Por conta da pandemia e redução de passageiros, RBTrans desativou três dos cinco terminais de integração. No entanto, mesmo com aumento na circulação de pessoas, ainda não há previsão para retomada
Mesmo tendo aumentado em 10 mil passageiros por dia circulando em Rio Branco, três dos cinco terminais de integração seguem desativados pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans).
Os terminais foram desativados por conta da pandemia e redução no fluxo de passageiros. Conforme o superintendente do órgão, Anízio Alcântara, mesmo com esse aumento, ainda não há demanda que justifique a reativação dos pontos e, por isso, não tem uma previsão de retomada.
Entre os terminais fechados estão o do São Francisco, Adalberto Senna e Cidade do Povo.
No caso do terminal da Cidade do Povo, o superintendente informou que este não deve ser mais reativado, porque sua concepção não foi adequada às diretrizes do transporte. Já o do São Francisco continua apenas como uma parada comum de ônibus e não como um terminal. E o do Adalberto Senna deve voltar a operar a partir do aumento ainda maior da demanda.
Alcântara informou que há alguns meses a demanda estava em cerca de 20 mil passageiros por dia e, desde a redução do valor da passagem de R$ 4 para R$ 3,50 e retomada gradual das aulas presenciais, o número de passageiros subiu para mais de 30 mil por dia. No entanto, quando os terminais estavam ativos, esse número chegava a cerca de 60 mil passageiros ao dia.
“Já tivemos com 30 veículos, depois com 50 e após a redução da tarifa, a demanda aumentou imediatamente e isso elevou a frota de veículos para 80. Mas, isso ainda não traz o terminal do Adalberto Senna de volta à ativa. Tudo depende da demanda mesmo para ser retomado, vamos estar aumentando se for para trazer benefício para as pessoas”, afirmou Alcântara.
Promessas de campanha
A desativação dos terminais vai de encontro com as promessas do prefeito Tião Bocalom (PP). Na época da campanha, o então candidato chegou a prometer a conclusão das adequações de acessibilidade das frotas de ônibus, a construção de novos terminais de integração de transporte coletivo e ampliação das vagas de transporte escolar.
“Na verdade, a ideia é criar terminais temporais, que é o que há de moderno. Esses terminais físicos, que se constrói, o Brasil parou de trabalhar com isso há 20 anos. Todo terminal que se constrói físico, ele leva um entorno social que é complicado para o paisagismo da cidade. E no desenho da cidade que estamos fazendo, vamos precisar de muito mais pontos de integração do que os cinco que estão construídos. Vamos precisar de mais de 15, para se ter uma ideia e todos serão feitos eletronicamente. É como o mundo está trabalhando, com a integração da bilhetagem automática”, informou Alcântara.
Em junho deste ano, o superintendente chegou a afirmar que um projeto com um novo desenho de transporte público para toda a cidade de Rio Branco seria apresentado pela RBTrans em um prazo de 20 dias.
Com crise no transporte
A crise no transporte público em Rio Branco se arrasta desde 2020. Assim que assumiu, Bocalom afirmou que não iria repassar nenhum valor extra para as empresas de ônibus que atuam na capital e que elas deveriam arcar com os prejuízos que tiveram durante a pandemia.
O posicionamento do prefeito se deu porque a gestão anterior, de Socorro Neri, chegou a cogitar o pagamento de um aporte financeiro de R$ 2,5 milhões para essas empresas.
Após essa decisão de Bocalom, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Acre (Sindcol) chegou a entrar com uma ação para tentar receber o valor, mas a Justiça do Acre indeferiu o pedido.
Em meio à essa crise, motoristas de ônibus fizeram protestos, paralisaram atividades e a população precisou buscar outras alternativas para o transporte. No entanto, após várias manifestações, os trabalhos da categoria foram retomados. A câmara de vereadores de Rio Branco chegou a instalar uma CPI para apurar os problemas relacionados ao transporte na capital.
Após pressão, o prefeito Bocalom voltou atrás e autorizou o repasse de mais de R$ 2,4 milhões às empresas. Com a medida, depois de quase um ano com os salários dos motoristas atrasados, as três empresas que prestam o serviço de transporte público em Rio Branco concluíram o pagamento da primeira parcela aos trabalhadores no último dia 1.