do ‘Leão do Juruá’ redundaria na leitura política de que o sucesso da candidatura de Fagner renderia créditos tão somente as ‘habilidades e prestígio’ político do ex-prefeito.
Autoconfiança
Quem vive o momento político de Cruzeiro do Sul, deduz que o grupo alinhado aos progressistas e aliados possui densidade eleitoral suficiente para embalar e levar a vitória uma candidatura própria, daí a opção pelo lançamento de uma chapa com Zequinha Lima e Henrique Afonso.
Mais do mesmo
Deflagrada na manhã desta terça, a 73ª fase da operação Lava-Jato apura a suposta participação de intermediários no recebimento de propinas pagas por empreiteiras em favor do ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo Filho, à época senador pelo MDB.
Enrolado
Pela operação “Ombro a Ombro”, a Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em Brasília contra Alexandre Almeida, assessor do ministro no TCU. A operação busca provas do pagamentos da empreiteira OAS para o ex-senador. Vital do Rêgo teve 4 milhões de reais em bens bloqueados.
O passado manda lembrança
As investigações dizem respeito à atuação do ministro na presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras, instaurada no Congresso em 2014. A operação, liderada pela força-tarefa de Curitiba, cumpre 15 mandados de busca e apreensão em Brasília e na Paraíba.
Propinas
Os investigadores também denunciaram o ministro pelo recebimento de 3 milhões de reais pagos por Léo Pinheiro, então presidente da OAS. O pagamento seria, segundo o MPF, uma contrapartida à atuação do então senador para que os executivos da OAS não fossem convocados para depor nas comissões parlamentares de inquérito da Petrobras.
Surreal
Segundo a denúncia, entre abril de 2014 e dezembro de 2015 o então senador “de modo consciente e voluntário, solicitou e aceitou promessa de vantagem indevida no valor de 5 milhões de reais” oferecida por Léo Pinheiro — por sua condição de presidente da CPMI. Os investigadores dizem que os trabalhos da comissão foram “esvaziados” e que os empreiteiros envolvidos com a Lava-Jato “não foram convocados para prestar esclarecimentos”. Além do ministro, outras nove pessoas foram denunciadas à 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba pelo MPF. Não custa dizer que o ministro é responsável por auditar o uso correto do dinheiro público. Esse é o retrato acabado do Brasil.