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Jamaxi

Dança das cadeiras

A Agência de Notícias do Acre, órgão oficial de notícias do Governo do Estado do Acre, fez publicar na manhã de ontem (23) que o governador Gladson Cameli (PP) reconduzirá o deputado estadual Gehlen Diniz à liderança do governo na Assembleia Legislativa do Estado (Aleac) em substituição ao deputado Luiz Tchê (PDT), que por sua vez já tinha substituído Diniz na função em meados do maio deste ano.

A missão

Nas palavras do site oficial, ao reassumir a liderança do governo na Aleac Gehlen Diniz terá a "missão de unir novamente a base de sustentação que trabalhará pela aprovação de propostas do Poder Executivo junto ao Poder Legislativo". O argumento torna-se pueril justo quando o descumprimento dessa premissa foi o 'mote' apresentado pelo governo para ensejar seu remanejamento do cargo, quando da primeira passagem no posto.

Memorial

Para quem não lembra, quando foi substituído por Tchê na liderança do Governo, entre outras coisas, Gehlen Diniz era apontado como incapaz de proceder a tal 'união da base de sustentação' e ele chegou a apontar o motivo de seu insucesso: o "suposto desinteresse dos parlamentares da base em apoiar de fato o governo de Gladson Cameli". O que mudou de lá pra cá, não veio ao conhecimento do distinto público.

Vadiagem

O clima de revolta dos deputados contra o governo se acirrou quando o governador, na última quinta feira (19), patrocinou uma limpa nos cargos comissionados que ocupavam espaço na máquina governamental, aquinhoando indicações feitas por parlamentares de sua base de sustentação, usando o argumento de que estes 'não trabalhavam'.

Chancela

O argumento do governador foi corroborado pela genitora do governante, dona Linda Cameli, no facebook, quando soou peremptória: "se estivessem preocupados com a população (os deputados) não estariam tão desesperados. Tem muita gente com cargos comissionados que nem no Acre mora e com altos salários”, declarou. Segundo ela, esses “servidores fantasmas”, são em sua maioria, apadrinhados dos atuais deputados do Acre. “É complicado consertar o que está errado”, disse Linda Cameli.

A lista

No rol das degolas realizada por Gladson, inclui-se esposa de Luiz Tchê, o líder deposto, a senhora Nara Schafer; um primo do renomeado líder Gerlen Diniz, alojado em cargo de confiança na Funtac; as indicações do líder do partido de Gladson na Aleac, o PP, o deputado José Bestene e o filho do casal Wagner Sales e da deputada Antonia Sales, o advogado Fagner Sales,que também é irmão da deputada federal Jéssica Sales, clã que comanda o MDB no Juruá.

Coincidências e anacronismos

O deputado emedebista Roberto Duarte chama a atenção para o conflito existente na justificativa utilizada para as 340 demissões, quando o governo recorre ao discurso do equilíbrio financeiro do tesouro estadual. Lembra que no início do mês de maio, após reduzir mais de 1,5 mil cargos no início da gestão, fixando-os em 900, o governo embutiu na proposta que compôs a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) a criação de 300 novos cargos comissionados, sob a justificativa que errou na dose ao patrocinar o ajuste.

A pergunta que não quer calar

Um oposicionista deixa indagação: "Por que só agora, quando os deputados derrubam os vetos imposto pelo executivo na LDO, o comando governista vem anunciar a necessidade da demissão de 340 comissionados - justo aqueles indicados por deputados da base - sob o argumento de que não trabalham e conforme atesta a mãe do governador 'são servidores fantasmas'. Outra pergunta que paira no ar: se não trabalham, são fantasmas, corroem o equilíbrio fiscal e outras mazelas, porque foram nomeados?"

Curiosidade

Ainda sobre as degolas, o líder do PT na Aleac, deputado Daniel Zen, em artigo republicado aí ao lado, na página 3, faz indagação assaz pertinente: " Que perspectiva de governo é essa que, em uma retaliação a sua base de sustentação no parlamento, descarta, de uma vez só, tanta gente assim?"

Indagações

E segue: "Essa exoneração em massa provaria que os cargos comissionados são um grande cabide de empregos, cuja ocupação é desprovida de espírito republicano, de compromisso com a coisa pública? Ou foi apenas uma manobra atabalhoada de intimidação do governador para com seus aliados na Assembléia? Que política é essa que está sendo pensada e praticada?... a atitude adotada provou que ele, governador, não tem compromisso, respeito e consideração para com quem ajudou a elegê-lo?".

Brucutu

A Associação dos Produtores de Teatro (APTR) ontem emitiu nota em que repudia as declarações do bolsonarista chapa-branca Roberto Alvim, diretor da Funarte. “A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma ‘guerra irrevogável’."

Ferradura

Adiante: "Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão”, diz a nota.

Autodepreciação

Ainda: “Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional -ou seja, representando o país como um todo- o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação".

Fim dos tempos

Por fim: "Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo”. A coluna se rende à Nelson Rodrigues: existem situações em que até os idiotas perdem a modéstia.

Indignação

A revelação do Coronel Paulo Cézar dos Santos, Secretário de Segurança Pública do Estado do Acre ao site de notícias ac24horas, dando conta que cerca de 50% da tropa da PM está à disposição de autoridades e instituições do Estado e não combatendo o crime nas ruas, é de uma gravidade extrema, diante do quadro de guerra civil que nossa capital e o Estado como um todo vivenciam, e um acinte ao cidadão que honra com seus impostos.

Discurso e prática

A situação toma contornos mais surreais quando o atual vice-governador Wherles Rocha (PSDB) - a quem foi delegado o comando do Sistema de Segurança Pública pelo governador Gladson Cameli (PP) -, quando na oposição, era duro crítico dessa realidade e, ainda, durante a campanha, uma de suas promessas, era que, detendo poder de mando, iria contornar o inconcebível quadro.