A Polícia Civil desencadeou Operação de busca e apreensão na manhã de ontem, 21, quando agentes da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) cumpriram mandados de busca e apreensão autorizadas pela justiça nos endereços do advogado Cristopher Mariano, e do ex-procurador-geral do Estado do Acre João Paulo Setti.
Desdobramento
A ação fez parte da nominada “Operação Status Debitum”, sob o comando do delegado Pedro Resende. A polícia investiga o que ficou conhecido por “máfia dos precatórios”. A investigação remete a um possível esquema de compra de precatórios com deságio, envolvendo figuras do governo que teriam se utilizado de informações privilegiadas para perpetrar a subtração do erário. Milhões de reais teriam sido desviados dessa maneira.
Personagens
O esquema foi revelado à PF em fevereiro de 2021, pelo ex-procurador-geral do Acre, Edmar Monteiro. O envolver, dentre outros, o advogado de campanha de Cameli, Chistopher Mariano, o ex-presidente da OAB Erick Venâncio e o ex-Procurador Geral do Estado João Paulo Setti.
Alheios ao processo
Ainda sobre a ‘Status Debitum’, o delegado-geral de Polícia Civil, Josemar Portes, em coletiva prestada à imprensa, disse que não há nenhum indício de participação do governador Gladson Cameli (PP) na chamada Máfia dos Precatórios. “O governador não é investigado. Se fosse, o foro seria outro. Posso garantir que o governador não é investigado. Não há nenhum elemento que indique participação dolosa de algum familiar. É de interesse dele que os fatos sejam investigados”, disse o delegado-geral.
Coleta de dados
Josemar Portes destacou que a Operação de ontem teve o objetivo de “colher elementos”. Ele salientou que a Polícia Civil também apura o vazamento da Operação.
Subindo no telhado
A depender do conselho de dois ministros técnicos do governo de Jair Bolsonaro, o reajuste para policiais ainda em 2022 vai subir no telhado. Depois de uma série de reuniões, a equipe econômica chegou a um consenso de que “é melhor deixar de agradar 6 mil do que se indispor com 600 mil”.
Efeito dominó
Na visão de um ministro de Bolsonaro, a concessão de aumento apenas para agentes da PF, PRF e do Departamento Penitenciário Nacional vai desencadear uma série de reações nas outras categorias de servidores públicos. O tema, porém, põe ministros técnicos em ala oposta a ministros com viés mais político e deixa o próprio Bolsonaro indeciso sobre a decisão a tomar.
Dilema
Sobre o imbróglio, Bolsonaro se posicionou dias atrás: “Há uma grita de maneira geral porque a intenção inicial, não vou negar, foi reservar algum reajuste para policiais federais, rodoviários federais e pro Depen. Isso está suspenso, estamos aguardando um desenlace das ações. A gente pode fazer justiça com três categorias, e aí não vai fazer com as demais, sei disso. Mas fica aquela pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?”.
E agora?
A Empresa que contratou Sergio Moro (Podemos) após o ex-juiz deixar o Ministério da Justiça em 2020, a Alvarez & Marsal recebeu ao menos R$ 42,5 milhões de empresas envolvidas na operação Lava Jato, de 2013 até o ano passado. Esse valor é 78% de todo o faturamento por administração judicial que a companhia alega ter tido no período.
Incompatibilidade
Os números foram revelados depois que o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), derrubou sigilo sobre o processo que investiga se houve conflito de interesses no contrato entre Moro —ex-juiz da operação em Curitiba— e a empresa norte-americana.
Promiscuidade
Dantas acolheu pedido feito pelo Ministério Público no começo do mês passado. Segundo o MP, era preciso investigar o fato de o ex-juiz ter “proferido decisões judiciais e orientado condições para celebração de acordos de leniência da Odebrecht e, logo em seguida, ter ido trabalhar para a consultoria que faz a administração da recuperação judicial da mesma empresa”.
O sócio
A revista Veja, que ao longo do tempo serviu como porta voz do ex-juiz, ao fazer citação do caso, preventivamente, já menciona um dossiê que estaria correndo entre os políticos onde registros do Coaf conteriam a informação de que os ganhos de Moro em seu passeio multinacional teriam lhe proporcionado ganhos de US$ 5 milhões (quase R$ 30 milhões).
Álibi
Os defensores de Moro, diante da covardia do ex-juiz em dar informações concretas sobre quanto recebia da multinacional preferem agarrar-se ao argumento de que ele, a esta altura, não era mais servidor público e, portanto, seus recebimentos eram privados e sigilosos.
Enrascada
Obviamente errado, pois os pagamentos feitos por empresas submetidas a recuperação judicial são públicos e aprovados pelo juiz que a supervisiona. Não é, porém, a única área onde a fome de dinheiro está colocando Moro em problemas.
Ponto futuro
O colunista Lauro Jardim, no jornal O Globo de ontem, 21,, diz que Moro está negociando com Luciano Bivar, o homem que alugou o então PSL a Jair Bolsonaro e que agora preside o “União Brasil” de R$ 1 bilhão de Fundo Eleitoral sua mudança de partido. Diz o colunista que “Moro tem dado sinais de que quer (ou precisa) de um partido com maior densidade — e mais verbas para sustentar uma campanha presidencial”.