O secretário de governo Alyson Bestene comemorou a segurança garantida aos brincantes acreanos pelo governo do estado durante toda a quina carnavalesca. Na capital, o Carnaval da Família, evento organizado pelo Palácio Rio Branco sob sua batuta, a segurança foi reforçada e a festança transcorreu sem incidentes.
Segurança
Ontem, o último dia da folia, grande público compareceu à festa no Calçadão da Gameleira, quando a atração foi o prestigio do cantor Neguinho da Beija-flor. Bestene afirmou que no estado não houve nenhuma ocorrência policial durante as cinco noites.
Alvíssaras
“A expectativa se tornou realidade. Toda nossa equipe de segurança merece destaque e o nosso governador também. Ele esteve presente para atender à toda população. Nós estivemos aqui na Gameleira, em todos os bairros de Rio Branco, sem nenhuma ocorrência; nenhum incidente grave”, afirmou o secretário.
Balão de ensaio
A parceria da prefeitura de Rio Branco com a Associação Comercial do Acre (Acisa) para a realização do Carnaval “Rio Branco Folia – Tradição e Alegria”, ensejou grande sucesso na realização do folguedo popular e permitiu que ilações políticas fossem feitas envolvendo o nome do presidente da Acisa, empresário Marcelo Moura, numa futura composição de chapa na condição de vice, na caminhada à reeleição do prefeito Tião Bocalom.
Cronometragem
No dizer de alguns analistas, Marcelo Moura teria o condão de congregar na chapa parte do empresariado agrupados sob sua influência na Associação Comercial aqui da capital. Neófito em política, mas com uma considerável expressão no mundo empresarial, Moura agregaria musculatura à chapa. Tudo isso, no entanto, fica no campo da especulação, vez que o próprio Bocalom, recorrendo as regras do futebol, já afirmou que a definição desse assunto só ocorrerá aos 45 minutos do segundo tempo.
Aprofundamento
É tido como certo por analistas políticos do cenário nacional, que a reação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em contraponto a operação Tempus Veritatis, que mirou o ex-presidente e seu entorno, pode agravar ainda mais a situação do ex governante diante da justiça.
Homem ao mar
Ao atribuiu exclusivamente ao general Augusto Heleno a iniciativa de colocar espiões da Abin na campanha eleitoral, Bolsonaro jogou o velho amigo numa frigideira criminal. “É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma”, declarou Bolsonaro, reincidindo no seu já conhecido desapreço pela máxima militar segundo a qual o comandante jamais abandona um subordinado.
Prática
No dizer desses analistas, Bolsonaro demora a notar, mas foi justamente essa mania de esquivar-se de responsabilidades que produziu a delação de Mauro Cid. O convívio com o então presidente converteu o ajudante de ordens em testemunha de transgressões e traições.
Testemunha ocular
Cid viu como Bolsonaro carbonizou, em 2021, o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e três comandantes militares. Assistiu à fritura de dois ministros palacianos, Gustavo Bebianno e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Cheiro de queimado
Quando explodiram o caso das joias sauditas e o escândalo da fraude dos cartões de vacinação, Mauro Cid percebeu que as manifestações de Bolsonaro, por vezes desconexas e contraditórias, desaguavam sempre no seu colo.
Ressabiado
Não importava a inconsistência do argumento, desde a que conduzisse para a hipotética autonomia funcional do então ajudante de ordens. Já bem passado, Cid farejou o cheiro de queimado. Ao sentir o hálito da Polícia Federal na sua nuca, o tenente-coronel abriu o bico. Deu no que está dando.
Similaridade
Augusto Heleno chefiava o Gabinete de Segurança Institucional e tinha a Abin sob o seu guarda-chuva. Mas durante a Presidência de Bolsonaro, a mobilização de um aparato clandestino para espionar campanhas era areia demais até para a carreta do general.
Pegadas
Fato é que a lealdade subserviente inibe uma confissão premiada de Heleno. Mas outros encrencados podem enxergar na combustão do general um estímulo para seguir as pegadas de Mauro Cid.
Não me deixem só!
A propósito do ex-presidente Bolsonaro, ele decidiu, repentinamente, convocar um ato público em sua defesa na avenida Paulista no dia 25 de fevereiro com o objetivo de se reconectar com seus eleitores e mostrar que ainda possui alguma força política.
Possibilidades
Se a estratégia de comunicação direta com o público for bem-sucedida, isso pode sinalizar força política e ajudar a estancar o sangramento e a dissipar o peso das acusações. Mas, se for percebida como um fracasso, pode ser o empurrão que faltava para sua condenação pública e consolidar o caminho de punições políticas e judiciais pelas organizações de controle.
Consequências
A busca de apoio popular é sempre uma jogada muito arriscada, especialmente quando se está politicamente vulnerável. Fazer apelos diretos a eleitores, mesmo daqueles mais conectados ideologicamente e/ou identitariamente com o líder político acusado, em vez de usar os canais institucionais e tradicionais de negociação, não é destituído de custos. Sempre pairam dúvidas e incertezas sobre como o público irá reagir.
Causas
Essa decisão de convocar apoiadores para emprestar apoio político, coincide justamente com a operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, que investiga a participação direta do ex-presidente na articulação de um golpe de Estado, na criação de uma Abin paralela para bisbilhotar ilegalmente adversários políticos, entre outras acusações, e que já acarretou na apreensão de seu passaporte.
Intento
Bolsonaro espera que esse ato público não apenas o fortaleça politicamente, como também impulsione a agenda no Legislativo de enfraquecimento dos poderes da Suprema Corte, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, identificado por ele como o seu principal algoz.
Risco
Ocorre que a gravidade das acusações e evidências colhidas até o momento contra Bolsonaro colocam seus aliados em um verdadeiro dilema. Será que vale a pena continuar apoiando um ex-presidente já banido eleitoralmente por oito anos e que pode vir a enfrentar mais punições judiciais por atentar contra a democracia brasileira? Esse ato pode representar o último apelo de um líder que, pela fadiga causada por sua toxidade, pode vir a ser abandonado pelos seus próprios aliados.