Neném Prancha sabia tudo do mundo do futebol e foi o autor de frases memoráveis, mas algumas ele nunca as pronunciou. Elas se tornaram lendárias depois que lhe foram atribuídas pelo ex-técnico e comentarista de futebol João Saldanha e pelo jornalista e cronista acreano Armando Nogueira. “Joga a bola pra cima, enquanto ela estiver no alto não há perigo de gol.” Ou “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.” Ou ainda “Quem pede tem preferência, quem se desloca recebe.”
Tática
Mas a mais famosa, sem sombras de dúvida é “Arrecua os arfe para evitar a catastre”. A frase teria sido pronunciada num jogo em que Neném Prancha, dirigindo um time de presidiários, já perdia de três a zero aos dez minutos. Reconhecendo a superioridade do adversário, a estratégia do técnico deu certo e ele evitou uma goleada maior. O importante, diante daquele time, era perder de pouco.
O Acre é o Acre
Em território tapuia a frase “ Arrecua os arfe para evitar a catastre” é a que mais se encaixa na política do dias de hoje do Acre. E por quê? Porque no Acre dos últimos dezoito meses esqueceu-se o óbvio, ainda que ele uive e grite como o “óbvio ululante” de Nelson Rodrigues. Simples assim! E por quê de novo? Porque foram as calendas o ensinamento que diz: manda quem pode, obedece quem tem juízo!
Não se vá!
Ontem, por exemplo, os deputados estaduais do PP, na iminência de verem o governador fora dos quadros do partido e enxergando as exonerações de seus indicados debulhadas em série, deram meia volta e lançaram carta ‘súplica’ rogando que o governador não abandonasse a sigla. Vamos arrecua para evitar a catastre, foi, em síntese, o tom preponderante!
Reconhecimento
Coisas tipo: “solicitamos publicamente sua permanência no Progressistas do Acre, atualmente ocupando o cargo de Presidente de Honra desta sigla, que reconhece e valoriza não somente o homem público, mas o cidadão respeitável e decoroso Gladson de Lima Cameli”, pontuam trechos da missiva.
Novo tom
No documento, os deputados declaram, ainda, “total e irrestrito apoio à Vossa Excelência, que tem dedicado sua vida para reconstruir a esperança e o desenvolvimento social e econômico do estado do Acre, principalmente neste período de combate à pandemia do Coronavírus, priorizando, acima de tudo, a vida das pessoas”.
Não me abandone, por favor...
“Por fim, governador Gladson Cameli, registramos publicamente um apelo pela reconsideração de sua decisão em desfiliar-se dos quadros do Progressistas no Acre, garantindo nosso compromisso em manter respeito às decisões que priorizem acima de qualquer interesse o bem comum e a justiça social”. Nicolau Cândido Júnior, Deputado estadual e presidente da Mesa Diretora da Aleac; Gerlen Diniz Andrade, Deputado estadual e líder do Governo na Aleac;
José Barroso Bestene, Deputado estadual e Líder do Progressista na Aleac
...daqui pra frente tudo vai mudar!
Nem parece o tom belicoso do áudio vazado no último domingo, quando o presidente pepista da municipal de Rio Branco, pastor Reginaldo Ferreira, em conversa com correligionários, soa peremptório: “Eu tenho que me imaginar como se eu fosse um ninja, para não cair nas armadilhas do Gladson o tempo todo”. Ou ainda: “De onde pode ter saído a idéia de o governador fortalecer uma candidatura fora do grupo político dele, contra Marcio Bittar, Petecão, Bocalom, Mailza, contra todo mundo?”.
Anomalias
Mais: “Ai você tem que fazer política no Acre importando gente para os cargos políticos de Rondônia e de Manaus”. Outra: “As empresas que ganham dinheiro são de empresários cujo lucro vai para Rondônia, Manaus… isso é brincar com a gente”.
Bailarino
Ou ainda: “O governador faz um movimento, eu faço dois… na esperança que ele acorde e se veja tão encurralado…”. “A coisa chegou a um ponto que a candidatura do Progressista é inevitável, ela é vital. Quanto mais o Gladson se mostra voluntarioso, mais a direção do partido enxerga que a candidatura é imperativa. A gente quer que seja com ele, mas mesmo sem ele a candidatura é inevitável”.
Apesar de você
Ou, por fim: “Essa candidatura, diferente do Gladson, não vai se eleger só com promessa, sem se importar de dizer algo aqui e depois não cumprir. Esse é o fator Gladson”. “A candidatura do Bocalom é questão de sobrevivência. O Gladson está muito bem, obrigado, com os olhos dele bonitos, com a fama de rico”. “Eu não costumo ver o dinheiro do Gladson. Esse tempo todo eu nunca vi o dinheiro do Gladson”. E por aí, vai... Como se vê, o tom mudou!
Termômetro
A rodada de julho da pesquisa XP-Ipespe traz uma série de indicadores de melhora na percepção da população sobre o governo de Jair Bolsonaro. No principal deles, a aprovação manteve tendência de alta, indo a 30%, dois pontos a mais que o aferido em junho, e a reprovação voltou a oscilar negativamente, indo a 45%, três pontos a menos que no mês anterior.
Ascendência
Também manteve tendência de alta a avaliação positiva da atuação do presidente na crise do coronavírus, movimento observado desde maio, além de ter sido registrada melhora na percepção de que a está no caminho certo, que passou de 29% para 33%.
Recuperação
Com os movimentos, os indicadores se aproximam dos observados antes da saída do ministro Sergio Moro do governo, que provocou deterioração de indicadores de imagem do presidente.
Universo
Foram realizadas 1.000 entrevistas de abrangência nacional, nos dias 13, 14 e 15 de julho. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais. A pesquisa é a primeira da série que acontece depois da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Entre os entrevistados, 77% dizem ter conhecimento das investigações e 54% dizem que ela afetará pouco ou nada o governo Bolsonaro. As informações são do site Radar, da revista Veja, assinada pelo jornalista Robson Bonin.
Alvorecer turbulento
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta terça-feira (21) mandados em uma investigação sobre suposto caixa 2 na campanha do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) ao Senado em 2014. De acordo com as investigações, o tucano recebeu R$ 5 milhões em doações não contabilizadas.
Alvos
Vale ressaltar que as apurações não são referentes apenas a 2014, quando ele ainda não tinha o mandato de senador. Um dos mandados de prisão é contra o empresário José Seripieri Júnior, fundador e ex-presidente da Qualicorp. Agentes da PF cumpriram quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Itatiba e Itu.
Desdobramento
No começo deste mês, a Operação Lava Jato denunciou o ex-governador por lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, entre 2006 e 2007, ele usou seu cargo para receber da Odebrecht pagamentos indevidos em troca de benefícios nas obras do Rodoanel Sul.
Enredo
No âmbito desta denúncia, o Judiciário bloqueou R$ 40 milhões em conta usada por Verônica, filha do Senador tucano José Serra, usada no exterior para receber propinas. O ex-governador havia marcado em 2016 um encontro com integrantes da Odebrecht e pediu para ser poupado das delações.