Passado o domingo de Páscoa a temperatura política do Acre, em que pese o recrudescimento da pandemia da covid-19, subiu alguns graus celsius. Ontem, segunda feira (05), o vice-governador Wherles Rocha (PSL), em entrevista ao programa Gazeta Entrevista, apresentado pelo jornalista Itaan Arruda, na Rede Gazeta, descatitou para cima do governo e do governador Gladson Cameli, intensificando o tiroteio. A postura crítica também é guardada pela irmã do vice-governador, a deputada federal Mara Rocha (PSDB).
Prazo de validade
O que era tido como certo para a grande parte dos observadores do cenário político do estado, no caso a briga do titular e do vice no transcorrer do mandato – a maioria cravando que o divórcio ocorreria antes do 12º mês, dado a volúpia de Rocha pelo poder -, veio à público e virou caso consumado no 28º mês da administração da dupla, tendo como ápice a entrevista de Rocha com data de ontem.
Ida sem volta
Dentre outras coisas, Rocha anotou que o estado é governado pela incompetência, vez que o governador não pauta sua administração pelo planejamento e vale-se da pirotecnia para gerir o estado; elencou que existe um cartel no setor de obras do governo onde os beneficiários diretos são empresas oriundas de Manaus e avançou dizendo que não intui o motivo da influência das empresas amazonenses na gestão do estado, deixando, no entanto, plantado nas entrelinhas, que o Amazonas é o estado onde o pai do governador, o empresário Eládio Cameli e familiares, mantém o grosso dos negócios da família.
Metamorfose ambulante
Continuando, foi peremptório ao afirmar que os familiares do governador, com empresas que trabalham para o governo do Acre, têm auferindo vantagens em transações com o ente federado; listou casos de corrupção envolvendo firmas de familiares do governador e empresas amigas; enfim, agiu com a verve de um autêntico opositor ao governo e ao governador, em que pese ter formado chapa com Cameli em 2018, entoando discurso de competência e moralidade.
Contra-golpe
Respostando a Wherles Rocha, o empresário Orleilson Cameli, conhecido como Zico Cameli, um dos supostos beneficiários citados por Rocha como beneficiário de processos licitatórios fraudulentos, em sua conta no facebook fez singela postagem endereçada ao vice-governador: “Wherles Rocha, atividade suspeita é do teu *&#+#* e dos teus. Vem falar isso na minha cara, conspirador vagabundo e patife!”. Shiiii... Tirem as crianças da sala!
Rotina
Vale relembrar que Wherles Rocha acentua suas críticas à Cameli desde o início deste mês. No dia 1º – data mundialmente conhecida como o dia da mentira -, Rocha recorreu ao facebook para enfatizar que o governador é useiro e vezeiro na prática de lançar inverdades e, por isso mesmo, dizia-se cansado de “hipocrisia e enganação” mas que está ciente de sua “responsabilidade perante tudo isso”, e não se furta “da culpa e da luta por dias melhores”.
Beliscando
A acidez com que Wherles Rocha se reporta ao governador Gladson Cameli também é compartilhada por sua irmã, a deputada federal Mara Rocha (PSDB). Numa postagem feita por Wherles no dia 3 de abril, onde o vice, à guisa de reverberar as críticas que fez no dia 1º, Wherles reforça que ao governo está faltando “Planejamento e rumos”, o que agrava o caos na saúde pública, crítica chancelada por Mara, que faz fala aquiescendo a posição do irmão.
Voz uníssona
Diante do discurso de Wherles, a irmã deputada exalta: “Infelizmente o que vemos é a mentira sendo falada como verdade. As vacinas que os acreanos estão recebendo, são 100% vindas do Programa de Imunização do Governo Federal. Não são, portanto, nenhuma aquisição do governo estadual como está sendo propagado”.
Termômetro
O ex-presidente Lula é o melhor nome para vencer Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta segunda-feira, 5. Enquanto o petista subiu 4 pontos percentuais, indo de 25% para 29%, Bolsonaro foi de 27% para 28%, na simulação do 1º turno das eleições.
Segunda foto
Já no segundo turno, Lula é o único que vence Bolsonaro, com 42% contra 38%. Ciro Gomes, que aparece como terceira via para alguns setores, aparece empatado com Bolsonaro, o líder da extrema-direita brasileira em 38%. O ex-juiz da Lava Jato de Curitiba, Sergio Moro, também empata em 30%, e Guilherme Boulos (PSOL) perde com 30% contra 38% de Bolsonaro. Desta forma, Lula é o único que vence Bolsonaro e, assim, a pesquisa comprova que o ex-presidente é o melhor nome para barrar o bolsonarismo em 2022.
Repetição
Esse fato já havia sido levantado pela pesquisa Fórum em parceria com a Offerwise divulgada em 17 de março. A dita pesquisa já havia mostrado que, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente venceria Bolsonaro no segundo turno e ficaria à frente já no primeiro. Num eventual segundo turno, Lula teria 38% e Bolsonaro 33.8%.
Outra aferição
Em levantamento, feito entre 15 e 17 de março, a pesquisa DataPoder mostrou que Lula também vence Bolsonaro no segundo turno, com 34% das intenções de votos contra 30%.
Unificação
As pesquisas confirmam que, para derrotar Bolsonaro em 2022, é preciso apostar na candidatura Lula. Desta forma, uma terceira via, cogitada por um setor da esquerda e por um setor da direita golpista, não é viável para derrotar o bolsonarismo.
Interpretação
Defensores da candidatura de Lula, defendem, então, que fica claro que é preciso unificar a luta contra Bolsonaro em torno da candidatura de Lula e, através dela, defender um programa para reverter os ataques promovidos pelo golpe de 2016 - do qual Bolsonaro é o resultado e a continuação.
Ponto pacífico
Entre outras coisas, a candidatura de Lula permite unificar a luta contra a extrema direita; contra o desmonte das empresas estatais, principalmente a Petrobras (motor econômico do Brasil); contra a carestia; pelo aumento real do salário mínimo; pela vacinação massiva contra Covid-19; pela reversão da PEC do Teto dos Gastos; e assim por diante. A candidatura de Lula é o ponto central para reunir todas as reivindicações progressistas, democráticas e em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Renúncia
A propósito das eleições presidenciais de 2022, ao defender uma aliança ampla capaz de impedir a reeleição de Jair Bolsonaro , o pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), defendeu ontem, segunda-feira, 5, que o petista Luiz Inácio Lula da Silva tenha a “generosidade” de não disputar a eleição para o comando do País no ano que vem.
Exemplo
Ciro sugeriu inspiração no exemplo de Cristina Kirchner, que deu um “passo para trás” e aceitou ser vice de Alberto Fernández ao invés de encabeçar a chapa eleitoral na Argentina. Ciro citou ainda como exemplos “desastrados” de tentativa de perpetuação no poder o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro e o ex-presidente da Bolívia Evo Morales.
Paralelos
“A gente devia pedir generosidade a quem já teve oportunidade, como o Lula, que é uma grande liderança brasileira. Mas a gente devia pedir a ele que se compenetrasse e não imitasse o exemplo desastrado do (Nicolás) Maduro na Venezuela ou do Evo Morales na Bolívia. E olhasse o que a Cristina Kirchner fez na Argentina em que, tendo uma força grande, deu um passo pra trás e ajudou a Argentina a se reconciliar”, afirmou ao participar de debate virtual sobre a reforma administrativa organizado pela Central dos Sindicatos Brasileiros.
Visão
Ciro defendeu ainda que o País precisa se “reconciliar consigo mesmo” e não pode entrar nas eleições do ano que vem com uma agenda que reproduza a “lógica do ódio” e de um enfrentamento vazio na discussão sobre o futuro do País.
Questão racional
“Derrotar Bolsonaro é muito importante, não por ódio a ele, mas para derrotar o desastre que ele está produzindo, na saúde, na economia, na relação internacional que o Brasil está desmoralizado. Mas a segunda grande tarefa, mais difícil e que pede uma grande reconciliação entre todos nós, é botar algo no lugar nesse ambiente de terra arrasada em que nós estamos”, disse.
Filme antigo
O pedetista disse ainda que, tanto do lado de Lula quanto do de Bolsonaro, haverá acusações de envolvimento com casos de corrupção que podem levar o País a uma polarização ainda mais grave e os partidos de direita que não devem apoiar a reeleição, buscarão um rosto próprio. “A direita brasileira vai largar o Bolsonaro ao mar e vai tentar se reciclar aí com uma carinha qualquer e vão fazer propaganda. E isso o Brasil não aguenta mais”, disse.