Secretaria enviou ofício aos gestores de escolas municipais de Rio Branco pedindo relatório com nome dos servidores que participaram da greve. Paralisação terminou no sábado (23) após quase dois meses, com aprovação de reajuste
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, estuda cortar o ponto dos servidores da Educação municipal que participaram da greve, que durou quase dois meses. A informação foi dada por ele nesta segunda-feira (25) em entrevista à Rádio CBN Amazônia Rio Branco.
Um ofício, assinado pela secretária de Educação municipal, Nabiha Bestene, foi enviado aos gestores de escolas municipais de Rio Branco pedindo um relatório com os nomes dos servidores que participaram do movimento.
“É uma coisa que estamos discutindo, não é justo que a gente fique tanto tempo sem aula. Já estava dois anos sem aula e nós não deixamos de discutir com sindicatos. Aliás, quem atrasou mais essa reforma foi exatamente o sindicato da Educação. Fizemos tudo para ser rápido, mas o Sinteac ficou esticando a corda o tempo todo, isso foi ruim e quem perde é a população. E aí, realmente pedi para levantar quem participou ativamente das greves e não foi trabalhar. A gente estava pedindo o tempo todo para voltarem, estávamos negociando. Se não tivesse negociando, eu até concordo. O que eles queriam praticamente estava tudo acertado. Então, vamos tomar essa decisão ainda”, disse Bocalom.
Mesmo em meio à paralisação, a secretaria manteve o início do ano letivo no dia 23 de janeiro e, na época, chegou a prometer cortar o salário do servidor que não aparecesse para trabalhar.
A greve dos trabalhadores da Educação terminou no sábado (23) depois que os vereadores da capital aprovaram, em sessão extraordinária, os reajustes salariais dos servidores públicos do município.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), Rosana Nascimento, retrucou a informação do prefeito e disse que, caso seja cortado o ponto dos trabalhadores, o sindicato deve acionar a Justiça.
“As aulas não começaram porque o prefeito não quis, porque se tivesse encaminhado o projeto de lei, não teria tido problema nenhum. Aí agora a culpa é dos professores? Ele não pode cortar ponto de grevista. Se cortar, nós vamos receber com ação na Justiça. Nós estamos com a relação da presença de todo mundo que esteve na greve, é um direito do trabalhador grevar. Ele está com ódio, porque fizemos a greve e ele foi obrigado a mudar a proposta indecente, que retirava direitos, que ele entregou na primeira negociação. A categoria não aceitou, foi para cima, fez greve, e o avanço que teve foi conquista do trabalhador”, afirmou a sindicalista.
Movimento grevista
A categoria estava em greve desde o dia 24 de fevereiro. E, desde então, passou a fazer vários protestos pela cidade, fechando ruas e pressionando a prefeitura e vereadores pela aprovação de suas reivindicações.
O grupo pedia: a reformulação de Plano de Cargo Carreira e Remuneração (PCCR); o piso dos professores pago em única parcela e com 50% de diferença do nível médio para superior; aumento no piso dos funcionários de escola; e convocação de aprovados no concurso de 2018.
Conforme a presidente do Sinteac, apesar de ter avançado em alguns desses pontos, a categoria não ficou totalmente satisfeita e vai continuar lutando para fazer a reformulação do PCCR. No entanto, segundo ela, o movimento de greve foi suspenso e os trabalhadores retomam aos seus postos de trabalho.
Com a proposta aprovada e após sanção do prefeito, o salário dos servidores da Educação passa de R$ 2.154,64 para pouco mais de R$ 3 mil. Já dos professores do magistério sobe de R$ 1.436,75 para R$ 2.403,52. Para os funcionários de apoio da pasta o aumento será de cerca de 20%. Já os de nível fundamental passam a ganhar R$ 1,4 mil mais R$ 50 do Prêmio pela Elevação da Qualidade da Aprendizagem (PEQ). Os de nível médio, que recebem R$ 1.032, vão ganhar R$ 1,5 mil por 30 horas semanais.
Ano letivo de 2022
Por conta da greve, o início das aulas da rede pública de Rio Branco, que abrange creches, pré-escolas, e o ensino do 1º ao 5º, chegou a ser adiado do dia 14 de março 21 do mesmo mês.
Como tinha garantido, a Secretaria Municipal de Educação deu início ao ano letivo 2022 no dia 21 de março, mesmo com grande parte dos trabalhadores em greve.
A presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, confirmou na época que cerca de 75% das escolas não tinham iniciado as aulas por conta do movimento. Segundo ela, do total de 96 unidades de ensino, 72 ficaram com as atividades paralisadas.