Algumas carretas conseguiram passar para o Acre após desbloqueio da rodovia, contudo, cargas são insuficiente para reabastecer comércio com combustível e cerveja
Mesmo com o desbloqueio da BR-364, em Rondônia, na tarde dessa terça-feira (22), no Acre ainda faltam alguns itens para os moradores, como combustíveis e cerveja nesta quarta (23). Muitas carretas chegaram ao estado com gasolina e outros materiais, contudo, as cargas ainda não são suficientes para normalizar a situação nos comércios.
O presidente da Associação de Bares, Restaurantes, Conveniências, Distribuidoras e Eventos do Acre (Abrace), Leôncio Castro, disse, nesta quarta, que chegaram duas carretas com cerveja no estado, mas que o estoque ainda continua limitado.
“Para normalizar, precisam chegar no mínimo 30 carretas, sendo que são cerca de três dias para ir e três para voltar. Então, a previsão é que normalize só mês que vem, se realmente não acontecer mais nenhum tipo de emprevisto”, afirmou Castro.
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Acre (Sindepac) informou que vários caminhões conseguiram chegar em Rio Branco e outros em Porto Velho (RO), no entanto, ainda falta combustível em muitos postos da capital. A previsão é que, se não houver novos bloqueios nos próximos dias, até sexta (25), todos os postos devem estar abastecidos e a situação normalizada.
Outro produto que chegou a faltar no comércio acreano foi o cimento. Nessa terça, a presidência Federação das Indústrias do Acre (Fieac) disse que alguns empresários relataram a falta de cimento nos estoques.
Em contato com a Associação Comercial do Acre (Acisa), o g1 foi informado que os supermercados, especificamente os grandes, estão com os estoques internos baixos. Caso a BR não seja mais fechada, em três dias esses estoques devem ser reabastecidos.
Os bloqueios feitos por bolsonaristas em trechos da rodovia federal começaram ainda no dia 30 de outubro após o resultado das eleições presidenciais. Pela parte da manhã dessa terça, a Polícia Rodoviária Federal confirmava vários pontos de bloqueio ilegais na BR-364, no estado rondoniense.
A BR-364 é a única que liga o Acre ao restante do país.
Fila para abastecimento e redução de coletivos
Na capital acreana, Rio Branco, nessa terça (22), logo se formaram longas filas nos postos de combustíveis de motoristas tentando garantir o abastecimentos dos veículos e motocicletas. Em alguns estabelecimentos, o atendimento foi suspenso por falta de gasolina nas bombas.
Outro setor afetado com a falta de combustível é o transporte público. Dos 101 veículos que circulam diariamente na zona urbana e rural da capital, apenas 71 passaram a atender a população para economizar combustível. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans) anunciou a redução na frota nessa segunda (21) e amedida passou a valerna terça (22).
Por conta disso, passageiros de ônibus enfrentaram espera e lotação por causa da diminuição da quantidade de veículos em circulação.
Gabinete de crise
O governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com relação aos prejuízos causados pelos bloqueios ilegais na BR-364, em Rondônia, que dá acesso ao estado acreano. O decreto com a criação do grupo foi publicado na edição desta quarta (23) do Diário Oficial do Estado (DOE) e tem validade de 15 dias.
Cameli também considerou, para criação do gabinete de crise, a informação do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) e Defesa Civil Municipal de que, a partir do dia 28 de novembro, a capital pode passar a ter problemas no abastecimento de sua população. Isso caso os produtos químicos de tratamento de água não consigam chegar a Rio Branco.
O gabinete de crise vai monitorar, mobilizar e coordenar as atividades dos órgãos públicos estaduais para adoção de medidas necessárias para amenizar os prejuízos causados pela obstrução das rodovias federais.
Outra medida tomada pelo governo do Acre foi o pedido de reforço da Força Nacional para evitar novos bloqueios ilegais na BR-364 no lado rondoniense e que tem prejudicado o abastecimento no estado.
Na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o líder do governo, deputado estadual Pedro Longo (PDT), afirmou que o pedido foi feito após o estado já sofrer com desabastecimento de vários itens por conta das manifestações ilegais na estrada federal que liga o Acre ao restante do país. Ele afirmou que outros pedidos já tinham sido feitos anteriormente junto às autoridades federais, como a PRF.