Erosão existe há seis anos na Rua Boulervard Augusto Monteiro e preocupa os comerciantes que ficam próximo às margens do Rio Acre. Seop diz que tem um projeto que vai transformar região em uma orla
Os moradores da Rua Boulervard Augusto Monteiro, no bairro Quinze, em Rio Branco vivem com medo do aumento da erosão que ameaça casas e comércios na região. Segundo a comunidade, a erosão acontece há mais de seis anos e, além dos riscos para quem passa no local, os estabelecimentos comerciais também podem ser atingidos.
O comerciante Paulo Holanda disse que o Poder Público, até o momento, não entrou em um acordo para retirar os comerciantes para um lugar seguro.
“Desde 2015 que está assim, cada vez quebrando mais. Querem fazer um trabalho aqui, mas não querem alocar o morador. Querem só fazer o trabalho e, simplesmente, expulsar a gente daqui, não tem uma proposta. Vieram aqui, mediram, mas nenhuma proposta de indenização e nem de alocar a gente”, criticou.
O medo dos moradores é que, com o aumento das chuvas, a situação agrave ainda mais. “Ainda não quebrou mais porque está com, praticamente, oito ano que não alaga. Se tiver uma alagação como de 2015 vai quebrar esse resto. Se alagar, vai interditar a rua”, disse o comerciante.
O autônomo Ocivaldo Venâncio também teme o pior. “Medo de cair e não ter para onde ir. Deveriam arrumar um local e nada de sair”, lamentou.
Riscos
O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, destacou que há diversos bairros na capital acreana que sofrem com erosão e movimentação de massas. No bairro Quinze, especificamente, há um aumento da erosão há mais de seis anos e a situação é acompanhada pelas equipes.
Segundo ele, o órgão municipal já levou informações os riscos na área à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras Públicas (Seop).
“Além daquele local, há outros locais que monitoramos tendo em vista que trabalhamos com a questão de risco e administração de desastres. Então, a Defesa Civil indica os riscos e orientamos todos os moradores que mora às margens do Rio Acre que monitorem a questão da erosão e acione a Defesa Civil caso necessário. A Defesa Civil apenas indica o grau do risco, que pode ser baixo, médio, alto ou muito alto”, falou.
Com as constantes chuvas no inverno, Falcão frisou que os riscos de desabamento aumentam. “A partir do momento que a água adentra em determinado solo e recua, o que acontece com frequência aqui, o solo nunca mais será o mesmo. Então, a erosão aumenta, a estabilidade do solo também é afetada e, por isso, a Defesa Civil se mostra presente nesses locais de risco”, diz.
O coronel afirmou que a partir do momento que o morador perceber que há uma instabilidade no solo, seja através de rachaduras, de desbarrancamento, aumento de erosão ou que a casa está com dificuldade de fechar e abrir portas, pode acionar a Defesa Civil.
“Trabalhamos com o número de emergência do Corpo de Bombeiros, 193, e vamos no local. Além do acompanhamento que já fazemos, vamos no local mais pontual para poder orientar in loco e dizer para o morador o risco que corre naquela situação”, aconselhou.
Projeto
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras Públicas (Seop) afirma que existe um projeto para a região, mas é barrado por uma falta de acordo com os moradores. O secretário Cirleudo Alencar revelou que o projeto prevê a construção de uma orla na região da erosão.
A obra está avaliada em R$ 24 milhões, sendo parte de uma emendar parlamentar da deputada federal Vanda Milani e outra parte de recursos próprios do governo.
“São 372 metros de contenção. A priori, o objetivo desse projeto é segurar a barranca, fazer a contenção como foi feita ali Gameleira. Então, a gente não pode deixar perder, e temos que ter a sensibilidade, a Rua Boulervard Augusto Monteiro porque a erosão vai acabar matando a rua”, argumentou.
Alencar destacou que o projeto será apresentado para o prefeito Tião Bocalom nesta quarta-feira (25). Há cerca de um mês, ele diz que houve uma reunião com os órgãos fiscalizadores e representantes da comunidade. Uma parte da população aceita o projeto e outra não.
“Estamos aqui para fazer da melhor forma para poder tirar as pessoas do risco, que estão em lugar perigoso, e convencê-las que o governo, e parceria com a prefeitura, tem uma alternativa dentro do próprio local. Então, é uma obra que, além de conter, vai embelezar e fortalecer a história do município de Rio Branco. O bairro Quinze foi um dos beços da colonização da nossa cidade, então, ali vai contar com duas paradas de ônibus, quatro quiosques, dois observatórios. Vai virar uma referência cultural e turística em Rio Branco”, contou.
O secretário explicou ainda como ficará a situação dos moradores durante o desenvolvimento da obra. A ideia é disponibilizar dois terrenos próximos para levar os comércios e as residências. “O que estamos fazendo agora é o congelamento da área. Existe todo um trâmite que vamos ter que seguir, é um trâmite institucional e vamos paralisar todo tipo de intervenção momentânea e fazer a avaliação dos imóveis. Todos os moradores, são 34 unidades, quatro comerciais e 28 residenciais, temos várias opções, mas queremos valorizar a questão cultural do bairro”, concluiu.