..::data e hora::.. 00:00:00

Geral

Mesmo com ameaça de ter ponto cortado, 70% das escolas não iniciam ano letivo na capital

Mesmo com ameaça de ter ponto cortado, 70% das escolas não iniciam ano letivo na capital

Sindicato informou que do total de 96 unidades de ensino, 67 continuam com as atividades paralisadas. Secretária não soube informar em quantas escolas as aulas foram iniciadas nesta segunda (21) e pediu que servidores retomem aos postos de trabalho

Como tinha garantido, a Secretaria Municipal de Educação deu início ao ano letivo 2022 nesta segunda-feira (21) na rede pública, mesmo com grande parte dos trabalhadores ainda em greve. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), Rosana Nascimento, confirmou que cerca de 70% das escolas não iniciaram as aulas nesta segunda.

Segundo ela, do total de 96 unidades de ensino, 67 continuam com as atividades paralisadas. A secretária Nabiha Bestene não soube informar em quantas escolas as aulas foram retomadas.

A gestora afirmou que ainda vai ser verificado quantas escolas ainda estão sem aulas. Ela pediu compreensão dos trabalhadores e que eles retornem aos seus postos de trabalho para não prejudicar o andamento do ano letivo dos alunos.

“Estamos aqui pedindo aos coordenadores, gestores, a todo pessoal de apoio que venham para as escolas, porque as negociações ainda não acabaram. Tudo é possível. Não podemos perder essa oportunidade. As crianças clamam, elas precisam do convívio, já que estão afastadas há tanto tempo. Estão saturadas de estarem dentro de casa e precisam voltar para esse espaço, onde se dá o ensino, socialização com os colegas, aconchego dos seus professores, além do saber que é muito importante”, afirmou a secretária.

Nabiha disse ainda que a abertura ocorre conforme o planejamento curricular e, com relação à semana pedagógica, que deveria ter acontecido antes do início das aulas, cada coordenação de escola deve providenciar a partir de agora. A secretária reforçou o pedido para que os trabalhadores continuem com as negociações, mas nas salas de aulas.

“A gente conclama que eles voltem ao trabalho. Não quero dizer que com isso encerraram as negociações. Têm propostas, então, vamos continuar com nossas propostas, o importante é que retornem para que não atrase o ano letivo e as férias dos professores. Vamos mensurar quantas escolas voltaram, quantas não voltaram e vamos aos órgãos que nos orientam para que a gente prossiga.”

educacao 002 webMesmo com trabalhadores em greve, Educação inicia ano letivo em escolas de Rio Branco — Foto: Andryo Amara/Rede Amazônica

O diretor da Escola Sheila Nasserala, Walquírio Firmino, uma das que iniciaram as aulas, disse que a equipe da escola fez questão de retomar os trabalhos para atender às crianças.

“Nós entendemos que o movimento grevista já alcançou algumas conquistas. A equipe, com muita responsabilidade, decidiu iniciar o ano letivo, porque as crianças já tiveram muito prejuízo devido à pandemia, o ano passado tiveram três meses de aulas presenciais apenas e este ano a gente não poderia prejudicar ainda mais. Atendemos uma comunidade aqui no Tangará e é uma alegria muito grande receber nossas crianças novamente na nossa escola neste dia especial”, afirmou o diretor.

Novo protesto

A categoria voltou a protestar nesta segunda (21) em frente à Prefeitura de Rio Branco. A presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, disse que os trabalhadores só devem retomar as atividades após fechar negociação com a prefeitura.

“Continuamos com nosso movimento, a grande maioria das escolas não voltou e não vai voltar. A primeira proposta da prefeitura estava horrível, continua péssima, mas é possível dialogar. Infelizmente não querem atender o piso dos funcionários de escola, mesmo tendo condições de pagar. O prefeito anunciou que puxaria o piso dos professores pra dezembro, mas não entregou a proposta. Precisamos negociar, porque nossa categoria quer em parcela única, mas até poderá aceitar de duas parcelas. A categoria só vai sair de greve avançando no piso dos funcionários”, disse Rosana.

A sindicalista falou ainda das condições de infraestrutura das escolas para a retomada dos trabalhos. “Tem escola que não tem condições de receber as crianças. Nesses anos de pandemia não fizeram manutenção, o matagal é dentro das escolas, portas, janelas e telhas quebradas e ignoram isso. Pedimos aos pais que apoiem as escolas e professores dos seus filhos.”

educacao 003 webCategoria voltou a protestar nesta segunda-feira (21) em frente à prefeitura de Rio Branco — Foto: Andryo Amara/Rede Amazônica

Ponto de servidores cortado

Com o impasse entre a prefeitura e os trabalhadores da Educação, que seguem sem uma negociação que coloque fim à greve, a prefeitura prometeu cortar o salário do servidor que não aparecer para trabalhar nesta segunda.

Por conta da greve, o início das aulas da rede pública de Rio Branco, que abrange creches, pré-escolas, e o ensino do 1º ao 5º, chegou a ser adiado do dia 14 para esta segunda (21). Essa foi a segunda vez que a Educação da capital mudou a data para início do ano letivo. As matrículas da rede foram feitas entre os dias 14 e 31 de janeiro.

Inicialmente, a previsão era de iniciar as aulas no dia 7 de março, mas, por conta do avanço dos casos de Covid-19 no estado na terceira onda da doença, a data foi adiada para o dia 14 de março.

Formato híbrido

O coordenador do Departamento de Ensino Fundamental da Seme, Hélio Guedes Vasconcelos Silva informou que, seguindo decreto estadual vigente, as aulas iniciam em formato híbrido, ou seja, com parte dos alunos em sala e outros ainda de forma remota.

“Vai ser híbrido, porque ainda estamos sob vigência do decreto estadual 10.184, de novembro do ano passado. Então, tem que voltar com esse sistema, com rodízio e até 50% dos alunos ocupando as salas de aula”, informou Silva.

As aulas presenciais foram suspensas no dia 17 de março de 2020, na semana em que o Acre confirmou os três primeiros casos de Covid-19. A partir de então, os alunos tiveram acesso ao conteúdo escolar pela internet por videoaula, pelo rádio com audioaulas, pela televisão e também com o material impresso disponibilizado nas escolas.

Greve dos trabalhadores

Os servidores municipais de Educação estão em greve desde o dia 24 do mês passado. Desde então, a categoria tem feitos vários protestos pela cidade, inclusive, junto com servidores da Educação estadual, que também estão com as atividades paralisadas.

A categoria pede:

  • Reformulação de Plano de Cargo Carreira e Remuneração (PCCR)
  • Piso nas carreiras aos professores, com 50% de diferença do nível médio para superior
  • Piso de uma única parcela aos professores
  • Piso dos funcionários de escolas que é de R$ 1.400, a proposta do Sinteac é de R$ 1.956
  • E se coloca contra a proposta da prefeitura de aumentar tempo de serviço para progressão salarial
  • Convocação efetiva do concurso de 2018

Reunião

Os representantes dos sindicatos dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) e dos Professores da Rede Pública de Ensino do Acre (Sinproacre) se reuniram com o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, na quarta-feira (16), para negociar um acordo e colocar fim à greve. Contudo, esse acordo ainda não foi acertado.

Após a conversa, o prefeito falou para uma equipe da Rede Amazônica Acre que tinha sido apresentada uma proposta, que seria levada para apreciação dos sindicatos na quinta (17). “A gente entrou em um acordo que, ao invés de fazer a terceira parcela de pagamento no mês de janeiro de 2023, a gente, então, recuaria para dezembro. Essa foi a proposta discutida”, disse o gestor.

No encontro, a proposta discutida foi: que a implementação do piso dos professores fosse feita em três parcelas. A primeira seria paga em maio, que corresponderia ao mês de janeiro, a segunda em setembro deste ano e a terceira, que seria depositada em janeiro de 2023, seria paga em dezembro desse ano.

Porém, a presidente Sinteac, Rosana Nascimento, e a presidente do Sinproacre, Alcilene Gurgel, falaram que souberam dessa proposta apenas pela imprensa após o encontro com a equipe da prefeitura. Sem acordo, os sindicatos decidiram manter o movimento.

Alcilene Gurgel disse que os servidores só aceitam o pagamento do retroativo em duas parcelas e não em três. E que essas duas parcelas do pagamento sejam debitadas ainda este ano.

O secretário de gestão administrativa da prefeitura, Jonathan Santiago, explicou que a gestão já tinha feito algumas concessões anteriormente para tentar se chegar em um acordo. Ele disse que a categoria teria afirmado que aceitava o pagamento em três parcelas, mas que todas fossem depositadas ainda em 2022.

O secretário acrescentou que a equipe da prefeitura não enviou um ofício formalizando a proposta porque a categoria já tinha feito uma reunião no último dia 10 de março onde pediram para ampliar uma gratificação e que se esse pedido fosse acatado encerrariam a greve.