Nesta terça-feira, 17, completam 30 anos que uma notícia estarrecedora, logo nas primeiras horas da manhã, adentrou os lares acreanos. O assassinato do jovem governador Edmundo Pinto, entronizado no cargo havia menos de dois anos. O crime teve lugar no luxuoso Hotel Della Volpe, em São Paulo, capital, e ainda é um mistério e a dúvida paira na cabeça dos acreanos até hoje, conquanto a motivação: crime encomendado ou latrocínio?
Cenário
Na madrugada de um domingo, de 1992, Edmundo Pinto foi morto a tiros por três homens no apartamento 707 do Hotel Della Volpe Garden na Rua Frei Caneca na capital paulista. Os criminosos roubaram Cr$ 500 mil do apartamento que ele ocupava desde 14 de maio e ainda roubaram US$ 1.500 de John Franklin Jones, hóspede do apartamento 714 e funcionário do banco norte-americano Northeast. Jones disse para a polícia que os assaltantes eram três mulatos e seu depoimento foi um dos que permitiram a prisão dos criminosos.
Agenda política
O assassinato ocorreu menos de 48 horas antes de Edmundo depor na CPI do Congresso que investigaria suspeitas que o próprio governador seria um dos responsáveis pela malversação de verbas para a construção do Canal da Maternidade com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), num caso onde citou-se o ex-ministro da Previdência Antônio Rogério Magri, cujo envolvimento não se confirmou.
As dúvidas
Houve suspeitas também sobre disputas partidárias acreanas e até queima de arquivo. A polícia concluiu como latrocínio (roubo seguido de morte), já que houve luta corporal, posto que Edmundo Pinto foi atingido por um tiro de raspão na cabeça e outro certeiro no coração. Houve novas investigações sobre o caso em 1993 e 2003 e o mesmo foi alvo da CPI da Pistolagem em 1992, quando Gilson José dos Santos, um dos acusados de matar o governador, disse que recebera dinheiro para cometer o crime.
Hipóteses
A suposição de que o assassinato ocorreu por motivos políticos foi primeiramente levantada, em Brasília, pelo diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma. A hipótese se fundamentou nas disputas partidárias acreanas e pelo fato de o governador acreano estivesse, supostamente, envolvido na malversação de verbas para a construção do Canal da Maternidade, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço).
Agenda
A época, segundo depoimento do chefe da Casa Civil do governo do Acre, Luís Carlos Pietschmann, que integrava a comitiva acreana a São Paulo, ele próprio, o governador e o ajudante de ordens, capitão da PM, Marcos Winmann, foram no sábado à noite a um cinema na avenida Paulista. Assistiram “Cabo do Medo”, e à meia-noite já estavam todos de volta a seus aposentos. O homicídio ocorreu entre 2h e 2h30, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro de Campos.
Dúvidas
Outro delegado de polícia, Marco Antônio Desaguado, disse por sua vez que “há indícios de que os assassinos entraram procurando alguma coisa no quarto”. A porta da saída de emergência do sétimo andar havia sido aberta por dentro, o que permitiria a fuga dos assassinos pela escada, desde que pulassem o muro que dá acesso ao terreno da Maternidade de São Paulo. O corpo do governador foi encontrado com um tiro de raspão no crânio e outro no peito com balas calibre 38. Os peritos constataram indícios de luta corporal. Fato é que até hoje o mistério permanece!
Ato religioso
A pedido da família, a Diocese de Rio Branco realiza uma missa na Catedral Nossa Senhora de Nazareth, a partir das 19 horas. O momento religioso deve reunir familiares, amigos, políticos e autoridades, além de ser aberto ao público em geral. O convite vem sendo feito há semanas pela família de Edmundo Pinto e deve reunir familiares, amigos e simpatizantes.
Escalação
O advogado João Tota Filho, filho do falecido ex-deputado federal João Tota e da ex-deputada estadual e ex-Secretária de Estado Maria das Vitórias, atual suplente do senador Sérgio Petecão (PSD), será o vice na chapa de Petecão rumo ao governo do estado. O anúncio está marcado para esta sexta-feira (20). A família do advogado é de expressiva liderança em Cruzeiro do Sul, cidade governada por João Tota, entre o final dos anos 60 e início dos anos 70, por 10 anos foi prefeito de Cruzeiro do Sul e teve 3 mandatos de deputado federal.
Acerto
PT e PSD avançaram, nos últimos dias, nas negociações para fechar uma aliança eleitoral este ano em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do Brasil. O acordo costurado prevê que o PT apoie a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) ao governo mineiro, mas que as duas siglas lancem candidaturas ao Senado.
Impasse
Os dois postulantes à única vaga ao Senado que estará em disputa este ano seriam o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) e o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que tentará reeleição. Inicialmente, Reginaldo resistia a essa “candidatura dupla” dele e de Silveira ao Senado. Nos últimos dias, porém, o deputado avisou a cúpula do PT topar esse acordo.
Reunião
As negociações entre PT e PSD em Minas Gerais avançaram após uma reunião recente entre o ex-presidente Lula e o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. O encontro aconteceu na primeira semana de maio, na véspera da viagem de Lula a Minas. O ex-presidente visitou o estado na semana passada, mas não se encontrou presencialmente com Kalil.
Mais do mesmo
Febre há quatro anos atrás, nas eleições de 2018, os disparos de mensagens para múltiplos usuários do WhatsApp já assombram o pleito deste ano, mesmo a cinco meses da votação e após terem sido proibidos pela Justiça Eleitoral em 2019. Usuários da plataforma no Paraná receberam, na última sexta, mensagens de remetentes desconhecidos sobre a campanha para o governo do estado, todas iguais e com foco na pré-candidatura de Cesar Silvestri, do PSDB.
Registro
Os envios foram feitos por dois números do Rio de Janeiro e de São Paulo que estão cadastrados na ferramenta WhatsApp Business, voltada para empresas e estabelecimentos comerciais. As contas utilizam a bandeira paranaense como imagem de exibição e entram em ação em pelo menos três momentos da tarde de sexta (às 17h, 17h16m e 17h17m), mesmo dia em que partidos passaram a veicular propagandas institucionais na TV e no rádio.
A margem da lei
A mensagem distribuída virtualmente afirmava que “a campanha nem começou, mas muita coisa vai mudar” e convida os usuários a assistirem a um vídeo de 30 segundos também enviado pelo PSDB às emissoras locais. A peça publicitária mostra o governador Ratinho Júnior (PSD) e Roberto Requião (PT), seu principal opositor, seguidos de Silvestri, que foi deputado estadual e prefeito de Guarapuava (PR). O tucano é retratado como uma terceira via alternativa à dupla.
Beneficiário
Procurado, Silvestri afirmou que deesconhece os envios e negou qualquer responsabilidade por eles. Depois de ter publicado uma resolução em dezembro de 2019 proibindo a prática, o TSE reforçou o veto no ano passado, ao absolver a chapa Bolsonaro-Mourão de acusações neste sentido.
Ação
O WhatsApp informou que baniu as duas contas, assim como outras reportadas por usuários devido a comportamento similar. A empresa também declarou que lançará em conjunto com o TSE uma plataforma para que se possa reportar especificamente os disparos em massa em período eleitoral.