Fogo começou por volta das 11h nesse domingo (20) no Projeto de Assentamento Walter Arce, no Bujari. Jesuíta Alves Braga, os filhos e o marido jogaram água para evitar que as chamas chegassem em casa
Anualmente, na época da estiagem, os agricultores e produtores do Projeto de Assentamento Walter Arce, que fica na zona rural da cidade do Bujari, interior do Acre, sofrem com os incêndios florestais que destroem todas as plantações. Nesse domingo (20), a produtora rural Jesuíta Alves Braga foi surpreendida com um incêndio de grandes proporções quando voltava da lavoura.
Com medo do fogo chegar em sua casa, Jesuíta, os filhos e o marido iniciaram o combate contra as chamas para não perder também o que construiu ao longo da vida. O fogo iniciou por volta das 11h e a família, juntamente com bombeiros, só conseguiram combater as chamas na madrugada desta segunda-feira (21).
“Aqui em casa queimou tudo, meus filhos, meu marido e eu passamos a noite apagando fogo. Estávamos arrancando roça e quando chegamos em casa corremos para salvar a casa. Chegou muito perto da minha casa, acho que não sobrou uns 100 metros quadrados da minha casa”, lamentou.
Em 2019, imagens que circularam na internet mostraram o desespero de agricultores ao verem fogo destruir plantação na mesma área. Segundo Jesuíta, o fogo é causado por moradores de outros lotes que decidem limpar os terrenos nessa época do ano.
“Depois pegam o carro e se mandam. Quem mora aqui, planta e vive da terra sofre, como eu. Fiquei doente, vou atrás da procedência desse fogo, que não começou muito longe da minha casa. Fiquei muito cansada, tô esperando me recuperar, ver o prejuízo que tive e vou atrás”, lamentou.
Jesuíta disse que vai ao Ministério Público (MP-AC) fazer uma denúncia. Ela destaca que todo ano perde produção nos incêndios florestais causados por outras pessoas.
A área da produtora é certificada pelo Ministério da Agricultura e ela só trabalha com produtos orgânicos, sem fazer uso de agrotóxicos e fogo.
“2020, 2021, 2022 e estamos em 2023 com o mundo falando em preservação, em cuidar e olhar o que acontece. Não estamos a 22 quilômetros da cidade, tenho meus projetos e vem um cidadão desse fazer isso. Todo ano é isso”, lamentou.
Jesuíta afirma também que todo ano faz denúncias, mas ninguém é preso e nem multado. Ela tinha plantações de mandioca, abóbora, pepino, frutas, diversas verduras e produção de abelhas. “Meus açudes estão todos secos e vão ficar mais ainda. O projeto inteiro está pegando fogo”, concluiu.