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INSS no AC vira alvo do MPF após denúncia de que invalida laudo de autismo emitido há mais de três meses

INSS no AC vira alvo do MPF após denúncia de que invalida laudo de autismo emitido há mais de três meses

Associação Família Azul informou que laudo pode demorar de 6 meses até 2 anos para ser expedido. MPF instaurou inquérito após requerimento do presidente da Aleac, deputado Luiz Gonzaga (PSDB)

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil para apurar o atendimento prestado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) no Acre às pessoas com autismo. A medida foi tomada após um requerimento apresentado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Luiz Gonzaga (PSDB), dando conta de que a representação do INSS no estado invalida laudos com data superior a três meses de emissão.

Conforme denúncia, no momento do requerimento administrativo para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o INSS determina que sejam apresentados laudos e atestados com emissão não superior a 90 dias, o que, segundo o MPF, inviabiliza e dificulta o pedido.

Ao g1, a agência do INSS em Rio Branco informou que ainda não foi notificada e que tão logo receba a formalização do inquérito vai encaminhar a demanda à Superintendência Regional. “Não temos competência regimental para alterar a legislação que trata do assunto.”

O TEA é caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e ou interesses repetitivos ou restritos, conforme o Manual de Orientação Transtorno do Espectro do Autismo, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A condição é permanente e não tem cura, mas a estimulação precoce pode contribuir para alterar o prognóstico e suavizar os sintomas.

No Acre, a lei estadual n. 3.722, de 2021, determina que o laudo médico pericial que ateste o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a exemplo de outros estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal, tem prazo de validade indeterminado.

Pelas redes sociais, o deputado falou sobre o pedido de providências feito ao MPF sobre o protocolo do INSS. “Limitar o prazo dos laudos apenas dificulta a vida dos familiares e portadores do TEA, pois o estado do Acre dispões de poucas unidades que atendem as pessoas com autismo.”

A presidente da Associação Família Azul (AFAC), Heloneida da Gama, afirmou que o laudo pode demorar de 6 meses até 2 anos para ser expedido, dependendo do caso e que, portanto, é inviável esse prazo dado pelo INSS. Segundo ela, atualmente o grupo tem 850 famílias cadastradas.

“É um impacto muito grande, porque o retorno com a neuropediatra está programando para três meses ou seis meses, mas as vezes demora muito mais que isso e inviabiliza conseguir um novo laudo. Então, é muito importante essa investigação do MPF, também para verificar porque tem demorado muito para marcar essas perícias. Tem mãe que leva até dois anos para conseguir o laudo e ainda tem essa questão de prazo de validade”, disse Heloneida.

O responsável pelo inquérito, procurador regional dos Direitos do Cidadão Lucas Costa Almeida Dias, afirmou que a ação pretende verificar e corrigir, se for o caso, a regularidade do atendimento em todo o Brasil.