Professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac Cristovão Henrique elaborou, juntamente com profissionais de 44 universidades do país, o Atlas da Covid-19: As Políticas Públicas de Combate à Covid-19 no Brasil
O professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) Cristovão Henrique Ribeiro da Silva participou, juntamente com outros 41 profissionais, entre professores, doutores, mestres e alunos, do Brasil na elaboração de um atlas que mapeou as políticas públicas adotadas pelos governadores no combate e prevenção à Covid-19 desde o início da pandemia.
O material foi elaborado entre 2020, quando Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, e 2021 em uma iniciativa junto com a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) para entender as políticas públicas de combate ao coronavírus no Brasil nas 27 unidades federativas do país.
O lançamento e divulgação do atlas ocorreu no dia 20 de dezembro do ano passado e está disponível para download gratuito e leitura on-line. Cristovão Henrique, que é doutor em Geografia Econômica e professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac, atuou como um dos organizadores do projeto, juntamente com o aluno de geografia da Ufac Adriano Matias da Silva, a professora Juliana dos Santos (Unioeste-Francisco Beltrão), Luciana Santana (Ufal-Maceió) e Adriano Roberto (Unesp-Presidente Prudente).
Ao todo, profissionais de 44 instituições de ensino superior participaram na elaboração do mapa e monitoramento cartográfico da pandemia nas regionais do país. Os trabalhos iniciaram em julho de 2020, três meses após o início da pandemia, quando os gestores tentavam entender e reagir ao avanço da doença pelas cidades.
“Fizemos a análise dessas políticas públicas sobre todos os governos estaduais e, a partir disso, construímos uma análise verificando quais eram essas medidas de combate. Coube à Ufac mapear o número de casos, mortes, pessoas vacinadas e outros fatores ligados à essa questão da pandemia. Eu, junto com outros professores, coordenamos o processo de transição desse material em um corpo de livro”, explicou o professor.
Medidas adotadas no Acre
Segundo o estudo, o Acre investiu no combate à pandemia 16,3% da Receita Corrente Líquida (RCL) e as políticas públicas desenhadas para desacelerar o contágio foram satisfatórias. Além disso, o governo estadual editou cerca de 35 normativas após a publicação do decreto de 16 de março de 2020 que determinava quais medidas seriam adotadas no combate e prevenção da doença.
Ainda conforme o atlas, as estratégias do governo estadual foram alinhadas com as prefeituras das cidades, como a Ufac, Ministério Público do Acre (MP-AC), Tribunal de Justiça (TJ-AC) e buscou outros parceiros que ajudassem a conter o contágio no estado acreano.
O professor reforçou que, no caso do Acre, o grupo tentou entender a coordenação e sincronização das políticas municipais e estaduais e como essas políticas estavam coordenadas.
“O que ficou bem patente é que o quão importante foi reunir esse trabalho com outros colegas de outras universidades para fazer essa leitura de conjunto no mercado nacional, uma vez que o governo federal, nos seus deslizes na contenção da pandemia, deixou a cargo dos governos estaduais e municipais as políticas de adoção, mesmo que o governo federal tenha algumas competências desenvolvidas”, destacou.
27 pandemias diferentes
Ainda segundo o doutor, o atlas mostrou que, conforme a doença ia avançando nas cidades do país, foram sendo identificadas 27 pandemias diferentes com políticas públicas coordenadas ou não com as particularidades socioeconômicas. Ele destacou que o estudou mostrou que cada governador, a seu modo, colocou em prática as medidas que achava mais viável para conter a proliferação da doença.
“Por exemplo, a diferença da pandemia no norte do país é completamente distinta da pandemia no centro-oeste, que difere, por sua vez, da pandemia no sul do país. Isso vai revelando, no ponto de vista regional, cinco grandes magro regiões com a pandemia. Mas, isso que a gente fez entender no atlas, como que os governos com essas diferenças foram enfrentar isso, uma vez que o governo federal patinou e foi negacionista no ponto de vista de contenção da pandemia. Essas características foram reveladas no atlas”, ressaltou.
O estudo também mostrou que o isolamento social, tema de muitos debates por gestores ao longo da pandemia, era uma das principais estratégias para desacelerar o avanço do vírus no país, mas que no Brasil chegou a apenas aos 40%. Sendo que a porcentagem ideal proposta pela OMS era de 70%.
“De modo geral, todas as análises que caracterizavam as políticas públicas adotadas de contenção do vírus também sugeriam quais seriam as medidas a serem adotadas para redução da taxa de contágio e o achatamento da curva epidemiológica. Evidentemente respeitando as características de cada região, estado e particularidade que estão nelas embutidas”, concluiu.