A Xland, com sede em Rio Branco, foi destaque no Fantástico deste domingo (12) por acusação de golpe em esquema de criptomoeda que envolve ex-jogadores do Palmeiras: Gustavo Scarpa - o craque do Brasileirão 2022, hoje no futebol inglês, e Willian Bigode, atualmente no Fluminense.
Scarpa investiu R$ 6 milhões em criptomoedas, em uma aplicação indicada por Bigode, e agora ele quer saber onde seu dinheiro foi parar. Vídeos, mensagens de texto e gravações em áudio revelam a angústia cada vez maior de Scarpa, à medida que ele vai percebendo que pode ter caído em um golpe.
“Estou triste, parça, de verdade. Estou triste porque é meu patrimônio”, diz Gustavo Scarpa em conversa com o atacante Willian Bigode.
“Scarpinha, agora não tem nem mais questão de confiança, irmão. Questão que agora é orar. Fazer o que eu sei. Agora é esperar no senhor”, responde Bigode.
“Bigode, o meu advogado está me orientando a fazer um B.O., mano. criminal. Na polícia mesmo”, diz Scarpa.
Gustavo Scarpa cumpriu o que disse: em novembro do ano passado, registrou um boletim de ocorrência com a acusação de estelionato.
“Pelo respeito, amizade, consideração e amor que eu tenho por você, queria te dar um toque antes. Infelizmente vou ter que falar da sua empresa”, diz Scarpa em áudio.
A empresa é a WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, fundada em 2019, e que tem Willian Bigode como um dos sócios.
Scarpa diz que investiu R$ 6,3 milhões na compra de criptomoedas - as moedas digitais - mas que todo o dinheiro dele simplesmente sumiu.
“É meu patrimônio quase todo. Eu não posso correr esse risco de perder”, desabafa Scarpa.
Xland no contexto
Para entender essa história, primeiro precisamos falar da Xland, uma empresa que tem esta filial em Rio Branco, no Acre. A WJLC, empresa de Bigode, tem uma parceria com a Xland.
Em junho de 2020, Willian repassou para Scarpa um arquivo da Xland e escreveu: “Essa apresentação é sobre criptomoedas que conversamos”. Scarpa começou então a fazer investimentos com a Xland. No contrato, a promessa: lucro de “até 5% ao mês”.
Há mais de dois anos, o Ministério Público do Acre abriu uma ação civil pública contra a Xland. Além disso, a empresa responde a três processos na Justiça do Acre. A acusação: um calote nos investidores de mais de R$ 2 milhões.
Na quinta-feira, em depoimento à polícia, Willian Bigode e a sócia dele, Camila, afirmaram que foram vítimas: que confiavam nas promessas da Xland, fizeram investimentos e também perderam dinheiro. O atleta disse que levou um calote de R$ 17,5 milhões.
Gabriel Monteiro, sócio da Xland, também se disse vítima: vítima da FTX, a segunda maior corretora de criptomoedas do mundo. A FTX faliu em novembro do ano passado. Investidores do mundo inteiro tiveram prejuízos.