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Jamaxi

Dormindo com o inimigo

O jornal Folha de São Paulo, em boa parte do dia de ontem, 04/12, veiculou como matéria principal de seu site amplo material relatando que no mês passado cinco infratores ambientais participaram de uma reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, articulada por parlamentares federais do Acre, para discutir o futuro da primeira Reserva Extrativista (Resex) do país - a reserva Chico Mendes - e reclamar da suposta truculência de agentes do ICMBio e conseguiram que o governo federal suspendesse a fiscalização dentro da unidade de conservação.

Terra arrasada

Relata a matéria que, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Resex já perdeu 74,5 km2 de floresta, somente este ano, o que representa um aumento de 203% em relação ao ano passado. A área perdida equivale a quase dois Parques Nacionais da Tijuca (RJ), a maior floresta urbana do mundo, e é a maior da série histórica, iniciada em 2008.

Personagens

De acordo com reportagem da Folha, na reunião realizada em novembro estavam os infratores ambientais Gutierrri Ferreira da Silva, condenado pela Justiça Federal por desmatamento dentro da Reserva Chico Mendes (Resex); Gessi Capelão (MDB), vereador de Xapuri, que defende a expansão do gado dentro da Resex e a redução do seu território; e ainda Fátima Abreu Sarkis, personagem que tem um haras dentro da Resex, onde agora cria gado e que já foi autuada pelo ICMBio e pelo Ibama, apesar de ter conseguido liminar na Justiça para ficar na reserva;

Mais convivas

Ainda no convescote a deputada federal Mara Rocha (PSDB), que evoca a autoria de um projeto de lei que diminui área da Resex Chico Mendes e também Jorgenei da Silva Ribeiro, ex-procurador-geral do Acre e advogado, que mora em Brasília e que já foi autuado pelo ICMBio e denunciado à Justiça Federal por abrir uma estrada ilegal dentro da Resex, desmatando 71,5 hectares.

Anfitrião

Na impensável reunião, presente ainda o deputado federal Alan Rick (DEM-AC) e Uenderson de Brito, proprietário de 400 hectares dentro da Resex, onde cria gado e que também já foi autuado pelo ICMBio por desmatamento e quebra de embargo, que já foi notificado para sair da área, mas obteve liminar na Justiça Federal e, por óbvio, o anfitrião Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente.

Mais biografias

Ainda da bancada federal do Acre, a Senadora Mailza Gomes (PP-AC), da bancada evangélica, condenada em segunda instância por improbidade administrativa; deputada federal Vanda Milani (SD-AC), cunhada do “deputado da motosserra” Hildebrando Pascoal, condenado por homicídio e formação de quadrilha e que no ano passado gravou um vídeo de apoio “incondicional” para sua campanha e que também é mãe do secretário de Meio Ambiente do AC, Israel Milani.

Time completo

Por fim, o deputado federal Jesus Sérgio (PDT-AC); Rodrigo Oliveira Santos, desmatador e grileiro da Resex, que já foi sentenciado em primeira instância pela Justiça Federal e preso em flagrante por desmatamento, além de indiciado por ameaçar servidor do ICMBio de morte
e o Senador Sérgio Petecão (PSD-AC).

Mudança de finalidade

O jornal paulista revela que o encontro com Salles foi articulado por parlamentares acreanos como a deputada federal Mara Rocha (PSDB) e o senador Marcio Bittar (MDB-AC). No dizer do diário paulistano, Mara prepara um projeto de lei para reduzir o parque Chico Mendes, retirando da unidade de conservação áreas tomadas pela pecuária.

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Breque

O juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará, suspendeu ontem, quarta-feira (4), a nomeação de Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Palmares. O magistrado acatou uma Ação Popular de autoria do advogado Helio de Sousa Costa.

Capitão do Mato

Camargo, que foi nomeado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro na última quarta-feira (27), nega a existência de racismo no Brasil. Ele já chegou a afirmar em suas redes sociais que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e que o movimento negro precisa ser “extinto”. A Fundação Palmares é o órgão responsável pela promoção da cultura afro-brasileira.

De ponta cabeça

Para o Juiz Emanuel Guerra, esses exemplos mostram que o novo presidente da Fundação Palmares publicou declarações “que têm o condão de ofender justamente o público que deve ser protegido pela entidade que ele preside.”

Realismo fantástico

“De tudo o que se disse acima resta evidenciado que a nomeação do senhor Sérgio Nascimento de Camargo para o cargo de Presidente da Fundação Palmares contraria frontalmente os motivos determinantes para a criação daquela instituição e a põe em sério risco, uma vez que é possível supor que a nova Presidência, diante dos pensamento expostos em redes sociais pelo gestor nomeado, possa atuar em perene rota de colisão com os princípios constitucional da equidade, da valorização do negro e da proteção da cultura afro-brasileira”, escreve o magistrado.

Bom senso

“Em face do todo o exposto acolho, em juízo de cognição sumária, típica à espécie, os argumentos trazidos pela parte autora, razão pela qual suspendo os efeitos do Ato 2.377, de 27 de novembro de 2019, da lavra do Ministro-Chefe da Casa Civil tornando sem efeito a nomeação do senhor Sérgio Nascimento de Camargo para o cargo de Presidente da Fundação Cultural Palmares”, registra a decisão. As informações são da revista Veja.

Ressaca

Os resquícios advindos da votação da Lei Orçamentária e PPA na Assembleia Legislativa na terça feira (3), quando o governo aprovou por maioria as propostas, levando a oposição alegar que fraude no processo, ainda rende.

Denúncia

Na sessão de ontem da Aleac o deputado Daniel Zen (PT) rebateu o líder do governo na Casa, deputado Gehlen Diniz (PP), refutando a afirmação do líder que para defender sua posição disse que Zen, quando exercia o papel de líder do governo Tião Viana (PT) participava de sessões secretas na legislatura anterior, quando da discussão do dito Orçamento.

Faces oculpas

Zen chamou Gehlen de “cínico e mentiroso” e disse que Gehlen é assessorado pelo “filho de bebê monstro”, no caso o deputado Whendy Lima, filho do vereador N. Lima, conhecido como 'O Fio da Véia', dado que o parlamentar mirim tem o hábito de compor a estampa com um boné que era usado pelo cantor Luiz Américo, aquele interprete do hit Fio da Véia. "Deixa de ser cínico e mentiroso. Mentiroso! Presidente Nicolau, eu votei no senhor. Assuma os trabalhos. Eu votei foi no senhor, não foi no Whendy e no Gehlen”, disse o parlamentar pedindo que Nicolau tomasse a presidência dos trabalhos.