Taylon dos Santos diz que voltou para casa sem comer após se recusar a trabalhar depois do expediente. Empresário José Amorim afirma que motoboy já tinha jantado e que foi desonesto com ele
O motoboy Taylon Souza dos Santos, de 23 anos, passou por um constrangimento no último dia 11 após se recusar a trabalhar depois do horário combinado. Ele diz que o dono da lanchonete em Rio Branco, para qual fazia entregas, ficou irritado quando ele disse que não continuaria trabalhando após o expediente e o deixou sem jantar.
O horário combinado entre Santos e o empresário era das 19h30 até às 3h. Além do lanche, o motoboy falou que o empresário não queria pagar pelo dia de serviço, que era R$ 20 para a gasolina e mais as taxas das entregas.
Santos gravou um vídeo que mostra o momento em que o empresário pede para ele fazer mais duas entregas. Ele diz que já deu o horário combinado, mas o empresário afirma que tem outros dois pedidos. “Mas, nosso combinado é até três horas”, diz o motoboy.
O empresário reclama: “Então, meu amigo, tu quer demais. Tu vai ter que deixar, se quiser não tem problema, eu vou...”, rebate.
Santos pede para o empresário somar as taxas dele e o homem afirma: “Então, não vou dar teus R$ 20 também. Vou não. Tu tem que falar. Me dá esse sanduíche aqui. Eu vou te pagar e tu não aparece mais aqui não, tá?”, ordena.
Ao g1, Taylon Santos confirmou que estava fazendo um ‘bico’ para o empresário desde o dia 8 de janeiro. Na noite anterior, ele tinha saído antes do fim do expediente e ouviu do dono do lanche que ele iria ficar sem o pagamento se saísse cedo.
“No dia seguinte, cumpri meu horário certinho. Ele me deu os R$ 20, mas o constrangimento e a humilhação ficaram. Gravei o vídeo e joguei no grupo de motoboys para nenhum ir lá”, lamentou.
Calúnia e difamação
O dono da lanchonete, o empresário José César Amorim disse que prestou um boletim de ocorrência contra o motoboy por calúnia e difamação. Ele diz que sofreu um grande prejuízo por conta da divulgação do vídeo. Amorim afirmou que já tinha dado lanche para o ex-funcionário, mas ele exigiu outro.
“Ele queria outro lanche e não tinha direito. Ele era desonesto, tenho testemunhas, tem vários defeitos em cima dele. Já tinha tirado ele a primeira vez e me pediu pela amor de Deus para voltar. Eu sou bom, os motoboys que trabalham comigo sabem. Ele nem sabe o que causou na minha vida, estou com uns processos em cima dele, vou até a última instância. Ele botou minha vida em risco, os motoboys estão tudo contra ele agora que souberam a fama dele”, alegou.\
Protesto
Na noite da última quinta-feira (13), um grupo de entregadores fez um buzinaço em frente ao estabelecimento do empresário como protesto pelo o que houve com o colega.
“Acho que uns 150 motoboys foram para lá, reivindicamos. Deu um problema lá, tiveram que ir na delegacia. Só fui trabalhar para ele porque estava precisando, a situação em casa não estava boa, não aparecia mais trabalho nos grupos. Me senti humilhado”, afirmou.
O empresário José Amorim acrescentou que também registrou um boletim de ocorrência contra os manifestantes, mas que deve retirar a queixa após um grupo de retratar. “Todos iam ser processados também por causa da baderna que fizeram na minha casa. Lá é casa de família, tem crianças, não podem fazer isso. Mas, com eles eu me entendi, viram que foram enganados por esse motoboy. Talvez eu retire a queixa contra eles”, concluiu.