Militantes do Partido dos Trabalhadores de Brasiléia estão a reclamar da decisão tomada pela prefeita do município, Fernanda Hassem, eleita e reeleita pela sigla, que determinou o desligamento de sua administração dos filiados petistas que não acatarem a determinação de apoiar a candidatura do seu irmão, Tadeu Hassem (Republicanos), que postula vaga na Aleac; do esposo, Israel Milani (Republicanos), que busca a Câmara Federal e da sogra, Vanda Milani (PROS), que mira o Senado.
Perseguição
Sobra a decisão da prefeita Fernanda, o Partido dos Trabalhadores lançou nota recriminando o procedimento. “Recebemos com surpresa e tristeza a informação da demissão de companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores que contribuíam na gestão da Prefeitura de Brasiléia. As demissões, como aconteceu com o ex-prefeito José Alvani, lotado na Secretaria de Obras do município, se deram em razão de perseguição política”.
Repúdio
E segue a nota: “Em razão disso, a Direção e filiados do Partido dos Trabalhadores de Brasiléia vem de público repudiar a atitude da prefeita Fernanda Hassem em relação as demissões de petistas ocorrida na administração do município, e sobre o fato esclarecemos: “Os companheiros e companheiras ora demitidos, assim como alguns que se anteciparam e pediram demissão, o fizeram porque estavam sofrendo forte pressão e até ameaças para que venham a apoiar nas eleições de 2022, candidatos que não são filiados ao Partido dos Trabalhadores.
Questão estatutária
O PT recorre ao estatuto da sigla para confrontar a prefeita: ”Cabe destacar que em razão do cumprimento ao que rege o Estatuto do Partido dos Trabalhadores e especificamente a fidelidade partidária, estes filiados desejam seguir a orientação da agremiação a que fazem parte, o que não deveria interferir e resultar em perseguição política, uma vez que todos os envolvidos são pessoas que deram grandes contribuições à gestão”.
Contribuições
Ainda: “Trata-se de companheiros e companheiras valorosos que vinham cumprindo importante papel na administração municipal, a mesma que ajudaram a construir na eleição de 2016 e no processo de reeleição em 2020”.
Divergência frontal
“Externamos nosso repúdio e deixamos claro que não concordamos com a decisão antirrepublicana e antidemocrática tomada pela prefeita Fernanda Hassem, entendemos ser essa uma ação desrespeitosa com companheiros históricos e filiados ao PT, é inadmissível que estes companheiros sofram e percam o emprego exatamente por estarem cumprindo aquilo que o estatuto do partido prevê, por estarem sendo petistas”.
Solidariedade total
Por fim: “Aproveitamos o ensejo para prestar total solidariedade a todos os companheiros demitidos e aos que sofreram pressão para deixarem a administração a qual ajudaram a construir e tanto se dedicaram, assim como a bela história do PT em Brasiléia, história essa que culminou com a eleição de cinco prefeitos no município, inclusive no processo de eleição e de reeleição da prefeita Fernanda Hassem. Estas pessoas não mereciam esse tipo de tratamento por parte da gestora. Fica nosso reconhecimento e solidariedade aos companheiros”.
Cambalacho
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado a campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado, em fevereiro de 2021.
Lei do retorno
Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, do Val afirmou que os recursos seriam uma forma de “gratidão” pelo apoio. Relatou, ainda, ter sido informado sobre a verba por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), articulador da campanha de Pacheco ao comando do Senado, após o resultado da disputa.
Luzes
As afirmações de do Val expõem, pela primeira vez, como são feitos, nos bastidores, os acordos em torno da divisão do orçamento secreto. Segundo ele, coube a Davi Alcolumbre, coordenador da vitoriosa campanha, informar o tamanho da gratidão. Do Val relatou uma conversa que teve com o próprio beneficiário do seu apoio: “O Rodrigo Pacheco virou e falou para mim assim: ‘Olha, Marcos, nós vamos fazer o seguinte: os líderes vão receber tanto, os líderes de bancada tanto, essa foi a nossa divisão”.
Arremedo
Depois da publicação, ao tentar se explicar, Marcos do Val disse ter sido “mal interpretado”. Noutras circunstâncias, ele talvez culpasse a maldita imprensa. Mas a entrevista foi gravada. O áudio está disponível para quem quiser ouvir. Restou ao senador pedir desculpas pelo “mal-entendido”.
Releitura
Em meio a reinterpretações de sua própria fala, o entrevistado realçou que os R$ 50 milhões não foram para ele, mas para o seu estado. O Podemos, partido do senador, mostra ao filiado a porta de saída.
Negociata
Já se sabia que as eleições para o comando das duas Casas do Congresso foram azeitadas com emendas secretas de um orçamento paralelo. Em português claro: dinheiro seu, meu, nosso. Há seis meses, o deputado goiano Delegado Waldir já havia declarado que, na Câmara, os partidários de Arthur Lira foram presenteados com R$ 10 milhões em verbas repassadas à sombra. Agora, surge a cota de R$ 50 milhões do Senado.
Conivência
Corre no Supremo Tribunal Federal uma ação que pede o fim da farra do orçamento secreto. Há escândalos demais no noticiário envolvendo o manuseio dessas emendas tóxicas. Mas a Suprema Corte se finge de morta. A conjuntura exala o mesmo fedor da época em que os votos no Congresso eram comprados na base do mensalão e do petróleo.
Pobre Brasil
Um país não deveria cometer o mesmo erro duas, três vezes. Mas o Brasil, dispondo de tantos erros novos para cometer, insiste na reincidência. Fato é que a oligarquia patrimonialista sempre vira a página para trás.
Escândalo pronto
A propósito, os apoiadores da campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a presidência do Senado, em fevereiro de 2021, receberam ao menos R$ 2,3 bilhões em emendas do orçamento secreto ao longo do ano passado. A distribuição de verbas ocorreu após a confirmação da vitória do senador, que contou com o aval do Palácio do Planalto.
Quimdim
Dos 57 senadores que apoiaram Pacheco na disputa contra Simone Tebet (MDB-MS), 38 informaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), por determinação da Corte, ter recebido recursos públicos. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo mostra que o volume de verbas distribuído aos aliados do atual presidente da Casa foi bem maior do que o entregue a três dos 21 parlamentares que votaram em Simone e receberam R$ 130 milhões.
Bufunfa
Entre os apoiadores de Pacheco, a média das emendas indicadas foi de R$ 92 milhões no ano passado. Os eleitores de Simone tiveram, por sua vez, R$ 43 milhões, em média, para usar em redutos eleitorais. Os valores variam de senador para senador.
Nadando na grana
O relator-geral do Orçamento de 2021, Marcio Bittar (União Brasil-AC), por exemplo, carimbou sozinho R$ 460 milhões, enquanto Marcos do Val (Podemos-ES), Plínio Valério (PSDB-AM) e Nelsinho Trad (PSD-MS) tiveram R$ 50 milhões para indicar, no ano passado.
Vai que cola
Embora a votação seja secreta, foi possível identificar os apoiadores de Pacheco e Simone por meio de manifestações dos senadores à época. Em entrevista onde restou declarado que recebeu R$ 50 milhões, Marcos do Val disse que recebeu os recursos em emendas do orçamento secreto como forma de “gratidão” por ter apoiado a eleição de Pacheco. Após a publicação da reportagem, Do Val afirmou ter sido “mal interpretado” e pediu desculpas, negando que tenha trocado o apoio pela verba.