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MP pede abertura de inquérito após promotor do AC ser alvo de comentário homofóbico em rede social

MP pede abertura de inquérito após promotor do AC ser alvo de comentário homofóbico em rede social

Segundo o órgão, autor do comentário já foi identificado e o caso também foi encaminhado ao Ministério Público Federal. Promotor Tales Tranin já havia sido alvo de homofobia na internet no ano passado, e diz que esse tipo de violência deve ser combatido

O Ministério Público do Acre (MP-AC) pediu a abertura de um inquérito policial para apurar possível crime de homofobia contra o promotor de Justiça Tales Tranin em um comentário feito através de uma rede social. O pedido, assinado pela promotora Patrícia Rego, coordenadora-geral do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), nessa quinta-feira (18), relata que o caso ocorreu ainda na quinta e o autor foi identificado como Pablo Felipe. O perfil não está mais disponível na rede social.

No comentário, o suposto autor afirma: “Esse g.a.y (sic) lá sabe de nada”. Em resposta, um outro usuário diz a Pablo Felipe: “toma cuidado, vc (sic) vai ser preso”. De acordo com o MP-AC, o primeiro comentário foi publicado em uma matéria que citava Tranin, e configura crime de racismo, ao qual a homofobia é equiparada.

“Destarte, informo que foi exarada requisição ao Delegado Geral de Polícia Civil para a instauração de Inquérito Policial visando à investigação dos fatos, bem como foi solicitado ao Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do MPAC a elaboração de relatório da rede social utilizada pelo suposto autor, a fim de identificar sua identidade”, diz o documento.

comentarioAutor foi identificado e o MP-AC pediu que seja investigado possível crime de homofobia — Foto: Reprodução

O g1 não conseguiu contato com Pablo Felipe. A assessoria de comunicação da Polícia Civil do Acre informou que iria apurar se a corporação já foi notificada do pedido de investigação, e ainda não retornou até a publicação deste texto.

Tranin conta que soube do caso através da imprensa, quando um jornalista entrou em contato para falar sobre o caso. Ele pensou que o jornalista se referia a um caso anterior, e quando soube do novo ataque, encaminhou as informações à promotora Patrícia.

“Fiquei sabendo pela imprensa. Um repórter amigo ligou para mim perguntando sobre esse caso. Achei até que ele estivesse falando sobre aquele caso do policial penal, do ano passado. Eu falei: ‘não, isso já tem sete meses’. E ele me explicou que não, que um site tinha publicado, e mandou para mim. E tinha lá a pessoa dizendo aquilo. Já encaminhei para a procuradora Patrícia Rêgo, e ela requisitou o inquérito e também encaminhou ao procurador Lucas Dias, que vai encaminhar à Polícia Federal, pois crimes cometidos em redes sociais, o entendimento é que a Policia Federal investigue o crime de homofobia, que é equiparado ao racismo. A pessoa já está identificada. Não tem muita novidade por enquanto”, diz.

O caso ao qual Tranin se refere foi de um outro comentário homofóbico em uma rede social do qual ele foi alvo quando atuou nas negociações com presos que fizeram uma rebelião no presídio Antônio Amaro, em Rio Branco, em julho do ano passado. Ele lamenta casos de intolerância e diz que esse tipo de crime deve ser combatido.

“É uma agressão gratuita de uma pessoa que nem conheço. Não sei nem o contexto que ele fez esse comentário, deve ter sido em alguma outra matéria que eu devia estar atuando. Nem sei, pois só tem o print pequeno. É lamentável que as pessoas ainda sejam atacadas pela sua orientação, pela cor da pele, ou por qualquer outra coisa, alguma religião que segue. É triste, mas a gente tem que combater”, finaliza.