Alessandro Monteiro Martins estava trabalhando quando mulher que acompanhava a mãe na farmácia começou a xingá-lo para que saísse de perto dela. Vítima foi até delegacia para registrar ocorrência.
Um vídeo gravado pelo motoboy Alessandro Monteiro Martins, de 26 anos, enquanto sofria um ataque racista por parte de uma mulher chocou a internet nesta terça-feira (7). O flagrante foi feito enquanto o jovem trabalhava em uma farmácia no bairro Floresta, em Rio Branco. (Veja vídeo acima).
Pelas imagens, a mulher aparece descontrolada enquanto faz gestos obscenos em direção ao rapaz e grita xingamentos racistas. Durante o ataque, ela ainda cospe em Martins. O g1 não conseguiu contato com a mulher que aparece nas imagens até última atualização desta reportagem.
“Vai para o inferno, bando de macaco, filma, corno. Mostra que tu é um preguiçoso, baitola. Mostra tua cara. Isso é pra tu saber, maldito, que eu te abomino. Quadrilha de negro maldita, bando de negro preguiçoso, bando de negro macaco. Filma, corno, filma que tu não tem mais nada a fazer.”
O rapaz conversou com o g1 minutos após o ocorrido e disse que estava a caminho da delegacia da Sobral acompanhado de um advogado para registrar um boletim de ocorrência contra a cliente.
“Eu estava aqui no meu trabalho, sou motoboy da loja. Essa mulher estava com a mãe dela, que passou próximo de mim e, do nada, ela começou a me xingar, que era para sair de perto da mãe dela, que eu era preto, me chamou de macaco, me cuspiu. Me senti totalmente desrespeitado, não é porque a pessoa é negra que é inferior a alguém. Estou indo agora na delegacia com o advogado. Não conheço ela, nunca vi na minha vida. Essa foi a primeira vez que passei por isso”, disse o rapaz.
Polícia procura mulher
Ao g1, o delegado Pedro Resende, informou que a mulher foi identificada e que diligências começaram a ser feitas, porém, a mulher ainda não foi localizada até a tarde desta terça. Ele disse ainda que na quarta-feira (8) deve começar a ouvir as testemunhas.
A advogada Mari Barbosa, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-AC, disse que tomou conhecimento do caso e que a comissão está à disposição da vítima para auxiliar no que for necessário.
“Nosso papel enquanto OAB é acompanhar o caso e, caso a vítima, se sinta à vontade de nos procurar para orientação, nós também fazemos esse papel. Essa é mais uma situação de racismo e que mostra que as pessoas perderam o medo e a vergonha de se declararem racistas. Mesmo tendo a filmagem e as mídias sociais, as pessoas perderam a vergonha e isso é por conta do retrocesso que tivemos nos últimos quatro anos a respeito das leis com relação ao racismo. Ele tem que registrar a ocorrência, porque o que faz com que as pessoas façam isso é a certeza da impunidade”, afirmou Mari.
MP se posiciona
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) informou que vai requisitar instauração de inquérito policial para investigar crime de racismo contra o motoboy. O promotor Tales Tranin, que responde pela Promotoria Especializada de Defesa dos Direitos Humanos, vai encaminhará à polícia o vídeo em que uma mulher se refere à vítima como “macaco” e “imundo”, entre outras agressões.
“O MPAC também vai solicitar que seja identificada a autora e que sejam ouvidos os funcionários da farmácia que presenciaram o ato, entre outras providências.”