Obra de Sérgio de Carvalho levou ao todo cinco troféus e uma menção honrosa. Premiação ocorreu na noite desse sábado (20)
O longa acreano “Noites Alienígenas” foi consagrado como o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado, na noite desse sábado (20), na 50ª edição do festival. A obra de Sérgio de Carvalho levou ao todo cinco troféus e uma menção honrosa, com isso é o melhor longa brasileiro do ano
“Foi muito emocionante e acho que esse prêmio representa muito no cinema da Amazônia contemporâneo, o cinema que está sendo feito no norte, então é um filme que traz junto com ele toda uma produção audiovisual do norte do Brasil, então a gente está muito feliz”, disse Sérgio de Carvalho.
Dos mais de 1 mil títulos inscritos, sete longas-metragens brasileiros, seis longas estrangeiros, cinco longas gaúchos e 14 curtas brasileiros concorreram ao ‘Kikito’, nome do troféu que representa o deus do bom-humor.
Veja premiações:
- Melhor longa: “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho
- Melhor longa (júri da crítica): “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho
- Melhor ator: Gabriel Knoxx, “Noites alienígenas”
- Menção honrosa: Adanilo, “Noites alienígenas”
- Melhor ator coadjuvante: Chico Diaz, “Noites alienígenas”
- Melhor atriz coadjuvante: Joana Gatis, “Noites alienígenas”
“Foi uma alegria muito grande. A gente recebeu cinco kikitos, como melhor filme, prêmio da crítica, melhor os dois atores coadjuvantes, e também Gabriel Knoxx, esse menino talentosíssimo, que nasceu no Rosalinda. É um menino que veio da periferia de Rio Branco, com o prêmio de melhor ator na primeira atuação dele. Foi realmente muito emocionante”, acrescentou Sérgio.
A partir do realismo mágico, o filme aborda o impacto da chegada das facções criminosas do sudeste do Brasil para a Amazônia. O filme fala de resistência, esperança e juventude.
Nas redes sociais, Gleici Damasceno comemorou o prêmio, e se disse orgulhosa de ter começado, fazendo seu primeiro longa no estado acreano.
“Felicidade imensa fazer parte de um projeto que faz ecoar o grito dos artistas acreanos, mostrando capacidade, competência, amor a arte. ‘Noites Alienígenas’ é resistência e persistência. Vai ter filme do Acre premiado como melhor filme de cinema no Brasil, sim. Foi lindo receber todos esses prêmios pelo longa. A cada vez que falavam o nome do nosso filme, o coração disparava e se enchia de orgulho e esperança. Foi meu primeiro longa e que orgulho tenho de ter começado no meu estado, com a minha gente, e contando a história de pessoas parecidas comigo”, disse.
O filme
O filme acreano Noites Alienígenas também já foi selecionado para ser exibido e lançado no Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia, entre os dias 30 e 31 de janeiro e 1 e 6 de fevereiro. O festival foi realizado na cidade sueca de Goteborg.
O longa tem no elenco a campeã do Big Brother Brasil 18 e ex-No Limite, Gleici Damasceno. No filme, ela faz o papel de Sandra, que é moradora da periferia e mãe solo. Diferente da temática ambiental, abordada sempre quando se fala em Amazônia e Acre, o filme mostra uma realidade social que não é muito debatida no âmbito nacional quando se trata do Norte: o impacto da criminalidade na vida dos jovens.
No centro do enredo encontram-se Rivelino (Gabriel Knoxx), um jovem rapper e grafiteiro que deixa sua arte em forma de nave espacial pelos muros da cidade; Paulo (Adanilo Reis), um jovem indígena, dependente químico, que é assombrado pela ancestralidade do seu povo; e Sandra (Gleici), uma jovem negra e empoderada, mãe do filho de Paulo, que tem no hip-hop um refúgio e espaço de resistência.
Quem faz o papel de Rivelino é Gabriel Knoxx. Filho de empregada doméstica e criado por três mulheres na periferia de Rio Branco, o jovem saiu de casa ainda aos 14 anos e encontrou na arte uma forma de ganha pão - nem sempre foi fácil, é claro, viver da arte independente, é resistir e persistir.
Sobre o diretor
Sérgio de Carvalho é criador da produtora Saci Filmes, no Acre. Na direção assina o documentário “Empate”, as séries de TV: “Nokun Txai”, “O Olhar que vem de Dentro” e “Alimentando a Alma” e o longa metragem “Noites Alienígenas”. Produziu o documentário “Bimi Shu Ykaya”, de Isaka Huni Kuin.