Renan Felipe Bezerra da Silva contou ao g1 que conversou com Caio Poersch, motorista que o atingiu, e que o perdoou pelo caso. Condutor foi indiciado por lesão corporal no trânsito
Quase quatro meses após a colisão que arrancou a perna de Renan Felipe Bezerra da Silva, o motoboy passa por dificuldades financeiras por não conseguir mais trabalhar.
Silva contou ao g1 que foi preciso atrasar o pagamento de algumas despesas domésticas, mas que a família tem feito o possível para se manter.
“Minha esposa está trabalhando, e vamos nos ‘pendurando’. Querendo ou não, eu trabalhava, e tinha minhas coisas. Um conforto da gente mesmo. Ficou muita coisa pendente, às vezes atrasa um, paga outro, e vamos assim. A conta de luz aumentou, porque basicamente eu tenho que ficar no ar-condicionado todo tempo, por causa dos ferros, e também da ferida que eu tenho no braço. É complicado. Remédios, consigo pegar na unidade de saúde. Tive muito gasto quando estava na UTI, e na enfermaria. Aquela ajuda das pessoas foi essencial, porque eu só tinha minha mulher”, conta.
Ele conta ainda que a recuperação vai ser demorada, e que em janeiro terá mais uma consulta para avaliar o ferimento no braço. Ele diz que a família do motorista Caio Henrique Poersch, motorista que o atingiu, ajuda com consultas particulares e com o transporte para o hospital.
Motorista foi indiciado
Poersch foi indiciado por lesão corporal culposa, artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro. Conforme apurado pela reportagem, a decisão do dia 19 de outubro deste ano cita que Poersch dirigia acima da velocidade permitida na via, e feriu quatro pessoas.
Além do motociclista, ficaram feridos o passageiro que Silva levava e um casal de estudantes que estava em um carro que também foi atingido por Poersch. A investigação também verificou que Poersch estava com a CNH vencida desde 2021, e que tem um longo histórico de infrações e multas. Sobre a conclusão do inquérito, Silva avalia como uma resposta satisfatória ao caso.
“É uma vitória, graças a Deus, saiu esse inquérito e foi tudo a meu favor. Querendo ou não, destruiu minha vida. Estava trabalhando, e de repente aconteceu isso. Um transtorno muito grande, tanto para mim, quanto para minha família. Graças a Deus escapei com vida, e estou em casa. Mas é muito satisfatório quando a Justiça caminha para o certo. Fiquei feliz que saiu esse inquérito da Polícia Civil”, comenta.
‘Não adianta guardar raiva’
Apesar dos graves transtornos causados pela colisão, Silva conta que Poersch o visitou e pediu perdão. Ele diz que perdoou o motorista, mas reconhece que isso não ameniza o problema.
Silva recebeu alta do Pronto-Socorro de Rio Branco no dia 28 de agosto e voltou para casa. Ele foi recebido com queima de fogos, bolo, beijos e abraços pela família, amigos e conhecidos que torceram pela recuperação dele.
Dos 30 dias hospitalizado, 18 foram dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do PS. Ele foi para enfermaria da unidade de saúde no dia 19 de agosto.
“Ele já veio na minha casa. Pediu desculpas e eu perdoei. Não adianta a gente guardar raiva, porque quem fica mal é a gente, a outra pessoa que causou, logo passa. Conversamos, mas, o quero no lugar dele, e eu no meu”, ressalta.