“Tive que trabalhar na minha mocidade e, por isso, não tive a chance de estudar”, desabafou, emocionada, a aposentada Rogéria Xavier que, através do Centro Dia para Idosos, retomou o sonho adormecido de se alfabetizar aos 83 anos de idade.
Ela e outros 28 homens e mulheres foram matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A iniciativa é da Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres, com o apoio da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes.
O centro foi fundado em 2001, como previsto pela Política Nacional do Idoso. Atende pessoas com idade a partir de 60 anos e o objetivo, desde a fundação, tem sido promover uma melhor qualidade de vida não só ao idoso, mas também aos seus familiares. Lá, eles realizam atividades físicas como caminhada, hidroginástica, fisioterapia, atividades socioculturais, artesanato, além de estabelecerem vínculos sociais.
“O centro é parte da Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres e aqui nós buscamos tirar o idoso da inatividade física, inseri-lo novamente num convívio social. Já tem 12 anos que estou aqui e percebo que o centro, na vida do idoso, é semelhante a uma segunda casa, é o lugar onde eles se sentem úteis, vivos e acolhidos. Com a correria do dia a dia, muita das vezes, a própria família não dispõe de muito tempo para dar atenção a eles e aqui eles recebem tudo isso”, explicou a coordenadora do centro, Ana Paula Ribas.
Com a inserção na Educação de Jovens e Adultos (EJA), os idosos que não tiveram a chance de estudar na idade apropriada, agora recebem aulas didáticas duas vezes durante a semana. Dona Rogéria é moradora do bairro Estação e já tem 16 anos que frequenta o Centro Dia para Idosos.
“O centro me deu saúde, disposição e coragem para viver a minha vida. Pretendo sair daqui só quando Deus quiser me levar, é uma benção na vida da gente. Na época que eu era criança, não tive a oportunidade de estudar, precisei trabalhar para poder ajudar os meus pais e hoje sou muito grata pela oportunidade porque aprendi a fazer meu nome, já sei ler um pouco e posso me comunicar melhor. Estou velha, mais ainda dá tempo de aprender”, disse em voz trêmula.
A professora Denise Souza, ao ouvir o relato da aluna enquanto era entrevistada pela Agência de Notícias do Acre, ficou emocionada. Como educadora há 23 anos, disse que o sonho dela era trabalhar com idosos e, através da EJA, acha gratificante a oportunidade de poder mudar a vida dessas pessoas.
“Eu amo o programa pela sensação de estar com eles. Eles têm experiência de vida e acompanhamos o sofrimento deles de não terem tido chance de estudar. Eu também dou aulas para o 5º ano, com crianças, e eles não tem o mesmo interesse, a vontade de estudarem. Isso me faz feliz e, no final, com a experiência deles eu acabo aprendendo mais que eles comigo”, finalizou.