Prefeitura informou que há 5 mil pessoas afetadas diretamente pela cheia do Rio Tarauacá. Deste total, mais de 1,7 mil moradores, incluindo indígenas, estão desabrigados e desalojadas
Os moradores de Jordão, um dos quatro municípios isolados do Acre, enfrentam a maior enchente da história, segundo o prefeito Naudo Ribeiro. Cerca de 80% da cidade está alagada e cinco mil moradores foram afetados diretamente pela cheia do Rio Tarauacá.
As águas do Rio Tarauacá chegaram ao Hospital Geral Dr. Márcio Rogério Camargo, onde havia cinco pessoas, entre elas uma grávida, internadas nesse sábado. Os pacientes foram levados para o prédio da Secretaria de Assistência Social do município, onde foi montada uma unidade provisória.
Segundo a prefeitura, águas subiram cerca de um metro dentro do hospital. Alagação causou danos em uma ambulância, em medicamentos e equipamentos. O secretário de Saúde, Pedro Pascoal, está na cidade e anunciou o envio de suprimentos, como medicamentos e água potável, para as áreas isoladas.
O Posto de Saúde Antônio Rodrigues Dourado e a delegacia da cidade também estão alagados.
Em primeiro momento decretamos situação de emergência e ontem calamidade. O Corpo de Bombeiros encaminhou cinco militares para apoiar o levantamento de dados e ajudar a população. Temos a maior cheia da história do município, [foi] atingido 100% o hospital com mais de um metro dentro, [foi] atingido nosso posto de saúde, a delegacia, o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] “, lamentou o prefeito Naudo Ribeiro.
Com 80% da cidade alagada, prefeito do Jordão decreta calamidade pública
Por conta situação, o prefeito decretou calamidade pública nesse sábado (24). O decreto deve ser publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). O Rio Tarauacá ultrapassou a cota de transbordo, que é 7,5 metros, e invadiu as ruas da cidade na sexta-feira (23).
Neste domingo (25), o nível está em 9,45 metros. Conforme a prefeitura, há 1.701 moradores desabrigados e desalojados, que estão na casa de parentes ou amigos.
- 144 famílias desabrigadas, totalizando 631 pessoas em abrigos
- 214 famílias desalojadas, com 1.070 pessoas
- 107 famílias indígenas desabrigadas, com 437 indígenas nos abrigos
- 5 mil pessoas atingidas diretamente, sem energia elétrica, água potável, sem internet
- Sete abrigos montados em escolas municipais e estaduais e órgãos
- 98% da área comercial atingida
- Os quatros bairros da cidade (Centro, Bairro Novo, Alfredo Suero Sales e Bairro Kaxinawá) estão alagados.
Conforme a prefeitura, apenas uma área alta do Centro não foi atingida pelas águas. Nesse local foi montada a sala de situação.
O prefeito acrescentou que uma ambulância do estado foi danificada pela água. “Água chegou na frente da prefeitura, onde nunca tinha chegado, no posto de saúde do município. Na Comunidade Novo Porto, as pessoas foram socorrer as famílias e não deu tempo tirar os equipamentos do posto de saúde e nem da escola. As informações que temos são de que perdemos tudo.
Zona rural
Na zona rural e aldeias, a situação também está complicada. O tenente Marcelo Dias, do Corpo de Bombeiros, disse que a Comunidade Novo Porto é uma das mais afetadas. As informações repassadas aos bombeiros são de que apenas duas casas não estão embaixo d’água. Há 70 casas na comunidade.
Nessa comunidade, ainda conforme a prefeitura, as águas invadiram o posto de saúde. As informações que chegaram para as equipes de resgate são de que houve perda total de medicamento, equipamentos e outros utensílios utilizados.
“Possivelmente todas as demais [comunidades] estão [alagadas] porque ficam na beira do rio”, resumiu.
Ainda segundo o tenente, os rios Jordão, do Ouro e os igarapés São João, Arara, Pará, Santa Cruz e Montevidéu estão cheios. Dias destacou que há 81 pessoas envolvidas na assistências de famílias e moradores.
Deste total, 68 são da prefeitura, há cinco bombeiros, cinco policiais militares e três agentes de Polícia Civil.
“A única parte que não está alagada é aqui na cidade, que são dois pedaços de rua. Tudo está alagado, todas essas áreas têm comunidade às margens”, concluiu.