Tradição, amor e união. Essas são algumas das marcas de uma das maiores e mais antigas famílias do Acre: a Carvalho de Mesquita. Estabelecida em Rio Branco a partir da chegada do cearense João Florêncio Rodrigues de Mesquita, no Segundo Ciclo da Borracha, a descendência prosperou e se espalhou por todo o território. E para detalhar essa rica história repleta de centenas de personagens que o escritor, geógrafo, ambientalista e especialista em planejamento e uso de bacias hidrográficas Claudemir Mesquita, que compõe um dos núcleos da parentela, escreveu o livro “Memórias da Família Carvalho de Mesquita”.
A obra - que retrata desde a união do avô do literato que resultou na geração de 13 filhos até a formação atual de cada um desses núcleos, que juntos possuem mais de 806 membros -, foi lançada na União Recreativa Mesquita, associação dos parentes criada na capital em 1980, no último fim de semana. Na última sexta-feira, 8, familiares e amigos tiveram a oportunidade de conhecer o manuscrito. Já no sábado, 9, parentes, pessoas de convivência próxima ou de longa data e diversas autoridades como o governador Gladson Cameli prestigiaram o Segundo Encontro da Família Mesquita, que reuniu um dos 13 braços do antigo clã.
“Esse livro tem a função de registrar a história de uma família que há décadas vem se desenvolvendo no Acre. Como faço parte de toda essa colméia, um pólen que botou apenas uma pequena escrita na vida de cada um dos 13 núcleos, resolvi no período de pandemia historiografar a potencialidade de cada membro para deixá-los para a história. E assim o fiz. A história não esqueceu da nossa história, assim como não esquecemos a história do tempo. É esse o registro que vamos deixar à sociedade, uma forma que a gente possa se estabelecer enquanto pessoa física e histórica”, conta Claudemir Mesquita.
O escritor ressalta que teve uma ajuda essencial do irmão mais velho, Claudionor Mesquita, para resgatar a historiografia de todas as gerações formadas por cada um dos 13 filhos do avô deles. De acordo com ele, o conjunto familiar formado pelo pai é o maior em relação aos outros 12 e atualmente possui quase 200 pessoas. “Cada um tem suas potencialidades e eu não poderia deixar ficar nas palavras o que cada um tem de mais bonito, precisava deixar isso escrito para que os filhos e netos deles saibam os avós que passaram aqui e ter dimensão da importância que eles têm hoje”, acrescenta
O primogênito do grupo de Claudemir, Claudionor, de 82 anos, conta que do casamento dos pais Jorge e Ermelinda Mesquita nasceram 25 filhos, mas quatro nasceram natimortos e o mesmo número faleceu ainda na infância com doenças que na época eram difíceis de tratar. “Então, papai e mamãe ficaram com 17 filhos, mas infelizmente já morreram três nos últimos três anos. Mas ainda somos 14 e temos muito peso e fraternidade entre nós. Não temos riqueza em dinheiro, mas temos uma união muito forte e moral. Quando se fala dos Mesquita, as pessoas têm respeito e isso é muito bom”, fala.
Clube e reencontro
Claudionor relembra que a construção da União Recreativa Mesquita nasceu de uma conversa despretensiosa com o primo. “Há 40 anos eu estava no antigo Banacre, encontrei o Florêncio e disse que mesmo com tantas pessoas na família a gente não tinha nem um time de futebol. Ele concordou e falou com o meu tio. Me chamaram lá, decidimos nos organizar, os primos se envolveram e houve uma revolução. Decidimos fazer o clube, mas não tínhamos onde construir. Aí, um amigo que tinha terras na Vila Ivonete me procurou . Conversei com o meu tio e com os demais primos nos unimos, juntamos o dinheiro, compramos os lotes e fizemos a União Recreativa Mesquita”, relata orgulhoso.
Desde então, o clube serve para reunir os familiares e também acomoda atividades externas de outras pessoas ou organizações a um preço acessível. Foi nele que o grupo se reencontrou com todos os irmãos do maior núcleo familiar depois de quase uma década. “É uma felicidade muito grande a gente estar reunido novamente, somos todos amigos e ter esse momento refrigera nosso espírito”, acentua Claudionor. O filho dele, Assurbanipal Mesquita, afirma que houve uma grande mobilização para reunir o maior número possível de parentes para comparecer ao lançamento do livro e o Segundo Encontro.
“A família Mesquita é uma das maiores famílias do Acre, uma das mais antigas e tradicionais. A família vem desde 1980 organizando diversas atividades. Ela é composta por 13 núcleos e aqui está o maior núcleo, que tem pouco mais de 200 membros entre todos. Essa última semana foi maravilhosa porque faz muito bem para todos nós estarmos juntos comemorando a vida, saúde e conquistas de cada componente dessa família que a gente ama. E o livro do tio Claudemir, reconhecido na nossa sociedade como um escritor de tradição, é um presente para celebrar essa grande história”, comenta Assurbanipal.
O mesmo sentimento é compartilhado pelo irmão de Claudionor e Claudemir, Jorge Mesquita. Ele veio de Recife, onde mora com os filhos, para participar do lançamento do livro e rever todos os parentes. “É sempre uma grande satisfação estar com a minha família. A gente passa muito tempo longe e é incrível congregar momentos maravilhosos com as pessoas que eu amo. Estou matando as saudades dos meus irmãos, sobrinhos e outros parentes. Foi muito bom esses dias ao lado deles, me sinto renovado, é importante estar com a família. Ela é a nossa base e gosto dessa proximidade”, finaliza.