Um dia antes de se aposentar antecipadamente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso votou na sexta-feira pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, acompanhando o voto da relatora Rosa Weber, também já aposentada. O próprio Barroso havia suspendido a ação em 2023, mas na última quinta-feira pediu ao presidente do Supremo, Edson Fachin, que o tema fosse levado ao plenário virtual.
Adiamento
Após o voto do ministro, o decano Gilmar Mendes interrompeu novamente o processo, pedindo que o julgamento seja levado ao plenário presencial, o que não tem data para acontecer. Também na sexta, o STF formou maioria contra a liminar de Barroso que autorizava enfermeiros a auxiliar em abortos legais.
Novo ministro
O presidente Lula disse a aliados que deve formalizar até amanhã a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Barroso no STF. Na noite de sexta-feira, Lula jantou com o ministro e teria discutido outros nomes para substitui-lo, mas sua decisão por Messias já estaria tomada.
De volta ao começo
De saída do PDT, Ciro Gomes vai voltar a ser tucano. O diretório cearense do PSDB anunciou neste domingo que o ex-ministro vai se refiliar ao partido nesta quarta-feira e que os planos da legenda são de que ele concorra ao governo do estado no ano que vem. Ciro já foi filiado ao PSDB, pelo qual se elegeu governador do Ceará em 1990, mas deixou o partido para concorrer à presidência em 1998 pelo PPS, nome repaginado do antigo PCB. Estava filiado ao PDT desde 2015.
Percepção
A percepção sobre o cenário político brasileiro mudou de forma significativa no principal centro financeiro do país. Segundo informações do jornalista Guilherme Amado, no site PlatôBR, a chamada Faria Lima já discute abertamente a possibilidade de reeleição do presidente Lula no primeiro turno, impulsionada pelo desgaste do bolsonarismo, por vitórias estratégicas no campo internacional e por movimentos de aproximação com setores historicamente resistentes ao governo, como os evangélicos.
Desânimo
A queda de popularidade e a crise interna do bolsonarismo têm influenciado diretamente o ambiente financeiro, que até meses atrás demonstrava entusiasmo com a hipótese de uma candidatura viável da direita. Hoje, esse cenário mudou. A avaliação predominante entre banqueiros e investidores é que Lula não apenas lidera com folga, mas que já existem condições políticas para um possível desfecho eleitoral no primeiro turno.
Recomposição
O movimento de recuperação da imagem do governo no exterior é visto como um dos pilares dessa mudança. Em meio à crise com os Estados Unidos, Lula adotou um discurso de soberania nacional que repercutiu positivamente em organismos internacionais e reforçou sua liderança política interna. Apesar disso, as tarifas impostas pelos EUA ao Brasil ainda não foram retiradas, e o ministro Alexandre de Moraes segue enquadrado na Lei Magnitsky. Mesmo assim, o recuo retórico de Trump e a diminuição das tensões são lidas como avanços importantes.
Aproximação
Outro movimento acompanhado de perto pela Faria Lima é a aproximação do governo com lideranças evangélicas. Lula recebeu integrantes da bancada evangélica no Palácio do Planalto e foi fotografado orando com eles e com o advogado-geral da União, Jorge Messias, cotado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Caso a indicação se confirme, será a primeira vez que um ministro evangélico integrará a Corte, quebrando a exclusividade simbólica construída por Jair Bolsonaro. Esse gesto é interpretado como uma tentativa concreta de Lula de reduzir resistências religiosas ao seu governo.
Fragmentação
Enquanto Lula avança, a direita vive um momento de desorganização. Eduardo Bolsonaro, apontado como articulador das sanções internacionais que atingiram o Brasil, enfrenta isolamento político. Jair Bolsonaro, condenado e com risco de prisão, não consegue unificar a oposição.
Desestimulo
Figuras antes cotadas como alternativas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, demonstram desânimo com a disputa presidencial. Ratinho Júnior, do Paraná, começa a ser testado como possível nome do Centrão. A fragmentação e a ausência de um projeto viável reforçam a percepção de favoritismo de Lula.
Ineditismo
A conjugação de fatores — crise do bolsonarismo, reaproximação internacional, diálogo com evangélicos e desorganização da direita — consolidou a visão na Faria Lima de que Lula pode, pela primeira vez, vencer uma eleição já no primeiro turno. O movimento, antes visto como improvável, agora faz parte das conversas entre investidores e analistas do mercado financeiro.
Insanidade
A tênue paz entre Israel e o Hamas sofreu um abalo neste domingo, 19, com o governo de Tel Aviv acusando o grupo islâmico de violar o cessar-fogo e bombardeando a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Mais cedo, as Forças Armadas israelenses afirmaram que o Hamas disparou mísseis antitanque contra suas tropas na região, matando um major e um sargento. Já os líderes do grupo palestino negaram conhecimento de operações de seus homens na área. Israel chegou a suspender a entrada de ajuda humanitária no território palestino, devastado após dois anos de guerra, mas, no fim do dia, afirmou que iria retomar o cessar-fogo.
Persistência
Na manhã de hoje, 20, porém, os militares afirmaram ter disparado contra pessoas que supostamente violaram a faixa de segurança estabelecida no cessar-fogo. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ainda controlado pelo grupo islâmico, 44 pessoas morreram no território em decorrência de ataques de forças israelenses. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável pelo acordo para encerrar o conflito, afirmou que o cessar-fogo segue em vigor e atribuiu o ataque aos tanques israelenses a “grupos dissidentes” dentro do Hamas.
Frustação
As hostilidades fizeram crescer entre a população palestina o temor de que o acordo de paz imposto por Trump possa ruir a qualquer momento. Há um precedente para esse temor. Em março, após um cessar-fogo para devolução de reféns sequestrados nos atentados terroristas de 7 de outubro de 2023, Israel retomou a guerra em larga escala em Gaza. (Guardian)
Pêndulo
A Bolívia correu para o centro. Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 54% dos votos válidos, derrotando o conservador Jorge Tuto Quiroga, da Aliança Livre (AL). O resultado foi proclamado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) no fim da noite de domingo, com 97,3% das urnas apuradas. Em seu discurso de agradecimento, Paz conclamou a reconciliação nacional. “O país se resolve com amor, não com ódios e divisões”, disse. A disputa entre centro-direita e direita encerrou o domínio de quase duas décadas do Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales.
Redirecionamento
Após ter confirmado a autorização para que a CIA atuasse contra o regime de Nicolas Maduro na Venezuela, Donald Trump voltou suas baterias para a vizinha Colômbia. Neste domingo, ele anunciou o corte de todos os subsídios e pagamentos ao país sul-americano, alegando que o governo de Gustavo Petro não age contra a produção de entorpecentes. Os dois presidentes têm se confrontado abertamente em questões como imigração e tráfico de drogas, especialmente após navios americanos atacarem supostas embarcações de traficantes no Caribe.
Tensão
O fim de semana foi tenso para Trump. Protestos contra seu governo eclodiram nas maiores cidades dos Estados Unidos, levando às ruas centenas de milhares de pessoas sob o slogan “No King!” (“Nenhum Rei!”), numa referência à tradição democrática do país e uma crítica às políticas cada vez mais autoritárias do presidente. Trump respondeu aos protestos publicando no domingo um vídeo feito por IA no qual, usando uma coroa, ele pilota um avião de caça e “bombardeia” os manifestantes com o que parecem ser fezes.