Na manhã da última sexta feira, 17, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Jair Bolsonaro (PL) e, também, aliada do "novo crente", senador Márcio Bittar (PL), ministrou palestra no Acre mirando o público evangélico do estado.
Esvaziamento
O que foi anunciado como um grande encontro evangélico, contou com diminuta participação de religiosos. Damares Alves discursou para um pequeno grupo de "lideranças" que se fizeram presentes, destacou a recente conversão do senador e ex comunista Márcio Bitta ao protestantismo, justamente a um ano antes das eleições do ano que vem. Expressou, também, a necessidade de reeleger o ‘novo irmão’.
Embalagem
Com objetivo de introduzir o "irmão Bittar" no meio evangélico - segmento poderoso e que atrai a gula de todos os políticos por votos -, Damares destacou a importância do senador no Congresso Nacional, e a importância de eleger "os nossos". Rotulou a agenda como um ‘encontro de amigos’.
Sacro e profano
“Para além de uma atividade religiosa, temos o nosso papel no Congresso Nacional. Hoje, além de sermos agentes políticos, nós somos agentes do Reino de Deus. Acredito! E para mim, a comunidade evangélica sempre tem como lema ‘Precisamos eleger os nossos’. Aí, quando os nossos estão lá dentro e dão testemunho, nós levamos muitos aos pés de Jesus”, declarou Damares, reforçando a necessidade da reeleição do astuto Márcio Bittar.
Cenário
As pesquisas mais recentes mostram que o presidente Lula “saiu das cordas e voltou a ser o favorito para a eleição do ano que vem”. A avaliação é do jornalista Elio Gaspari, em artigo publicado no jornal O Globo. Segundo ele, a recuperação política do governo se deve a uma combinação entre ações concretas do Planalto e equívocos estratégicos da oposição.
Êxito
Gaspari afirma que o governo conseguiu impor uma “agenda positiva” ao ampliar a isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores de menor renda. Ao mesmo tempo, diz que a oposição se perdeu em um “delírio trumpista”, com manifestações que exibiram uma gigantesca bandeira dos Estados Unidos na Avenida Paulista no 7 de Setembro.
Sombra maléfica
Para o colunista do jornal O Globo, a associação de lideranças bolsonaristas ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxe mais desgaste do que apoio político: “Trump e suas tarifas não produzem um só emprego no Brasil”.
Ambições
Gaspari avalia que a escalada trumpista contra o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, é um ensaio para o verdadeiro objetivo de Donald Trump na América Latina: Cuba. Ele cita o senador Marco Rubio e afirma que a queda do regime cubano poderia desencadear “um dos grandes booms imobiliários do século”. Para Trump, Cuba permanece como símbolo geopolítico e oportunidade econômica.
Excentricidade
O colunista também menciona a proposta de Trump de construir um “arco monumental” para celebrar os 250 anos dos Estados Unidos. Segundo Gaspari, trata-se de mais um exemplo do estilo grandiloquente do presidente norte-americano, sem relação com a tradição francesa do Arco do Triunfo.
Tóxico
A pré-candidatura do senador Sérgio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná provocou uma crise no Progressistas (PP) e levou à saída de dezenas de prefeitos da legenda. As informações foram divulgadas pelo jornal Estado de S. Paulo, com base em certidões de filiação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Debandada
Dos 61 prefeitos eleitos pelo PP em 2024, 18 já se desfiliaram após a oficialização da federação entre PP e União Brasil que inclui o apoio à candidatura de Moro. Dirigentes do partido afirmam, porém, que o número de dissidentes pode chegar a metade da bancada municipal. Procurado, Moro não se manifestou.
Opção
O movimento revela resistência de prefeitos do PP em embarcar no projeto eleitoral de Moro. A maioria prefere permanecer alinhada ao grupo do governador Ratinho Júnior (PSD), que não apoia a candidatura do ex-juiz da Lava Jato. Dos 18 prefeitos que saíram do PP, 11 seguem sem partido e 7 migraram para o PSD. Dirigentes do Progressistas afirmam que muitos prefeitos se sentiram pressionados diante da possibilidade de perder convênios e repasses estaduais caso não permanecessem próximos ao governo.
Ampulheta
Noticia o jornal O Globo, edição de hoje, 19, que a divisão entre os nomes da direita mais próximos a Jair Bolsonaro e aqueles alinhados ao Centrão dificulta o anúncio do ex-presidente sobre o candidato do grupo em 2026 e impôs mais barreiras ao já conturbado andamento do projeto de redução de penas aos envolvidos em atos antidemocráticos.
Lenga-lenga
Para acelerar a escolha do candidato que enfrentará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem, a cúpula de partidos do Centrão vem cobrando uma “virada de página”. Assim, defendem que o texto da dosimetria, que pode beneficiar Bolsonaro, seja votado rápido. O entendimento desse grupo é que, enquanto a redução de penas não for votada, bolsonaristas vão usar a bandeira da anistia para adiar indefinidamente um apoio para 2026 e continuar insistindo em Bolsonaro como candidato, mesmo inelegível.
Pressa
União Brasil e PP, que formaram uma federação, encabeçam a pressão para que Bolsonaro apoie o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência antes de acabar o ano. Caso Tarcísio resista a ser candidato, a preferência do grupo é pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). A articulação também conta com a participação dos comandos nacionais de Republicanos e PSD. Na quinta-feira, 16, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, secretário de Relações Institucionais de São Paulo, disse que Tarcísio é “a cereja do bolo da renovação política”.
Condicionantes
O objetivo deste grupo do Centrão é mostrar que o perdão irrestrito a envolvidos em atos antidemocráticos não tem apoio no Congresso e encerrar qualquer brecha para que o grupo mais próximo a Bolsonaro siga pressionando para que ele evite apoiar um nome. Ao mesmo tempo, tentam fazer um aceno ao ex-presidente com uma redução de penas e até um acordo que possa impedir que ele fique preso em regime fechado.
Idas e vindas
A avaliação é que o projeto precisaria ser aprovado até o fim do ano. Caso contrário, partidos do Centrão traçam um cenário pessimista em que a direita iniciará 2026 desorganizada e em condições de desvantagem na disputa contra Lula, que retomou a popularidade, como mostrou a pesquisa Quaest no início do mês. Apesar da tentativa de acordo, o projeto de redução de penas está travado.
Empecilho
Líderes da Câmara dizem que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), aliado do governo, tem sinalizado contra o texto construído pelos deputados e que não adiantaria aprovar o projeto para depois ele não avançar na outra Casa, como aconteceu na PEC da Blindagem, que criava a necessidade de aval do Congresso para processar deputados.
Nó górdio
Diante do acirramento entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e nomes do Centrão, o grupo dos presidentes de siglas tem descartado agora qualquer acordo que inclua o filho 03 do ex-presidente como candidato, seja a presidente ou vice. Por outro lado, embora demonstrem preferência por Tarcísio ou Ratinho, há disposição de integrantes da direita para que outros nomes sejam avaliados para a chapa, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas de preferência para a vice.
Toxicidade
O cenário de divisão se acentuou com as críticas públicas de Eduardo a representantes da direita que acenaram aos governadores de São Paulo e Paraná. O deputado divulgou nos últimos dias mensagens contra o presidente do PP, Ciro Nogueira, e a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que ignoraram o parlamentar como um nome viável para 2026. Enquanto não há um acordo, o Centrão abriga alas governistas, o que os dirigentes tentam mudar. Entre eles estão os ministros de Esporte, André Fufuca (PP), e Turismo, Celso Sabino (União).