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MP tenta internação de morador de rua com esquizofrenia que está com ferida na cabeça

O Núcleo de Atendimento Terapêutico Psicossocial em Dependência Química (Natera) tenta ajudar o senhor Hildeblando

Alves de Souza, 58 anos, que tem transtornos mentais e vive nas ruas de Rio Branco. O núcleo, do Ministério Público do Estado (MP-A), recebeu informações de que ele está com um ferimento na cabeça e precisa de atendimento médico.

O irmão de Souza, o empresário Raimundo Alves, de 64 anos, contou que aos 20 anos ele era acadêmico do curso de economia, era um jovem culto e inteligente, mas que acabou se envolvendo com as drogas e desenvolveu esquizofrenia. Segundo Alves, o irmão já passou por muitos hospitais e centros de tratamento, mas sempre foge e volta para as ruas.

“Na época que ele desenvolveu a esquizofrenia, nós levamos ele para São Paulo e Rio de Janeiro para tratamento e ficou cinco anos em um canto e quatro no outro, mas ele conseguiu fugir. Na última vez que foi internado, ficou uns dois meses em um centro aqui no Acre, mas acabou fugindo há mais de três anos. De lá para cá, vive na rua e só procura a mim”, contou Alves.

A coordenadora administrativa do Natera, a psicóloga Bruna da Silva, disse que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deve ser acionado para fazer a intervenção.

“Vamos acionar o Samu e a equipe da prefeitura que faz atendimento dessas pessoas em situação de rua para que possamos, junto com o respaldo da família, localizá-lo e fazer a intervenção. Como ele tem transtorno mental e está desestabilizado, talvez seja necessária uma internação involuntária”, disse Bruna.

Internação involuntária

A psicóloga explica que o caso de Souza é considerado crítico. Isso porque a rede de saúde do município não consegue prestar o atendimento, já que ele se recusa.

“É um dos casos que junta tanto o transtorno mental como a situação de rua e está sem vínculo com a rede de serviço e com a família. Por isso que estamos montando essa estratégia. O papel do Natera, nesse caso, é mobilizar toda a rede de serviço e acompanhar o atendimento”, afirmou.

Caso seja feita a intervenção involuntária, o morador de rua deve ser encaminhado ao Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac).

“Essas pessoas só são internadas involuntariamente em último caso, porque já foram tentadas outras alternativas, a rede de serviços já tentou fazer atendimento e, mesmo assim, a pessoa não aceitou”, explicou.

O irmão disse que tentou cuidar do ferimento de Souza, mas não tinha notícias dele há mais de três dias. “Eu estava sabendo dessa ferida na cabeça, ainda comprei medicamento, dei para ele, mas ele acabou sumindo de novo. Me coloquei à disposição do MP e disseram que vão me avisar assim que levá-lo para o hospital. Tenho fé em Deus que dessa vez vai dar certo”.

Natera

Criado em junho de 2014, o Natera tem como objetivo a adoção de estratégias de prevenção ao consumo, de propiciar o tratamento adequado a dependentes e usuários e dar orientação aos familiares e àquelas pessoas atingidas com a problemática da dependência química. Além disso, é voltado também para os usuários de drogas relacionados ao sistema prisional.

A atuação do núcleo é realizada sob a perspectiva da Justiça Terapêutica, subsidiando as Promotorias Criminais que apresentem demandas relacionadas com a questão da dependência.

Segundo MP-AC, quando a demanda é proveniente dos usuários – adesão voluntária – são feitos os encaminhamentos necessários para tratamento, conforme a necessidade.

No caso daqueles usuários que apresentam dependência química e, a princípio, não aceitam o tratamento, sendo que os familiares procuram o núcleo, são realizadas tentativas de motivação e abordagens para que ocorra a adesão ao tratamento de forma voluntária.

Portal G1/AC