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Paciente levado na carroceria debaixo de chuva até aeroporto morre de Covid-19 em hospital de Rio Branco

Pastor Gilmar da Silva Melo não resistiu à doença e morreu na noite dessa terça-feira (27) na UTI do Into. Ele foi transferido da cidade de Jordão para a capital na segunda-feira (19). Como a cidade está sem ambulância, ele foi levado na carroceria de caminhonete do hospital até o aeroporto

Após nove dias da transferência da cidade de Jordão, no interior do Acre, para o hospital de campanha de Rio Branco, Into-AC, o pastor Gilmar da Silva Melo, de 49 anos, morreu de Covid-19 na UTI na noite dessa terça-feira (27).

Ele foi o paciente que precisou ser transportado na carroceria de uma caminhonete para ser levado da unidade mista de saúde até o aeroporto da cidade de Jordão em meio à chuva.

O falecimento foi confirmado pela esposa de Melo, a também pastora Francisca Vera, de 44 anos. Casados há mais de 25 anos, eles tinham três filhos e eram moradores da capital acreana, mas estavam há mais de dois anos em missão na cidade de Jordão, uma das mais isoladas no Acre.

Muito abalada, ela contou que assim que deu entrada no hospital da capital, o pastor foi direto para a UTI e estava intubado. A notícia sobre a morte dele chegou à família por volta das 22h dessa terça. “Ele era uma pessoa muito alegre, muito boa, sempre alto-astral. E agora se foi.”

O corpo dele vai ser sepultado no cemitério Morada da Paz nesta quarta-feira (28) e o cortejo vai sair da frente do Into às 16h30.

pastor webPastor Gilmar da Silva Melo morreu de Covid-19 aos 49 anos no hospital de campanha em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal

Transferência em carroceria

Em estado grave, o pastor teve que ser transferido na segunda-feira (19) para um hospital na capital acreana, por meio do Tratamento Fora do Domicílio do Acre (TFD). Sem ambulância, os profissionais de saúde tiveram que improvisar e usar uma caminhonete para fazer o transporte dele da unidade de saúde da cidade até o aeroporto. As imagens viralizaram nas redes sociais.

Ao G1, o gerente-geral da unidade mista de Jordão, Nertan Mendoça, informou que a cidade está sem ambulância há quase dois anos e que o governo sinalizou que o veículo deve ser entregue ao município durante o período de verão, uma vez que o acesso à cidade é complicado. O governo informou que vai enviar uma nova ambulância até a cidade, mas até esta quarta (28) o veículo não chegou.

Como estava chovendo, a equipe usou uma placa de propaganda, emprestada por uma loja da cidade, para poder proteger o paciente.

Covid-19 no Jordão

Pouco mais de um ano após registrar os primeiros óbitos por Covid-19, a cidade de Jordão tem o menor número de mortes pela doença. Conforme dados do boletim divulgado diariamente pela Secretaria Estadual de Saúde, Jordão tem somente um óbito. A morte do pastor ainda não foi incluída no boletim.

A cidade é uma das mais isoladas no Acre, onde para se chegar só é possível por meio de barco ou avião de pequeno porte.

Com pouco mais de 8 mil habitantes, Jordão foi o penúltimo município acreano a registrar morte pela doença. A primeira e única morte na cidade foi do indígena Roldão Kaxinawá, de 99 anos, no dia 11 de julho do ano passado, após 10 dias de luta contra a Covid-19. Ele estava internado no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), em Rio Branco.

A cidade registra ainda o menor número de casos confirmados de Covid-19 do estado, com um total de 381 e tem a terceira menor taxa de incidência da doença no Acre, com 44,9 casos para cada mil habitantes.