O jornalista João Renato Jácome foi demitido e teve decreto de exoneração publicado no Diário Oficial da Prefeitura de Rio Branco de ontem, 26. Ele deixa o cargo de chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, onde atuava havia pouco mais de um mês. Na última quarta-feira (24), de folga de seu trabalho como servidor, ele foi cobrir a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Acre como jornalista credenciado pelo Estadão.
Tema proibido
Durante a entrevista coletiva de Bolsonaro, João Renato fez uma pergunta sobre a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de anular a quebra de sigilo bancário de Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente. Bolsonaro se irritou com o questionamento, não respondeu à pergunta e encerrou a coletiva de forma abrupta.
Tempestade perfeita
A visita de Bolsonaro foi motivada pela crise humanitária do nosso estado, que enfrenta desde a semana passada, ao mesmo tempo, uma enchente em rios e igarapés; a lotação na rede de saúde por causa da covid-19 e do surto de dengue; e um conflito envolvendo refugiados que tentaram passar pelo Peru com destino aos Estados Unidos — a fronteira entre o Brasil e o Peru está fechada por causa da pandemia.
“Crime” e castigo
Ao portal UOL, Jácome contou que a secretaria —em que atuava desde o dia 17 de janeiro deste ano— adota um rodízio de servidores por decreto devido à pandemia em nosso estado. Ele explica que, na quarta-feira, estava de folga e foi contratado como repórter freelancer pelo jornal O Estadão para acompanhar a visita presidencial. “Eu já havia trabalhado por dois fins de semana seguidos por conta da enchente, e o secretário disse que eu iria folgar durante a semana —não só eu, como vários outros colegas de lá. E voltei ontem e trabalhei normalmente”, diz.
Estultícia
Jácome disse que ficou “surpreso e muito triste” ao saber da demissão sumária pela imprensa ontem. “Mas isso não vai fazer eu baixar a cabeça. Vou continuar trabalhando e fazendo o que eu sempre fiz. Uma coisa que ninguém pode me acusar é de ter feito algo errado. Não fui exonerado por um crime, por improbidade, por incompetência. Fui exonerado porque estava trabalhando, e isso incomodou, infelizmente”, disse.
O outro lado
O portal UOL relata que procurou o diretor de comunicação da Prefeitura de Rio Branco, Ailton Oliveira de Freitas, para pedir a versão oficial da exoneração. “O motivo é que o jornalista estava em horário de trabalho para o município e estava trabalhando para terceiros”, afirmou Ailton. Para registro, é de domínio público que o prefeito Tião Bocalom (PP) é aliado de primeira hora do presidente, e inclusive veio de Brasília para Rio Branco com Bolsonaro na quarta-feira. Ele postou foto dentro do avião presidencial, conforme atesta foto que ilustra essas notas.
Tinhoso
Embora o relator da PEC Emergencial no Senado, Márcio Bittar (MDB-AC), tenha anunciado a retirada dos pisos de saúde e educação do texto da propalada PEC, o Planalto quer insistir no ponto. Uma das estratégias será acionar prefeitos e governadores para eles pressionarem os senadores. Parlamentares governistas, contudo, avaliam que será difícil votar o relatório da proposta sem fatiamento. Assim, trabalham por uma alternativa: cortar despesas e até programas, como forma de compensação. A PEC é importante por abrir caminho ao auxílio emergencial.
Bem bolado
“Quando uma expectativa de receita acaba frustrada, é preciso buscar alternativas e é isso que vamos fazer nesses dias”, afirma Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso.
Peneira…
O ministro da Cidadania, João Roma, está debruçado sobre números, cruzando cadastros, para ver quem fica e quem sai no novo auxílio emergencial do governo federal.
…mais…
“Vai gerar uma depuração. Com volume e prazo exíguo, naturalmente, muita gente que não era necessariamente o público mais necessitado recebeu (o benefício)”, disse.
…fina.
“É preciso ampliar a eficiência da destinação dos recursos”, completou. Com os números de Paulo Guedes em mãos, Roma recebeu carta branca do Planalto para desenhar o programa como achar melhor.
Agora vai?
Depois de fraudes no auxílio emergencial, o software do Caixa Tem, aplicativo para o pagamento do benefício, já teve mais de 50 atualizações para melhorar a segurança dos usuários e torná-lo mais amigável. O banco quer evitar o mico na nova rodada do auxílio.
Ligeirinho
A cúpula do Congresso quer garantir que a comissão especial da PEC da Blindagem atue pelo prazo mínimo de dez sessões. A intenção é não dar tempo extra para o desgaste em torno da matéria.
É dela
A deputada Margarete Coelho (PP-PI) deve continuar na relatoria do projeto na comissão. A presidência está vaga.
Tratorista
Defensores da proposta estão reticentes quanto à possibilidade de aprovação. O revés está na conta de Arthur Lira (PP-AL): “tratorou” geral quando a matéria poderia ter sido negociada.
Homem ao mar
O jornal Folha de S. Paulo, que representa os interesses da classe dominante no Brasil, decidiu abandonar o ex-ministro Sérgio Moro e, pela primeira vez, apoiar a sua suspeição no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo: as estarrecedoras revelações sobre a Lava Jato feitas por Walter Delgatti.
Caindo no real
“Desde que vieram a público, em junho de 2019, os primeiros vazamentos de conversas entre investigadores da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro, ficou evidente que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não teve um julgamento imparcial no caso do famigerado apartamento de Guarujá (SP). As gravações mostraram uma proximidade inaceitável entre magistrado e acusadores, o que é razão suficiente para a suspeição”, aponta o editorial deste sábado.
Ação deletéria
O jornal também condena as posturas de Deltan Dallagnol e Érika Marena. “Por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, colocou-se o material à disposição dos advogados de Lula. À medida que mais mensagens vão sendo examinadas, mais heterodoxias vão sendo descobertas. É particularmente chocante o diálogo entre dois procuradores debatendo o que devem fazer diante da informação de que uma delegada da Polícia Federal havia lavrado termo de depoimento de testemunha que não fora ouvida”, aponta o texto.