A deputada federal Antonia Lúcia (Republicanos) usou a sua página no Facebook na manhã de ontem, terça-feira, 5, para mandar um duro recado ao líder do governo, deputado Manoel Moraes (PP). A missionária e dona da Rede Boas Novas, denunciou ameaças partindo do parlamenttar : “Deputado líder do governo Manoel Morais não me ameace. O Pau que bate em Chico também bate em Francisco. Suas palhaçadas já foram longe demais”, postou a deputada com uma imagem de Moraes.
O pomo da discórdia
O site ac24horas (https://ac24horas.com/) apurou que a contenda entre Antonia e Moraes ocorre devido uma desavença familiar envolvendo o filho do deputado, Cristian Sales, que é casado com a filha da deputada-pastora, e presidenta do Iteracre, Gabriela Camara.
Crime
Antônia Lúcia acusa Cristian de abuso sexual e violência contra as netas, filha de Gabriela de outro relacionamento, com idades de 3 e 7 anos. Ao ac24horas, a deputada federal contou o caso com detalhes. “Isso tudo começou um dia antes do Dia das Mães deste ano, quando eu as levei para Brasília. Quando cheguei na viagem e levei a minha neta menor no banheiro, eu vi um machucado. O IML fez um exame e comprovou que foi um caso de violência doméstica e minha neta disse que tinha sido o Cristian que a havia machucado. Resolvi fazer um boletim de ocorrência”, disse Antônia Lúcia.
Desenrolar
Conforme a parlamentar, até o momento a desconfiança era apenas de violência física. Ocorre que, de acordo com Antônia Lúcia, as crianças passaram a relatar que sofriam também abuso sexual. “Eu comecei a conversar com as crianças e a minha neta me contou que quando ia para a piscina no condomínio onde moravam, o Cristian mergulhava na piscina e pegava nas partes íntimas dela. Eu perguntei se ela não contou para a mãe, ela disse que sim, que contou, mas que a mãe a desmentia e disse que quando crescesse ia tomar providências. Falei para a minha neta que ela não precisava crescer não, que ia resolver aquilo naquela mesma hora”, explica.
Caso de polícia
Antônia Lúcia conta, então, que após ouvir o relato das netas, retornou a delegacia na capital federal. “Na delegacia, eu fui encaminhada para a psicóloga na área especializada de crianças, foram quatro horas de depoimento separadas e ambas disseram que foram vítimas de violência sexual e que o Cristian não pegava nas partes íntimas delas apenas na piscina, mas também no quarto delas”, diz a parlamentar.
Crime continuado
Antônia Lúcia diz ainda que além das duas netas, uma amiguinha que era vizinha do apartamento onde as crianças moravam também teria sido abusada por Cristian. “A amiguinha foi levada pelos pais até a Polícia Civil e a criança, daí de Rio Branco, que não conheço, disse que Cristian também teria abusado dela”.
Conivência
A deputada federal faz outra séria acusação contra a própria filha. Diz que Gabriela Câmara, atual presidenta do Instituto de Terras do Acre (Iteracre), teria acobertado os abusos supostamente praticados por Cristian. “Acobertou e também estou representando contra ela”.
Ameaças
Em relação ao deputado estadual Manoel Moraes, líder do governo, Antônia Lúcia conta que só tornou o caso público porque se sentiu ameaçada pelo parlamentar. “O deputado Manoel Moraes viu que o caso está sendo apurado e que o filho dele vai ser preso porque é um pedófilo e mandou me ameaçar no meu escritório por meio de um advogado que veio conversar comigo e disse que eu soubesse que pelo filho dele ele matava, mandava matar ou morria”, afirma Antônia Lúcia.
Sequestro
A reportagem do site ac24horas ouviu Cristian Moraes na tarde de ontem, terça-feira, 5. O empresário afirmou ser inocente. “Esse problema começou há seis meses quando Antônia Lúcia pegou as crianças sem ter a guarda das mesmas. No Dia das Mães, ela postou que a criança estava com uma mancha na perna, primeiro acusando a Gabriela. Depois, tentou me incriminar por abuso sexual. Ocorre que a criança desmentiu Antônia Lúcia e disse que era mentira da avó, que eu nunca abusei de ninguém e a própria criança afirmou que tudo foi criado para elas não voltarem para o Acre. Esse processo já foi arquivado e foi provado que a criança se machucou na piscina com a presença do professor de natação”, afirma.
Álibi
Em relação à denúncia da outra criança, Cristian também negou. “Foi criada essa história para tentar me prejudicar, disseram que foi um fato na piscina, foi ouvido a síndica e os seguranças do prédio e ficou provado que eu nunca estive na área de lazer com essa criança, mais uma mentira que foi criada”, se defendeu.
Desequilíbrio
Cristian diz que acredita que Antônia Lúcia não esteja bem psicologicamente e cita comportamentos recentes da mãe de sua esposa. “Eu acho que ela não está bem; ela toma remédio controlado. Semana passada, brigou com uma pastora que apoiou ela dizendo que a pastora havia matado o próprio esposo, colocou a própria filha na justiça, ela não está bem. Estou tranquilo, não devo nada e infelizmente, a gente não sabe até onde vai a maldade das pessoas”, explica.
Ação
Pela gravidade das acusações, principalmente no que tange a importunação sexual envolvendo menores, a polícia e a justiça devem agir de forma célere, para completa elucidação dos fatos, garantindo o completo esclarecimento das acusações que pesam de lado a lado.
Artilharia
Na sessão de ontem, terça-feira, 5 na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Edvaldo Magalhães, do PCdoB, utilizou a tribuna para expor acusações de corrupção contra o governo, tendo como pano de fundo o inquérito da Operação Ptolomeu.
Ebulição
O parlamentar destacou a decisão da Procuradoria Geral da República em aceitar e apresentar denúncia referente ao primeiro capítulo da investigação Ptolomeu. A denúncia solicita o afastamento imediato do governador, desencadeando segundo ele, um intenso debate político nos bastidores.
Narrativas
O oposicionista enfatizou ainda a disputa narrativa em torno do caso, mas salientou que os fatos são inegáveis. “O governador é acusado de contratar a empresa de seu irmão para serviços governamentais, além de efetuar pagamentos suspeitos relacionados a obras. São práticas ilegais comprovadas”, disse.
Os fatos
O deputado também relembrou denúncias anteriores, como o escândalo da Murano, e afirmou que o primeiro contrato do governo Gladson foi uma fraude, comprovada pela Polícia Federal e aceita pela Procuradoria Geral do Estado. “Eu até aceito a disputa da narrativa, mas, os fatos gritam. A persistência das práticas questionáveis, as chamadas “caronas” infelizmente continuam a ocorrer”, enfatizou.
Mel
Ao mencionar o elevado custo político de sustentar o governo, Edvaldo Magalhães denunciou a necessidade de “adoçar a boca” de diversas pessoas para receber pagamentos no atual governo, sugerindo um ambiente de possível corrupção generalizada.
Ventos
A propósito, Edvaldo Magalhães (PCdoB) analisa que o governo Gladson Cameli vive um momento de enfraquecimento, mudanças nos ventos da política e que aumentaram muito os pedidos de audiências no gabinete da vice-governadora, Mailza Gomes. Citou que nos bastidores da política acreana, diante da possibilidade de afastamento do governador, o gabinete da vice tem recebido muitas visitas.
Assédio
“Os pedidos de audiências no gabinete ao lado do titular aumentaram muito. Ninguém vai ter coragem de dizer publicamente, mas a verdade é que o governo se enfraqueceu desde a última quinta-feira, 30/11”, frisou, fazendo alusão a data em que a PGR pediu ao STJ o afastamento do governador.